Pesquisar este blog
terça-feira, dezembro 28, 2010
OLHAR DO MEU BAIRRO.
Os ténis comestos do tempo,
Da terra, do’asfalto, da chúvia’e dos ares?
Penduram por cima do cham areento
Os figos naquela figueira
(Arrecendem tam perto da noite vindoura).
Os olhos perseguem as ramas dos pinhos,
Perseguem os ventos inquietos
Daquela’inquietude do vivo que morre.
Aqui, nom hai muito, moravam pessoas
Casadas coa terra’e co mar
Que davam as cousas que mais precisavam.
Casados coa vida’e coa morte falavam
Dum mundo pintado por eles
No qual agomarom as súas raízes
Chegavam a ter alimento pra si
Buscando sustento na Nai,
Agora que pouco nos fica daquilo!
Já vedes em todo’o lugar no meu bairro
Uns velhos que morren, e nascen
Uns novos que chegam a’um mundo distinto.
Nom vedes ali canavais e silveiras?
Verdescem por cima de campos
Que negam uns frutos mui caros prá venda.
Nom vedes reflexos nas águas salgadas?
A pesca’industrial leva todo
E pouco nos deixam a rente do mar.
Nom vedes ali rapazada mais nova?
Já sonham cum mundo distinto,
Já sonham com urbes enormes e grises.
Nom sei se já vedes o tempo que fica
Enquanto nom morre’o que resta,
Deixando comesto’este mundo dos velhos,
Comendo’as figueiras e’os figos com elas,
Os pinhos e’os ventos inquietos,
O’asfalto e’a chúvia e’o tempo que come
Os ténis que já nom terei pra daquela
Assi tocarei esta terra
Guardando memória dum bairro’esquecido,
Assi tocarei esta terra
Por última vez a’aguardar pola morte,
Assi chegarei a ter Paz.
segunda-feira, dezembro 06, 2010
segunda-feira, novembro 29, 2010
quinta-feira, novembro 25, 2010
Miramos ao céu
também caminhava com os pés nus.
Levava chaleco e guarda-costas,
era a vista de todos um homem bravo
ninguém ousava mirar-me.
Eu tinha o mundo nas minhas mãos
ninguém me tossia.
Houvo um tempo no que não era
um escravo.
Esse tempo marchou
foi-se o verão
veu o outono...
Caendo forom
meus sonhos
como vai cabalgando a alopécia
e já não cada vez
que sonhava durmía.
Agora miro, coma todos, ao céu.
segunda-feira, novembro 22, 2010
sábado, novembro 20, 2010
Ti
Pénsote
Imaxínote
Recórdote
Algo na túa presencia
é coma droga benigna
Algo no teu silencio
acompáñame
quarta-feira, novembro 17, 2010
Verba volant
domingo, novembro 07, 2010
Mini-saia pastoral

Deixade que os meninhos se acheguem a mim
para verem o lagarto pintado
que move o báculo
na saia de Carolina.
Ao passo de Atila esvaziam-se as ruas,
ensurdece-se sob a tiara a liberdade
que se domestica com porras
até que as conciências ficam nuas.
4 milhons voárom até a Berenguela
e do Botafumeiro sai um insuportável fedor
a medo, a grulheira, a mini-saia pastoral.
Todos os objectivos cumprírom-se.
Eu nom te esperei.
Nós nom te esperamos.
Autonomismo extrovertido e laicismo agresivo.
E o caralho, perdom báculo, é um pau.
Carolina se o pintou, fixo bem.
Na cona da velha nom manda ninguém.
Porque umha cousa é a liberade
e outra a libertinagem,
e este nosso Reino deles
é lugar em que os cegos
fam de Lazarilhos dos eivados.
Eu nom te espero.
Nós nom te esperamos.
Sabes bem, santo dos croques,
que o nosso reino nom é deste mundo
porque para nós o século XIX ainda nom rematou.
Nós esperamos contra toda esperança,
sem Quixote nem Sancho Panza,
república e socialismo para o século XXI.
Porque deus também é ateu.
Consumatum est.
Ergue o teu rodo,
porque rapazes
nen sequer o vento é noso.
sexta-feira, novembro 05, 2010
quinta-feira, outubro 28, 2010
Pesquissa no diccionário
Estas a tempo de preparar-te
vai fazendo-o que já vem a noite.
