Leiro verde de Bargo
alfombra pastosa de Verao,
outoniço húmido de Primavera,
lentura a que lhe dam o peito
os miúdos regatos
que locem e assobiam
com a luz do sol.
Em ti caem belotas
em ti bágoas as nuvens
em ti a avença
em ti sempre eu.
E olho desde a porta da Purreira
as veigas de Viana que vam morrer ao Asma:
serpe minhota nascida em Matança,
devesa de oucas, souto de troitas,
onte pescadaria dos pobres,
hoje marsúpio de presas e moinhos caídos.
Presas e presos do tempo
pola era que já nom é.
O Faro enxerga-se majestoso
e no lusco-fusco fala-lhe à Lua,
quando o Sol se deita em Camba
e nom pode ouvir as cantigas,
sacras e profanas, da montanha:
berço de Joám de Requeixo,
torre de homenage de Chantada,
atalaia eterna e gastada
desde onde um dia se olhará
umha nova Galiza:
a Galiza outra volta galega,
a Galiza libertada,
a Galiza que os meus olhos
talvez nunca verám.
Eu irei-me antes ou despois,
vós Faro, Bacelo, Bargo,
Purreira, Seixo, Sol e Lua
seguiredes na vossa eternidade
como testemunhos da minha vontade,
nom a derradeira,
mas a minha única vontade:
que em vós fiquem moças
e moços e velhos e nenos
e que essas moças,
moços, velhos e crianças
construam umha Galiza soberana
sem marcos nem hierarquias,
sem preitos nem trabucos
com galegas e em galego.
2 comentários:
Mil anos máis fitaram a nossa terra e nos formaremos parte dela, nós somos o abono das sementes e pode que até as sementes. Nos observaremos os nossos filhos baijo a terra como nos observam nossos pais.
A terra é nossa!
Querido Antom é um prazer ler-te e saver que "aínda hoje queda gente, que sabe sentir a terra..."
Umha aperta forte!
Nada máis que engadir ao dito por Raíz Verde.
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