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quinta-feira, maio 16, 2013

Atisbos de realidade


Poesia.
Teus olhos são.
Detrás de um silêncio proibido.
Detrás de um mármol gris
com motas negras de tuas pupilas.

Deverias estar proibida.
Com essa cintura em camisa branca.
Com essa pernas fechadas em saia negra.
Com esse olhos fixados em máquina de café.
E teu pelo presso em miradas cheias de ausência.

Não deveria deixar-se:

que estejas aí sereia errante,
que extravies marinheiros em vasos de cubata,
que re-negues dos sonhos de homens
que um minuto quiçais dous, te amem.

Acho que não deveriam pór-te
a essas camareiras tão bonitas
nas cafeterias, nos super-mercados.
Tampouco nessas peagens tão caras.
Qualquer sabe que são sereias de Ulisses
deste nosso tempo re-constituido.

Elas não se namoram, nunca,
de homens como eu, coma tu, nós.
Tampouco devolvem miradas luxuriosas
com algum atisbo de realidade, de identidade.
Elas simplesmente querem
que ti naufragues na sua mirada,
que creias em promessas de volver.



Ourense, 12/09/2012



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