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segunda-feira, janeiro 10, 2011

500 anos nom som nada. Ladaínha de aninovo

A cadeira do tempo
derrota a inmensidade oceánica
dun pobo asoballado 
pola dor de perder a quen se ten. Soraya Cortiñas Ansoar, poeta chantadina, no seu poemário a-Mare ai-Alma.

Os bois bons e generosos
aram no caudal salgado
dum mar gelado
onde nascem repolos,
remolachas e chiroubeas.

Em mar aberto pescaremos
a anciá desconhecida LIBERDADE
deusa onipresente na boca-podre
dos opresores da boca-pobre.

Há um pesebre com erva na corte,
umha masseira em que sempre se deita farinha
de milho e bica de Trives nevada
de açúcar e bola de centeu da Ulha.

Os mesmos marraos sem vinco
foçam reforçando-se a força de folgar.
Bufa o vento na burata da nossa casa caída
e mianha no palhar a fruge da cadela pairida.

Som ruralista. Som seica de la aldea.
Som pequeno-burguês. Som seica senhorito.
Som simbiótico, antibiótico e galo de peleja.
E a minha caralha nom cicha, mija missando

este requiem dum povo assobalhado
que na eira e no adro
com retranca se ri ainda -moribundo
e com boina- do seu amo.

Rego a rego, labrego;
palada a palada, albanel;
cerveja na tasca
e leite com mel.

E é que este ano tampouco
[a "vanguarda" e os "proletários"
(formosa abstracçom M-L)]
nos figérom a revoluçom...

nem o amor.
Rego a rego, galego.
Verso a verso, labrego.

                                                             E 
                                                            o
                                                                   tempo 
                                                                       escorre-se
                                                               deste 
                                                                               relógio-de-areia










5 comentários:

Anônimo disse...

Grandíssimo poema sobre o que cumpre reflexionar muito e que chega a alma e a raçom.

Este ano seica, tampouco nos faram a revoluçom...

Umha aperta fonda desde Pantom a Compostela!

Paula Verao disse...

Grande si...

AFP disse...

Obrigado aos dous polas vossas sempre agarimosas (e imerecidas) palavras. Se nom for antes, vemo-nos o quinze. Umha aperta irmandinha

Heutor disse...

Ó Garcia, nas tuas últimas composiçons cá publicadas parece que mesmo antes de compreender-se o que dizes já se crava o sentimento cantado em quem lê ou escuita, ultraísmo social. Para além de louvanças (acho eu que merecidas), isto tínhamos de tentar publicá-lo também co tempo, mas antes a ver que tal sai esta primeira entrega...

AFP disse...

Sim temos a publicaçom atrasada porque eu nom dou feito ultimamente. Se alguém tiver mais tempo eu passo-lhe os materiais que já temos (praticamente todo) e as indicaçons do que faltam. Procuramos algum contacto e tentamos sacar avante umha primeira edicionzinha deste cancioneiro, colectivo coma todos os cancioneiros, e de combate e maldizer como a situaçom require "ao renxer gorentoso das sombras".