A cadeira do tempo
derrota a inmensidade oceánica
dun pobo asoballado
pola dor de perder a quen se ten. Soraya Cortiñas Ansoar, poeta chantadina, no seu poemário a-Mare ai-Alma.
Os bois bons e generosos
aram no caudal salgado
dum mar gelado
onde nascem repolos,
remolachas e chiroubeas.
Em mar aberto pescaremos
a anciá desconhecida LIBERDADE
deusa onipresente na boca-podre
dos opresores da boca-pobre.
Há um pesebre com erva na corte,
umha masseira em que sempre se deita farinha
de milho e bica de Trives nevada
de açúcar e bola de centeu da Ulha.
Os mesmos marraos sem vinco
foçam reforçando-se a força de folgar.
Bufa o vento na burata da nossa casa caída
e mianha no palhar a fruge da cadela pairida.
Som ruralista. Som seica de la aldea.
Som pequeno-burguês. Som seica senhorito.
Som simbiótico, antibiótico e galo de peleja.
E a minha caralha nom cicha, mija missando
este requiem dum povo assobalhado
que na eira e no adro
com retranca se ri ainda -moribundo
e com boina- do seu amo.
Rego a rego, labrego;
palada a palada, albanel;
cerveja na tasca
e leite com mel.
E é que este ano tampouco
[a "vanguarda" e os "proletários"
(formosa abstracçom M-L)]
nos figérom a revoluçom...
nem o amor.
Rego a rego, galego.
Verso a verso, labrego.
E
o
tempo
escorre-se
deste
relógio-de-areia
5 comentários:
Grandíssimo poema sobre o que cumpre reflexionar muito e que chega a alma e a raçom.
Este ano seica, tampouco nos faram a revoluçom...
Umha aperta fonda desde Pantom a Compostela!
Grande si...
Obrigado aos dous polas vossas sempre agarimosas (e imerecidas) palavras. Se nom for antes, vemo-nos o quinze. Umha aperta irmandinha
Ó Garcia, nas tuas últimas composiçons cá publicadas parece que mesmo antes de compreender-se o que dizes já se crava o sentimento cantado em quem lê ou escuita, ultraísmo social. Para além de louvanças (acho eu que merecidas), isto tínhamos de tentar publicá-lo também co tempo, mas antes a ver que tal sai esta primeira entrega...
Sim temos a publicaçom atrasada porque eu nom dou feito ultimamente. Se alguém tiver mais tempo eu passo-lhe os materiais que já temos (praticamente todo) e as indicaçons do que faltam. Procuramos algum contacto e tentamos sacar avante umha primeira edicionzinha deste cancioneiro, colectivo coma todos os cancioneiros, e de combate e maldizer como a situaçom require "ao renxer gorentoso das sombras".
Postar um comentário