Os sonhos ficam entre os coios das paredes,
também arrombados no faiado velho
nas cepas da ribeira e entre a herba outrora verde.
Ficam ali agardando a ser de novo posuídos,
agardam que o seu dono os saque do silêncio.
O vento peitea o val coma sempre acesso
pola lúa secular e nova que fai medra-la vida
e onde há terra pode que haxa cedo muitas silvas
que conduzam com seus picos aquel infame día,
em que os sonhos ficarom deitados nas lameiros,
entre os coios dos caminhos, nas uvas verdes, nas paredes.
Os sonhos ficarom sós e solitários, desherdados.
ficarom para sempre petrificados em desejo...
Em facho preso que nom alumea rem,
em caminhos da noite que nom falam
nem som feitos tampouco por ninguém.
Os sonhos vezam que som sonhos
como veza a vida qué etérea, baldía.
As vezes o simple é o perfecto.
As vezes os sonhos som da noite.
2 comentários:
Fantástico, Jorge.
Moita intensidade lírica, e moita claridade na mensaxe.
Ou sexa, perfecto -para min-
Incrivelmente triste e com umha grandíssima sensibilidade. É a crónica pessoal aplicável a todo um rural em ruínas.
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