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terça-feira, fevereiro 23, 2010

Cidadaos do mundo e piratas do humano

A Jorge, Paula e Rafa, románticos dum mundo perdido
entre ananos, mesquinhos e ruído.

A cidade é umha congostra
que com cantos de sereia
condena aos Odieseus,
convertendo-os sempre,
sempre, em simples ilotas.

A cidade é um um nostoi impossível;
e a antiga comunhom fica apagada
numha fatigada natureza,
esperando contra toda esperança
esse um outro mundo (im)posível.

A cidade é um moínho,
um hórreo escangalhado
em que se moem as liberdades
e os sonhos som vaguidades
mercadas num hipermercado
a preço de saldo.

A cidade é o reino dos parasitas
no universo do salário estipulado
por meio dumha fé cega no contrato
e o livre comércio dos súbditos.

O Ser Humano cuinca na cidade
e os cidadaos refugiam-se no Medúlio,
esse monte imaginário
desmontado pedra a pedra
polos canteiros da barbárie e da miseria.

A cidade é templo.
A cidade é dogma.
A cidade é doença eterna.
A cidade é província
e cosmopaifoquismo
esquizofrénico.

A cidade cheira.
A cidade é esterqueira.
A cidade sem cidadaos, meus,
é-vos simplesmente umha MERDA.

4 comentários:

Paula Verao disse...

:)
Moi bo.
Xa somos, oficialmente, "románticos do rural"?
Apertas irmandinhas.

Antón Mixiriqueiro disse...

" cosmopaifoquismo esquizofrénico"...
gostei moito, voullo aplicar a máis dun... saúdos dende a diáspora

Bolboreteira disse...

Fermoso como sempre, gústame recalar por aquí e deleitarme coas túas verbas.
Beijinhos.

Anônimo disse...

A cidade é o cemitério onde vam morrer toda-las dignidades do ser humano, é o lugar onde perdemos a nossa condiçom de seres livres; onde como bem dis nos convertemos em ilotas. Com a cidade perdemos a nossa soberania, por que a soberania e independencia só podem existir num contexto de autogestiom, e esso nom o da a cidade porque a cidade hoje em día converte as persoas simplesmente em propietarias da súa força de trabalho, a cidade é Taylorista e como dizia Taylor "O obreiro é um mono amaestrado". Eu reclamo para nós o aldeanismo, eu nom quero ser cidadao nem súbdito.