Estas a tempo de colher as mantas
e apreender com tino a arar com ferro.
Vai preparando para teus pés
ferraduras de caucho,
que já vem, que já está aqui
ti nom o ves mas eu... eu já o ouvim.
Aquí está o que nom se vé.
Aquí chega o que nom queredes ver
Fazei-me caso: o céu vai caer.
terça-feira, outubro 26, 2010
sábado, outubro 23, 2010
Volver
volverá o home á terra
como volven atrás a mirada
os suspiros
A terra que ule
a terra sementada
a terra mollada
con eterno capricho
de humana esperanza
Volver, como volve o infinito
a volver amar de novo
Volver, como volve o desexo
a desexar de novo
Volver, fuxir da nada
deixar atrás o eterno presente
coa humana angustia
dunha viaxe ao descoñecido
quinta-feira, outubro 14, 2010
Macramés, Parcas, Musas e orgasmos.
Parches de nicotina con sabor a orgasmo, ese orgasmo que tanto tentas procurar en min (iluso) e que só de min depende.
Preciso unha muller que osixene o sexo. Demasiado tempo impregnada de olor a home. Quero a Safo outra vez do meu lado.
Preciso uns labios femininos pousados nos meus.
Preciso unha lingua feminina pousada no meu clítoris.
As Parcas nos meus soños.
Musas de Dioniso no meu ventre.
Fuxe de min antes de que coa miña franqueza desfaga o teu ego masculino.
quarta-feira, outubro 06, 2010
Self-esteem
educáronme no medo
O meu corpo treme
cando pide autoestima
Si, ti xa sabes
son fillo de emigrantes
ir e vir, ir e vir
Sentirse un ningures
en cada curruncho do mundo
é sentirse alguén no universo
Ti xa sabes
o que iso significa
Non ter últimas verdades
non ter certezas
non ter máis que a incertidume
do camiño
Non me pidas, entón
que fale a linguaxe dos anxos
todavía sinto a digna rabia
dun adolescente confundido
Ti xa sabes, si
o que esto significa
quinta-feira, setembro 09, 2010
DESODORANTE
Para os Argos deste meu tempo, fiéis cans cegos que ainda aguardam o nostoi do seu dono e para Penélope, este cobertor de palavras, para que a agarime, enquanto nom volta para o seu lar o seu amado Breogám.
«Abaixo a guerra colonial! Abaixo a guerra colonial! Este grito é a primeira e grande preocupação do povo português».
A moa de ferro gira parasitando o ar.
O ínclito trem de altas velocidades espanholas,
AVE Espanha!
As barragens.
Os fios de alta tensom.
A auga cocacolonizada.
As boinas deitam leite regalado
que nace en pronvincias honrado
e logo vam-no drena, drena, drenando.
Os alcolitos e os barblás do nosso seu país.
O vinho de Chantada – Lugo – España.
As palavras mortas e enterradas
nos cemitérios das paróquias.
As suas nossas gestas desportivas
com as cores que no 36 nos esganárom.
As nossas cidades monárquicas
vam-se drena, drena, drenando.
El pulpo à feira sabe mejor
con libertaZ y austeridaZ,
sin la singular imposición
que produce descomposición.
Deixade fazer,
deixade passar,
a brigada de demoliçom e limpeza étnica.
Glotofaxia e etnocídio.
O Sil é o seu carreiro.
O monte carvom e indústria.
Troquemos labregos por javalis.
Os acidentes laborais som míngua de recursos humanos,
os atentados patronais som disciplina para a força de trabalho.
Os moços.
A tua melhor geraçom mai nasceu eivada e velha.
Este vai-se e aquel vai-se.
Galiza todos se vam,
mas chega a bula papal para as gaivotas,
um passo adiante e outro atrás Galiza!
Moçambique, Guiné, Angola,
Macau, Casamança, Timor,
Brasil, São Tomé, Goa...
e a teia dos teus sonhos nom se move!
Saudade. Arredores sem roçar
e as lapas ardem os antigos eidos
preenchendo do eterno carbono o céu;
ou Galiza boi de palha!
Jaz aqui (privatizada, cativa e alienada,
domada e castrada)
a derradeira colónia de língua portuguesa...
