Gostaria dos nom-serem
Qu’ainda’a miúdo’estranho tanto
Cousas miúdas e singelas
Qu’escurecem numha’ausência
O viver do ser humano:
Um dormir coas costas quentes,
Nom sentir ess’ódio’ao próprio,
Partilhar algum segredo
Dos que moram na cabeça
De quem sonham entr’insónias,
Viajar a’algum momento
Em que ria como’um neno
Nem importam os motivos
(Pois agora nem consigo),
Nom sentir-se miserável
Mesmo por qualquer palavra,
Por qualquer absurdo feito.
Gostaria de viver
Dias novos e nom velhos,
Nom sentir apenas tédio
Quando nasça’o sol de volta
D’afastados hemisférios
Onde morem outras gentes
Que consigam, como’os nenos,
Rir por causa dum mistério...
E’esquecim há tanto tempo
O porquê do rir sem causa
Que nom sei nem como aja
Pra perder o medo néscio
A’essas línguas miseráveis
Que nom sabem brincadeiras
Que nom sejam dos segredos
(fantasias, muitas vezes)
Dos que querem ser ingénuos.
3 comentários:
lindo, Heutor.
Obrigado, Raquel. :)
Grande composicion! Ten unha enorme profundidade, moitisima mais do que outras. Notase que saiu do fondo da alma.
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