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sexta-feira, agosto 12, 2011

Umha janela para entrarem ares novos

Ao jeito d’aranhas os bechos humanos,
Moramos na nossa’aranheira d’ideias,
Conceitos e sonhos comuns amais próprios.
Ao jeito d’aranhas tecemos por dias
Morada pra todos poder acolher-se
Do tempo’inclemente que ronda lá fora.
Alguns ainda fazem a teia dif’rente,
Nom tentam cuidar o qu’é seu simplesmente
Senom que s’importam da casa de todos.
As outras aranhas, desabituadas
Dos modos bizarros das mais disidentes
Retiram-lh’o trato e’as olham de lado
Deixando-as sozinhas nos tempos difíceis,
Até qu’afinal as rebeldes admitem
A sua loucura e’ausência de tino.
A norma daquelas que som mais sensatas
Resulta (contodo) por fim ser escrava
Da moda moderna (de certo’insensata)
De dar às moradas aspecto barroco:
“Mais fio, mais fio!” Incita’esta moda
(Consumo, lhe chamam os tolos da’Estória).
Entom a’aranheira se vê transformada
Em muro de fio, d’ideias espessas,
Que fijo virar em tam pouco’intervalo
A casa comum em prisom para todas.
“O mundo’anda tolo” protestam seguido
Mas lá nom entendem, nem querem tal crer,
Que som responsáveis do triste presídio,
No qual, inconscientes, proseguem imersas.
Agora só falta qu’aquelas percebam
Qu’aquele que fia desfia’igualmente.
SE DANTES PUIDEMOS ERGUER ESSES MUROS
AGORA PODEMOS FAZER-LHES JANELAS.

6 comentários:

Paula Verao disse...

Grande!!!, e moi musical, coma todos os teus. Lémbrame a Curros, Mirando ó chau, e supoño que será polo ritmo, xuntos dous versos deste son dous do teu.

Heutor disse...

Obrigado polas tuas mais que amáveis palavras :) Vou ter de ler ago mais de Curros, que agora fiquei com grande intriga, pois desconheço em boa medida a obra e estilo deste autor. Abraços, "poetisa da prosa"

Paula Verao disse...

Obrigada eu. A ver se, seguindo co tema das arañas, colgo algo que teño feito no blog outro das "hestorias" ...

J Cima D Vila disse...

Si, moi ao xeito de Curros, o poeta civico galego do rexurdimento e o verdadeiro bardo q sementa xunto con Rosalia a conciencia na clase traballadora galega.

Heutor disse...

Quando poida pegarei nalgum livro dele, que estou um tanto surpreso. Bom, ainda que nom tinha pensado dizê-lo, George, tentava estabelecer diálogo poético co teu "We know you can be anything"para provar um pouco essa via criativa. Se te animas podemos seguir assim, mudando o tema pouco a pouco, a ver que sai.

J Cima D Vila disse...

Parece-me umha boa ideia. Quando tenha tempo a ver se nas escapadas que me deixe o hospital no que ando metido estes días hei tentar continuar entom, e dar-lhe xeito!