Já nom aram os bois,
mas seguem-nos dizendo que chove.
domingo, agosto 29, 2010
Todo-nada
Re-pensar
Compartir
Amar sen cadeas, sen límite
Cambiar a vida
Iso era todo
Queríamos fuxir da nada
segunda-feira, agosto 23, 2010
Da noite os sonhos
sexta-feira, agosto 20, 2010
O baleiro mundi em pecatta.
quinta-feira, agosto 19, 2010
Teima vida teima
para deixar os teus sonhos entre as pedras
que levantam as paredes da tua temporal morada.
Teima em seguir com castelos de fume babelianos
para perder a voz no eco da ribeira rega de suor.
Eleva cada noite os teus sonhos ao cenit
ora et labora para divinidades justas e piadosas
e ve como o teu coraçom se consome ao ritmo
dos pasos dos bailadores na verbena do verao.
Sonha, teima em sonhar esta noite e mais a outra,
Teima em facer noite vida, teima noite vida teima.
Cima de Vila, Agosto 2010.
By the grace of god
Por Deus, parade esta guerra
non teño autoridade, mais é unha orde
Por Deus, parade esta guerra, ordénovolo
Dúas balas; unha, no peito, dende o campamento
inimigo
Outra, nas costas, dende o seu campamento
Crebaron o grito da súa gorxa
coma nun lamento entrecortado
Por... Deus... parade..es...ta... gue...rra
Ordénovolo.
terça-feira, agosto 17, 2010
Um dia mais
Non chores mais , salgueiro probe,
ti non tes culpa da miña dor..."
quarta-feira, agosto 11, 2010
O mel e a nada
en forma de pesadelo
coma toneladas de cínica indiferencia
no meu ser
Chove
Arrástrome pola rúa
coma un can desganado
mirando ás cadelas en celo
coma se fosen porcelana gris
nun escaparate calqueira
Mal raio parta a esta nada de medianoite
á mirada taciturna da vella enrugada
fitándome dende o vidro húmido
ao run-run das voces nocturnas
e ás gargalladas de muller, alá ao lonxe
borrachas de viño e do mel da vida
Chove
E caesme así, de repente
en forma de pesadelo
sexta-feira, agosto 06, 2010
TRADUZIDO DO SAMOIEDO SETENTRONAL.
Um dia d’invernia
E fico namorado
Da sua formosura
Ao pouco de termo-nos conhecido
As curvas som formosas,
Os olhos e’os cabelos,
Resulta-me todo perfeito nela
Nom é por romantismo
Nem falta de sentido,
Perfeita por completo
Abafa-m’as ideias
Que tenho na cabeça,
Contemplo-a sen tempo par’óutras cousas.
Defeitos nom existem
Em todo’o qu’a circunda,
Em nada que se saiba
Produz-vos desagrado,
Porém dá-me medo’o que representa:
Radiante na figura,
No corpo, no sorriso,
No’aroma, nessa’olhada,
Na casa, na parróquia,
Na’aldeia, na comarca,
No mundo que m’afoga
Pareç’um espelho dos meus desejos
E vejo-me nel, deformada’a cara,
Sen dar aturado’o que diz o vidro,
À vista dos meus sonhos,
Daquilo do qu’eu gosto,
Já feito realidade,
E vejo nel um monstro.
Verdesce cos dias a Primavera
E fico prendido daquela moça
Que fai este mundo mais grande’e verde
Enchendo-o com ar cos seus olhos ledos,
Deixando-me tempo pra ser eu mesmo.
Nom quer conformar-se co seu aspecto:
Nariz algo grande, ou pouco peito
Orelhas grandinhas, ou as cadeiras...
E muitas cousinhas que nom confesso
Pois som os detalhes qu’adoro dela
E fam-nos humanos (ao mesmo tempo).
terça-feira, agosto 03, 2010
Límite
comeza a música celestial
do universo descoñecido
en movimento perpetuo
No límite da palabra
falarán os corpos
e os seus cinco sentidos
Palabras que ulen
palabras que tocan
palabras que degustan
palabras que miran
palabras que escoitan
No límite da palabra
na perda da orixe
xermola de novo a memoria
enchendo o baleiro macabro
da nada colectiva
No límite da palabra
na perda da orixe
xermola de novo amor solidario
enchendo o baleiro
dos sementadores de odio
domingo, agosto 01, 2010
(Traducido do Macedonio)
mentres ti comes
morrem a outra e a esta beira
os homes.
