Subiu Moisés ao Monte Santo
Pra ter co seu Senhor e deus,
O qual causou um grand’espanto
Ao’antigo povo dos judeus.
Profeta velho nunca morre,
Pois deu chegado’em corpo e’alma
Aos céus da cima da montanha
Cansado mas guardando’a pose.
“Eu som quem som” lhe dixo’o Alto
“Ninguém duvida” diz Moisés,
Seguiu “Aprovaremos hoje
A Nova Lei dos homes livres”
“Qual é’essa Lei que nos prometes?”
“Aquela que liberta’escravos;
Nom vades ter de ser submissos
A rei nengum que vos dirija,
Pois tendes plena Liberdade”
As lágrimas brotárom logo
Dos olhos secos deste home,
Enxuto polos paus levados
Da mam d’antigos opressores:
“Que boa nova nos anúncias,
Senhor do céu, do mar, da terra,
Ao povo’errante do deserto!”
Javé deu passo’a cousas miúdas
Fazendo caso’omisso’ao público:
“Sabei que tendes já direito
A ser judeus, pagans, ateus...
Sem dar origem a castigos,
Podeis comer serpent’ou porco
E nom iredes contra’a Lei.
Permisso tendes pra comprar
Qualquer produto que queirades:
Nom é vetada desd’agora
A liberdade de consumo.
Podeis até’opinar de todo:
Fazede sempre compra crítica”
Rompeu Moisés o seu silêncio
Julgando ser seu deus amigo
-Pensou que fora conquerida
A liberdade da’opressom
Por graça e’obra de Javé-:
“Que grande és, senhor de todo,
Agora já será possível
Falar sem medo’a represálias,
Seremos soberanos todos
Do mando sobr’a cousa pública,
Teremos direcçom daquela
Na nossa própria’Economia,
É pronta já irmans e’irmás
A castra’e doma do Mercado!”
Turbou-s’o rosto do Senhor
E foi pra fora do cenário
Pra dar-lhes parte d’inmediato
Às forças de seguridade
Dos actos radicais dum velho
Qu’atenta contra’a propriedade.
Chegou a bófia logo’ao sítio
E fijo roda’en volta dele
Entom apontam para’o pobre
Abrindo fogo sobr’o alvo...
Ficárom-lh’as ideias claras!
2 comentários:
Sensacional, nom pudem evitar botar umha boa risada afinal, embora o conto (nosso) seja bem triste...
É certo irmão bimbaino, a liberação é muito mais do que a mera liberdade para comer, beber e limpar-se com a mão. É um exercizo rutilante para pensarmos umha e outr vez na utopia de galeano de conquerir um mundo de seres iguais na liberdade, na oportunidade de exercela soberanamente ou coartala para segar na dos outros, os ninguem de galeano.
Gram poesía e melhor parábola aínda do gram bimbaino das terras de Vigo que achamos sejam máis frequentes.
Umha aperta!
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