INTRO
Deixemos de ser viúvas
da nossa própia carne
e comecemos de novo.
Nunca é tarde pra
continuar
o que outros esboçaron
bem
e cambiar o que outros
esnaquiçarom.
Também bem, pra que
negalo.
Chegou a hora de mudar
á Rosalía que levamos
dentro
por María a Balteira,
e renacer assim numha
rebuldeira.
ADAGIO VELLO
O sentir dum país
faise evidente na súa construçom.
E o cenário está assim
pintado:
uralita que nom falte,
táboas caídas,
remendos a doquier,
ladrilhos e máis tijolos
sem recobrir a esgalha,
enredadeiras de humidade
nas paredes,
cabres entrelaçados a
mantenta,
encarnadas telhas
enverdecidas,
silvas por decoración
anexa,
manta ilhante á
intemperie por descontado,
papeis de jornal com celo
por cortinas,
janelas senhoriais de
bloco tapiadas,
frouma humedecente por
zócalo,
plásticos multicores por
improvisados toldos,
grandes portas de postigo
descoloridas,
cimento recobrindo pétreas
fachadas,
árbores que nacen na
lousa dum telhado.
E já no lateral da casa,
e pra rematar,
cartaces –en castelán-
anunciando
negocios que há já anos botaron
o peche.
Tudo um esperpento
racionalmente,
um “horror vacui” da natureza
que depreda.
VIVACE NOVO
(Nom é belido ou nom
o poema,
é o país, este, o nosso)
Eu nom quero um cadro assim
por matria.
Copiemos o verde
harmónico das leiras
e das árbores polo vento
bem prantadas
–obviando agora os
eucaliptos-.
Mudaremos assim o sentir
dum país...
...da nossa paisagem encarnada
de abandono.
Transmitamos renovaçom,
movemento, aerodinámica...
...vida em definitiva: Re-matria.
Porque o país segue inda existindo,
-até quando?-
ponhamo-lo pois en alça,
reluzamo-lo!
-Quem pois?-
Tudos os ti e tudos os eu
juntos.
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