Estómagos agradecidos
do PP, do PSOE, do Bloque
de todos os sindicatos e partidos
habidos e por haber.
comem comem comemos comem
e a sua/nossa dieta alimenta a umha e outra beira
as misérias
Mentres em cemitérios esquecidos na noite
os filhos da noite
morrem morrem morrem morrem.
É vergonhento viver, companheiro,
é vergonhento em verdade comer e
ver os homens á calor do verao morrer
ante o silêncio escandoloso dos marraos cheios.
sexta-feira, julho 30, 2010
- (traducido do castelán)
ao son do vento
e peitos ergueitos e firmes
choraban xuntos as súas bágoas
coma unidos en orgulloso medo solemne
E o confetti caía do ceo
e os soldados marchaban e sorrían
!un, dous, un, dous, un....!
seguindo o ritmo dos pratos
entre o ensordecedor "!viva!" da masa
Aquel día caín na conta
do lambeteiro roupaxe de inocente orgullo
que precede a toda barbarie
terça-feira, julho 27, 2010
Medo (3)
medo sen nome
medo ancorado no corpo
medo de amor negado
medo de nenez renacida
medo sen espacio e sen tempo
medo na procura de luz
medo de ausencia do corpo amado
medo á persecución das conciencias
medo aos sementadores de medo
medo á inmensidade do tempo
medo de infinita insignificancia
medo de vida sen recordos
medo ás identidades trincheira
medo a unha vida de medos
.. medo a unha vida sen medo
domingo, julho 18, 2010
Ataraxia éxitus est
sexta-feira, julho 16, 2010
Hope
e das miradas, anónimas, curiosas
A pesar do ruido incesante
nas xunglas de cristal e fume
A pesar das voces
que entran e saen, freneticamente
posuíndome sen espacio e sen tempo
A pesar das palabras
que parece que enchen
e enton van, as moi condenadas
e esfúmanse coma palla seca
A pesar do recordo
que retorna, terco, insistente
traendo nostalxias e ausencias
a mares
A pesar dos pesares
baixo sorrisos forzados
e consolos inútiles
para agrado de imbéciles
A pesar de todo
de non sei onde
e non sei como
naces do máis fondo do corpo
bisbándome
A palabra máxica
que ordea e empurra
a dirección do universo
... esperanza ....
Meu coração
sábado, julho 10, 2010
Ausencias (traducido do castelán)
a que máis doe
é a ausencia de esperanza
carcomida polo silencio do pobo
De tódalas ausencias
irrita a ausencia do nós
e a indolente arrogancia
de home de estado
sementando olvidos e promesas
coma quen sementa estupefacientes
De todalas ausencias
nin acordarme podo
pois se as xuntase
bañaría tódolos rincons do mundo
De tódalas ausencias
veu a ausencia de futuro
e díxome, che, compadre :
O día de mañán xa non haberá mañán
e entón viviremos nun agora constante
asfixiado por millons de primeiras do singular
De tódalas ausencias
irrita a ausencia de coraxe
mendigando alivios e compracencias
e a voz dos mortos que aínda viven
esixindo verdade, reparación e xustiza
De tódalas ausencias
crece a ausencia de memoria
pavoneando futuros
sementados na máis absurda nada
De tódalas ausencias
temen a ausencia de medo
As máscaras saen por fin
ao baile de disfraces
a música detense
a primeira voz
espida e núa
exclama, por fin :
Gardamos un silencio
bastante parecido á estupidez
os arquitectos de cavernas
coa súa retórica macabra
expulsando odio polas veas
Non teñas medo
Non te escondas
Non pagues coa súa moeda
Non deixes de ollar o mundo
coa irreverencia do neno rebelde
Non deixes de resultar arrogante
perante a humilde hipocresía do odio
Non deixes de amar coa tenrura
dun vello cascarrabias
Non deixes de sentirte libre
digno
noble
recto
e xusto
Non teñas medo ao desexo
Non pretendas agradar a unha maioría
Non separes as túas palabras do corpo
Non trivialices a dor do "outro"
Non te enganes con finales felices
Todo está comezando de novo
a cada segundo
a cada minuto
a cada hora
a cada semana
a cada ano
Todo está comezando de novo
o seu odio
