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segunda-feira, janeiro 17, 2011

QUODSCRIPSISCRIPSI

"Alegres animales,
la cabra, el gamo, el potro, las yeguadas,
se desposan delante de los hombres contentos.
Y paren las mujeres carcajadas,
desplegando en su carne firmamentos", 
Miguel Hernández: "Juramento de la alegría".
"Aparece la hoz igual un rayo
inacabable en una mano oscura", 
Miguel Hernández: "1º de Mayo de 1937".

Com dor ontogénica alimanhas
transitam polo quarto esquecido
a mala, o barco, o caminho-de-ferro
Francoforte, Bos Aires, Barcelona
a roupa negra torna camisa floreada
se o nostoi nom tem cantos de sereia
velho, canso, mas na casa
apalpa as contas do rosário da morte
neto, filho e pai de perdedores
essa herança no sangue levo
essa inacabável mao obscura
dos que sempre perdemos
dos que sempre (porém jamais) emigramos
quem seiturará agora se nos imos?
quem libertará as aldeias pantasmais?
quem deitará com raça
a suor nos bacelos da vinha?
Perdidos na dor da derrota
exilados da vitória e do manhá
a perda dos perdores é a nossa Ítica
só quem nada tem, nada perderá
E ao que tem dara-se-lhe ainda mais
enquanto ao que nom tem tirará-se-lhe
até o pouco que ainda tem
Parem os braços fouces e martelos:
cesse tudo o que a antiga mussa canta
que outro poder mais grande se alevanta...
 -. QUOD SCRIPSI SCRIPSI...



4 comentários:

Anônimo disse...

enorme poema!
É para min um TOTAL. estas inspirado ultimamente querido Garcia!

Lembras que falamos nom há muito sobre a paradoja de perder e do que já nada tem no tocante a anceios e ilusons? como perde-lo todo implica também ganha-lo todo?
Creo que becquer o expresou melhor com este poema de rimas:

LXV
47



Llegó la noche y no encontré un asilo;

y tuve sed... mis lágrimas bebí,

¡ Y tuve hambre! ¡ Los hinchados ojos

cerré para morir!



¿ Estaba en un desierto? Aunque a mi oído

de la turba, llegaba el ronco hervir,

yo era huérfano y pobre... El mundo estaba

desierto... ¡para mí!

AFP disse...

Concordo, embora Bécquer falar do amor para umha mulher, afinal de contas todo se resume num mesmo sentimento que continuamente se desdobra: o amor e o medo a perdermos o que temos (cuja máxima expresom é a morte). Umha aperta irmandinha

Anônimo disse...

Nom tal, o becquer das ultimas rimas muda para o existencial... poñamos como exemplo aquel "que sólos se quedan los muertos"

AFP disse...

Pois teria que voltar consultar as "Rimas", mas eu o que tenho agora na cabeça e que para além dos poemas metapoéticos do começo havia três blocos na obra: o apaixonamento, a plenitude desse amor e finalmente a ruptura ("Volverán la oscuras golondrinas") e até o desejo da morte. Ainda que ao cabo, o existencial nom é por acaso também o amor, o desengano e a morte? Eu acho que sim. Em todo caso é o bom da poesia que admite amplas e diferentes leituras.

Umha aperta irmandinha