Mestre, precursor, ouvido do povo,
homossexual, dramaturgo, republicano,
poeta entre os poetas, sorpreendeu-te
a morte
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.
Sob a negra sombra dumha oliveira,
sob o negro ruído do transporte da morte
sob cavalos pretos e o “¡Arriba España!” da barbárie;
choram os gitanos
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.
Um fogonaço ilumina o céu granadino
e a lua agocha-se na zafra do Cambório
por nom ver o vento sátiro e fascista,
o cavalo desalmado do Guernika
que com as suas fouzes che tira a vida,
nom a memória, nom a obra, nom a palavra;
a Dignidade
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.
A Guarda Civil cúmplice das pistolas
com as capas pretas do ódio e do terror.
Mais umha vez novos e moles peitos
descansam sobre umha bandeja de prata
cabo da cabeça do lanudo Baptista.
Tu, verde e vermelho poeta em Nova Iorque
ficas vivo e a tua luz acompassa cada leitura
anovada do Madrigal de Santiago;
a Memória e a Pena andaluza
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.
Que grande poeta ao morrer!
E na casa de Bernarda Alba volve o loito,
a dor e a carrage perante a impunidade
dos lobos que baixam ao lugar para segar vidas.
Vil assassino, Ruiz, lixa a sua alma
enquanto Soledad Montoya ceiva
no centro dum coro trágico ibérico
o derradeiro laio virge:
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá
2 comentários:
"...sob cavalos pretos e o “¡Arriba España!” da barbárie..."
É o que a tirou que a levante!
As cinco da manhá, companheiro!
gostei muitisimo deste poema, vemo-nos manhá as 20 na aula 8.
A ver que se saca em limpo...
Postar um comentário