e o teu amor
o seu medo
e o teu desexo
Todo está comezando de novo
non descansarás
na compracencia
das últimas palabras
domingo, julho 04, 2010
sexta-feira, julho 02, 2010
Nai / Madre (traducido dende o castelán)
e imaxino a túa mirada, doce e serena
coma un rumor de ausencia
nun aquí e agora
Cando a gratitude infinda
da túa paciencia de nai
supera con creces
calqueira amor concebible
Cando a túa ausencia faga
sentirme débil e vulnerable
e a túa voz sexa tan sabia
coma o rumor do río
e o tempo das túas miradas
Cando non alcanzo a entender nada
nin do divino, nin do humano
e o teu rostro aparéceseme
coma un consolo
de coñecimento impotente
Cando, ao fin, obsérvome
e vexo en min o resultado
da túa laboura de artesá
A miña ira, o meu amor, o meu medo
o meu odio, a miña anguria
Volven ao misterio
do neno que deixache ser
e do home que agora son
segunda-feira, junho 28, 2010
mais ca o que se vê
porque creio mais nos sonhos
ca nos olhos
cansos
de ver e rever
porcalhada e piolhos.
Quero a dignidade dos nenos de carvom
olhar limpo dos deserdados
os coraçons vivos dos oprimidos conscientes.
Nom me valem as nenas de chucha-mel
nem os reis dos papéis numerados.
Nas notas da Galiza só vam as cachenas.
Nom me vale nada este mundo
porque o tratamos como as religions o tratam;
“estamos de passo”.
Nom. Nós nom.
NÓS
saímos-vos ao passo:
e já avonda!
É mais singelo e mais barato.
Mais ca viver e sofrer
dixo o poeta.
Eu nom quero morrer.
É mais doado luitar.
É mais singelo, embora ingrato.
Mais ca viver morto
dixo o profeta.
Eu nom quero viver morto.
É mais doado amar.
É mais formoso e humano.
Mais ca viver e luitar.
Digo-cho eu.
Eu nom quero o amor seu.
sexta-feira, junho 25, 2010
Oda para os novos Deuses
quarta-feira, junho 23, 2010
Aurrevoire
sexta-feira, junho 18, 2010
-Buscai-lhe título-
onde nom poidam assassinar-nos
com a mirada florida da súa felicidade,
onde nom tenha força os seus carneiros.
Bulamos pois sem demora lonxe
onde poidam existir as nossas teimas:
As fouces, os alhos, ás ferraduras, as cornas
todas elas metidas em buratos de paredes.
Alá ó meio do oceano silvestre,
alá que é grande a moura
ó recolhe-los amorodos.
Ás montanhas da paz e da inmoralidade (da nossa inmoralidade).
Vaiamos cara a terra prometida
onde paraugas Cunqueirans nos protexam
da miséria de estar vivos e ver...
como se envelenam as ovelhas.
Trabalhemos com o artesam e matemos,
mais sem nocturnidade e alevosía (com consciencia), á ciência.
Fagamos vidrios coloridos, novas catedrais,
sonhemos porcos com ás e burros listos.
Burros que queiram se-lo
quinta-feira, junho 17, 2010
Cosmos (2)
perante o falso espello da sociedade
Con ideoloxía
Con lingua-nai
Con soños
O sentimento de pertenza troca
repentinamente
na comunidade do odio
Esa absurda certeza do ser
Esa compracente comodidade do coñecido
Ese xesto paternal en forma de sentencia
Ocultando o cósmico arrepío perante a nada
¿Quenes somos?. ¿De ónde vimos?. ¿A ónde vamos?
A tríada elemental
A partícula elemental
desaparece das nosas vidas
E o ego, libre de humildes interrogantes
infla coma un globo aerostático
Os moradores da caverna
collen o timón do ágora público
e a masa deforme que os aplaude
persegue as fogueiras nocturnas
dos filósofos-poetas
prendendo fogueiras para libros
Acabouse a festa nocturna da palabra
Acabouse a comunidade
Acabouse o misterio compartido
Acabouse a ignorancia asumida
A historia íntima da humanidade
foi asasinada
O partido do odio
venceu de novo
a partida
Cosmos
perante o cosmos
Sen ideoloxía
Sen lingua-nai
Sen soños
E ese sentimento atávico
apodérase do meu corpo
Esa intuición do misterio
ese desgarro do descoñecido
ese calafrío en forma de interrogante
¿Quenes somos?. ¿De ónde vimos?. ¿A ónde vamos?
