EU,
estou numha cárcere sem cadeias,
sem barrotes, nem carcereiro.
Só,
co meu coraçom embebedado
no promíscuo sono da razom.
Aparentemente livre,
livre de opressom;
da opressom que dinamita
o paxarinho doce e tristeiro
que quer voar na cárcere das relhas ressentidas.
EU,
quero voar, mas nom podo.
Nom alcanço a ver por onde o sentimento
se transforma em ar putrefacto e social.
Sociedade de sedantes pròs EUS aterecidos,
babexantes nas noites de incultura e tele-lixo.
Só,
enxergando lanhos que ditem o senso
da angúria existencial de espelhos e coitelos;
narcisistas às carranchas das velhas costumes
com mal dissimulados e descarnados ciúmes
de costra, bosta, lama e bulheiro.
EU,
fago-me ouriço e amputo-me as asas
por ver se chego denantes a nengures
e rodo, giro, berro o canto surdo
dos que nom tenhem voz pra além de si.
Só,
cada sol-pôr abre-se na minha alma umha ferida
e cicatriza cada mencer quando, acochada,
unha bágoa de sangue tinge o rosto, a carauta
social coa que me apresento perante os demais.
EU,
estou numha cárcere sem cadeias,
sem barrotes, nem carcereiro.
Só,
co meu coraçom envenenado
no ferido e mal-pecado sono da razom.
2 comentários:
bom, a questom é ir atopando o caminho que leva a saida da caverna e chegar ao mundo dos nós, vencer o circulo vicioso do consumismo que o invade tudo dende a superficie ata a consciencia.
Que pasada de texto, a sensibilidade é imprescindíbel!
Un beixinho.
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