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quinta-feira, dezembro 11, 2008

Cárcere sem cadeias



EU,

estou numha cárcere sem cadeias,

sem barrotes, nem carcereiro.

Só,

co meu coraçom embebedado

no promíscuo sono da razom.

Aparentemente livre,

livre de opressom;

da opressom que dinamita

o paxarinho doce e tristeiro

que quer voar na cárcere das relhas ressentidas.

EU,

quero voar, mas nom podo.

Nom alcanço a ver por onde o sentimento

se transforma em ar putrefacto e social.

Sociedade de sedantes pròs EUS aterecidos,

babexantes nas noites de incultura e tele-lixo.

Só,

enxergando lanhos que ditem o senso

da angúria existencial de espelhos e coitelos;

narcisistas às carranchas das velhas costumes

com mal dissimulados e descarnados ciúmes

de costra, bosta, lama e bulheiro.

EU,

fago-me ouriço e amputo-me as asas

por ver se chego denantes a nengures

e rodo, giro, berro o canto surdo

dos que nom tenhem voz pra além de si.

Só,

cada sol-pôr abre-se na minha alma umha ferida

e cicatriza cada mencer quando, acochada,

unha bágoa de sangue tinge o rosto, a carauta

social coa que me apresento perante os demais.

EU,

estou numha cárcere sem cadeias,

sem barrotes, nem carcereiro.

Só,

co meu coraçom envenenado

no ferido e mal-pecado sono da razom.

2 comentários:

Anônimo disse...

bom, a questom é ir atopando o caminho que leva a saida da caverna e chegar ao mundo dos nós, vencer o circulo vicioso do consumismo que o invade tudo dende a superficie ata a consciencia.

albagal disse...

Que pasada de texto, a sensibilidade é imprescindíbel!

Un beixinho.