Tres preguntas paridas
no intre de cósmico arrepío
perante a nada
A tríada esencial
A partícula elemental
escachando o ego
Ser, tempo e incerto futuro
Ou a historia íntima da humanidade
convocada na fogueira maldita
da filosofía con sangue de poesía
terça-feira, junho 15, 2010
DIÁRIO DA VIDA NA CIDADE
Parece-nos muitas vezes
Que moramos em borbulhas
Restringindo’o nosso passo.
02/01/01
Daquela me torno ciente
Das borbulhas opressoras,
Quando’o dia já foi morto.
03/01/01
Fazemos um só caminho
Cada dia pola Urbe
Evitando ser curiosos.
04/01/01
Algum se pergunta’às vezes:
“Como fago sempr’o mesmo
Sem sair-me nunca fora?”.
05/01/01
Olhei um bom dia lá,
Esses sítios inda’ignotos...
Aínda temo visitá-los.
...
(Bebim a sexta à noite
Cerveja’em demasia.
Quiçá, cambaleante,
Rompim essa borbulha
E’andei por lugares que nom devera)
segunda-feira, junho 14, 2010
Praemunire
Medo
medo de non amar
medo de soidade infinda
medo da besta en min
medo do medo
Nacín no medo
crecín no medo
No medo do teu amor
no medo de futuro incerto
no medo do inefábel sen nome
no medo de recoñecer o infindo
no medo de non ser nada
Medo....
Medo de non gañarte a partida
medo de amor tenro e fráxil
----
No meu país, veu primeiro o exterminio
veu despois o medo
e logo quedouse o auto-odio
e tamén, si, o medo
Despois de decenios de fascismo
democracia secuestrada
e memoria silenciada
¿Seremos capaces dun acto de liberdade?
Medo (2)
dende a aparente nada
apoderándote do meu corpo
Respiración entrecortada
Inquedanza nervosa
Medo infindo, de non se sabe onde
Medo de perder o control
Medo de ter medo
Medo da nada
Mírote aos ollos, cara a cara
obrígote a creer en min
e o meu corpo latexando
fuxindo das grandes verdades
A min o corvo!
A min o ar fresco da mañán!
A min a sublime serenidade!
A min o amor tenro!
A min o latexo da terra!
A terra que berra
A terra que xeme
A terra que regala
A terra que fumos
A terra que somos
... e a terra á que voltaremos ...
Busquei na terra
o último e liberador suspiro
Atopei, por fin
aquel "Nós" que me faltaba
Sos-Terra
o noso último grito
Será a túa dor
o noso último suspiro
Non hai bandeira máis real
que o xordo latexo da túa dor
silenciada pola infinda arrogancia
do home branco
Non hai enfermidade máis ignorada
Non, non a hai
!Dor!
Dor da súa ignorancia infinda
Dor de especie fracasada
Dor de optimismo imposíbel
!Riso!
Riso de optimismo incurable
Riso famento de beleza e piedade
Riso medoñento, tímido, escurridizo
Hoxe firmei, por fin, a nausea infinda
que me provoca a túa historia
a túa inverve arrogancia
a túa vontade de tánatos
Hoxe, home branco que eu son
exclamo ante o universo :
perdón
Perdón por herdar a máis bárbara
das historias posibles
quarta-feira, junho 09, 2010
fotografia
com as pontas dos dedos
a enrolar os cabelos
de olhos fechados
ouvindo Summertime
que bom é Deus
porque há essa pequena
cheia de juventude e vida
no apartamento pequeno
escorrida
como pintura emoldurada
fazendo caminho novo
por cima de mim passarinhos
tem dourado, tem doçura
o rosto que o vento sopra de leve
a curva breve
de tolices suculentas
do decote em v
um círculo branco
uma flor, um avião
água de lenta passagem
além da vontade...
a estátua sorri
fazendo sorrir também os olhos
sem mudar de posição
a impalpável fotografia
se desfaz e pergunta:
_Que foi?
