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quarta-feira, dezembro 09, 2009

As esperanças perdidas

EPÍLOGO A UMHA TRAGÉDIA DESCONHECIDA

Quando era umha criança pensava que a vida era um jogo mais dos que tinha eu na casa. Com os anos aprendim que no sistema capitalista a vida é umha competiçom em que ganham sempre os mesmos e em que os derrotados, as classes trabalhadoras, somos os seus joguetes. No socialismo o joguete vira-se mulher e vira-se home e a vida, quiçais, tam só quiçais, poda volver a ser um simples divertimento porque só umha vida saboreada em liberdade por um próprio merece ser jogada.

AS ESPERANÇAS PERDIDAS: a tragédia.

[Personages: Fingidor, Coro e ti].

[Tempo: o do pós-modernismo oco, o da ignoráncia feita ciência, o do narcisismo extremo, o do pseudo-progresso como ciência, o do fim da história, o da globalizaçom ultraliberal...].

[Espaço: umha taberna ou furancho feita numha antiga corte, onde um moço com boina vomita continuadamente umha mistura de bile e vinho. O Fengidor vestido com mono azul cheio de graxa, com um martelo e umha fouce ou com umha rosa e um fussil, sai a cena e a luz vai esmorecendo. O público escuita risos de lata in crescendo e sombras de corvo projectam-se no teito. O coro tem voz de mulher e no último verso o leitor ordenara-lhe à banda municipal de música que comece outra tocata “entre flores, fandanguillo y alegria”... ao fundo arde a universidade pública e as cisternas dos camponeses carregadas de leite nom dam feito para apagar a morte da Ilustraçom e do seu “Sapere aude”].


[FINGIDOR] – Derrota, chamam-te assi meu amor,

nom tés pais, só filhos: os raros, os tolos, os ninguéns e os miseráveis:

e o meu nome perde-se no murmurar das polas.

Fico só, na cidade, coma a folha mexida polo ar.

Só,

sem desejo nem vontade dum SOS.

Só,

com o coraçom enxuito de sangue

mas encorado de bágoas

e ancorado na infámia. Saudade.

SAUDADE. SÓ. SAUDADE. SOS. SÓ.

Canso.

Canso coma o boi que abandona à noite a nabeira.

Só,

vencido e, coma sempre, derrotado.

[CORO] – Galiza,

é difícil ser teu filho.

Derrota,

é difícil ser teu amante.

Esperança,

“nom sei quando nos veremos”.


[Fingidor] – E na flor da minha vida

ecoam já em alegre andante

os meus sonhos, a minha voz

e a minha adorada Galiza derrotada.

Eu, Galiza, cativa e desarmada

a minha eterna utopia,

proponho um brinde:

[TODOS] – polas esperanças perdidas.


Outeiro, Santa Cruz de Viana, Nadal 2009.

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI

2 comentários:

Anônimo disse...

"...El hambre viene el hombre se va, por la frontera... El viento viene el viento se va: por la carretera, cuando volverá?" Manu Chao, El Viento do CD: Baionaarena.

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI querido Antom!

AFP disse...

Por certo, os companheiros brasileiros fai tempo que nom subem nada ao blogue.