Quando era umha criança pensava que a vida era um jogo mais dos que tinha eu na casa. Com os anos aprendim que no sistema capitalista a vida é umha competiçom em que ganham sempre os mesmos e em que os derrotados, as classes trabalhadoras, somos os seus joguetes. No socialismo o joguete vira-se mulher e vira-se home e a vida, quiçais, tam só quiçais, poda volver a ser um simples divertimento porque só umha vida saboreada em liberdade por um próprio merece ser jogada.
AS ESPERANÇAS PERDIDAS: a tragédia.
[Personages: Fingidor, Coro e ti].
[Tempo: o do pós-modernismo oco, o da ignoráncia feita ciência, o do narcisismo extremo, o do pseudo-progresso como ciência, o do fim da história, o da globalizaçom ultraliberal...].
[Espaço: umha taberna ou furancho feita numha antiga corte, onde um moço com boina vomita continuadamente umha mistura de bile e vinho. O Fengidor vestido com mono azul cheio de graxa, com um martelo e umha fouce ou com umha rosa e um fussil, sai a cena e a luz vai esmorecendo. O público escuita risos de lata in crescendo e sombras de corvo projectam-se no teito. O coro tem voz de mulher e no último verso o leitor ordenara-lhe à banda municipal de música que comece outra tocata “entre flores, fandanguillo y alegria”... ao fundo arde a universidade pública e as cisternas dos camponeses carregadas de leite nom dam feito para apagar a morte da Ilustraçom e do seu “Sapere aude”].
[FINGIDOR] – Derrota, chamam-te assi meu amor,
nom tés pais, só filhos: os raros, os tolos, os ninguéns e os miseráveis:
e o meu nome perde-se no murmurar das polas.
Fico só, na cidade, coma a folha mexida polo ar.
Só,
sem desejo nem vontade dum SOS.
Só,
com o coraçom enxuito de sangue
mas encorado de bágoas
e ancorado na infámia. Saudade.
SAUDADE. SÓ. SAUDADE. SOS. SÓ.
Canso.
Canso coma o boi que abandona à noite a nabeira.
Só,
vencido e, coma sempre, derrotado.
[CORO] – Galiza,
é difícil ser teu filho.
Derrota,
é difícil ser teu amante.
Esperança,
“nom sei quando nos veremos”.
[Fingidor] – E na flor da minha vida
ecoam já em alegre andante
os meus sonhos, a minha voz
e a minha adorada Galiza derrotada.
Eu, Galiza, cativa e desarmada
a minha eterna utopia,
proponho um brinde:
[TODOS] – polas esperanças perdidas.
Outeiro, Santa Cruz de Viana, Nadal 2009.
SIC TRANSIT GLORIA MUNDI
2 comentários:
"...El hambre viene el hombre se va, por la frontera... El viento viene el viento se va: por la carretera, cuando volverá?" Manu Chao, El Viento do CD: Baionaarena.
SIC TRANSIT GLORIA MUNDI querido Antom!
Por certo, os companheiros brasileiros fai tempo que nom subem nada ao blogue.
Postar um comentário