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segunda-feira, outubro 12, 2009

Santa Cruz de Viana

Leiro verde de Bargo

alfombra pastosa de Verao,

outoniço húmido de Primavera,

lentura a que lhe dam o peito

os miúdos regatos

que locem e assobiam

com a luz do sol.

Em ti caem belotas

em ti bágoas as nuvens

em ti a avença

em ti sempre eu.

E olho desde a porta da Purreira

as veigas de Viana que vam morrer ao Asma:

serpe minhota nascida em Matança,

devesa de oucas, souto de troitas,

onte pescadaria dos pobres,

hoje marsúpio de presas e moinhos caídos.

Presas e presos do tempo

pola era que já nom é.

O Faro enxerga-se majestoso

e no lusco-fusco fala-lhe à Lua,

quando o Sol se deita em Camba

e nom pode ouvir as cantigas,

sacras e profanas, da montanha:

berço de Joám de Requeixo,

torre de homenage de Chantada,

atalaia eterna e gastada

desde onde um dia se olhará

umha nova Galiza:

a Galiza outra volta galega,

a Galiza libertada,

a Galiza que os meus olhos

talvez nunca verám.

Eu irei-me antes ou despois,

vós Faro, Bacelo, Bargo,

Purreira, Seixo, Sol e Lua

seguiredes na vossa eternidade

como testemunhos da minha vontade,

nom a derradeira,

mas a minha única vontade:

que em vós fiquem moças

e moços e velhos e nenos

e que essas moças,

moços, velhos e crianças

construam umha Galiza soberana

sem marcos nem hierarquias,

sem preitos nem trabucos

com galegas e em galego.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mil anos máis fitaram a nossa terra e nos formaremos parte dela, nós somos o abono das sementes e pode que até as sementes. Nos observaremos os nossos filhos baijo a terra como nos observam nossos pais.
A terra é nossa!

Querido Antom é um prazer ler-te e saver que "aínda hoje queda gente, que sabe sentir a terra..."

Umha aperta forte!

A Conxurada disse...

Nada máis que engadir ao dito por Raíz Verde.