terça-feira, junho 08, 2010
Quizais
en soños de ouro e sangue
Voltade logo ás vosas casas
contade a batalla aos vosos fillos
Vestídeos coas vosas medallas
faládelles de mel e gloria
da emoción do combate
e dunha morte honorable
Quizais serán algo no futuro
despois de mortos
co seu nicho esculpido en mármore
e o seu nome gravado en letras de ouro
Quizais os seus osos xazan
xunto a centos de miles de incautos
Mais só serán cifras
nos futuros libros de historia
e só serán odio
ao outro lado da fronteira
domingo, junho 06, 2010
Ficçons
domingo, maio 30, 2010
-
dende altavoces de altos ministerios
dende comunicados de fumata blanca
Teimaban, no seu veneno, os profetas da perenne verdade
E todo seguía igual que sempre, a pesares de todo :
O amor que duda
A rabia, confusa e muda
O desexo, sen muller concreta
A ansiedade, na corda frouxa da incertidume
Teimaban, no seu veneno, os profetas da perenne verdade
coas súas ideas correctas
os seus pensamentos atinados
os sentimentos funcionais
a súa vida “útil”
Teimaban, no seu veneno, os profetas da perenne verdade
E todo seguía igual que sempre, a pesares de todo :
O seu amor dubidaba
A súa rabia seguía confusa
O seu desexo, sen muller concreta
E a súa ansiedade, na corda frouxa da incertidume
atopou novos nomes para vellas doutrinas.
quarta-feira, maio 26, 2010
NOM SEI QUÊ TÍTULO PÔR...
Camisola do Che Guevara
E’um cinseiro da velha Rússia,
Tedes discos na casa’a montes
Desses músicos alternatas
Que defendem os seus direitos
Com denúncias aos seus ouvintes,
(Que felizes e pós-modernos
Vos sentides hogano’e sempre!)
Vedes “moros”, “sudacas”, “putas”,
Onde nós entendemos “malta”
E sacades cartazes vários
Para mostra de vangardismo
Nesses actos tam bem montados
(Greves, berros, consignas, faixas...)
Camuflados de “gente progre”
Com disfarces de “roupas pobres”
(Quartos bem que custárom, hóstia!).
Umha máxima respeitades
-“Comunista’a los dieciocho”-
Polo tema do coraçom,
Mas se passam os anos moços,
Tem de vir o sentido’adulto.
Ha’estar todo no’armário, junto,
Numha caixa d’ideias raras
Doutro tempo distinto a’este,
Camisolas de muitas cores
E cinseiros ardentes (tantos!)
Colecçom dessas minhas cousas,
Mas do Eu d’hoj’em dia nom:
S’algum dia molesta cá,
Está todo na lista negra
Daquel eu que daquela fum
E do qu’hoje renego’e nego
Para’ardê-lo na Desmemória.
segunda-feira, maio 24, 2010
Tío William
necesito un mercado
Tío William, teño un mercado
necesito unha TV
Tío William, xa teño unha TV!
necesito un inimigo
¡Ey!, Tío William, xa temos un inimigo
¡necesitamosunha guerra!
Moitas gracias, Tío William.
domingo, maio 23, 2010
O tempo e a rabia
Trouxo imaxes e verbas
dun descoñecido
Balbuceos idiotas dun que creía saber todo
sobre o cando, o como e o porqué
Hoxe, si, chamoume o tempo
Díxome : che, compadre, deixate en paz
Empurra as verbas e os ollos cara afora
sinte o sol, o ar, a terra
o lene rumor da xente nas calellas
o corpo da muller desexada e innacesible
Sinte o rumor do río
a pezoña da vaca
pousando no chan
as lonxanas badaladas da igrexa
os queixumes patéticos dos cans vagabundos
Hoxe, si, chamoume o tempo
E os contos de paz e guerra
e a perenne eternidade
da estupidez humana
e o odio macabro
dos perseguidores de linguas
e o eterno retorno
das culturas-trincheira
Hoxe, chamoume o tempo
... e sentín medo ...
porque neste corpo mortal
todavía latexa
A rabia
sábado, maio 22, 2010
Ser.
poética da ausencia de pobo humilde
Eu son a voz das voces
dor sublimada de memoria sen nome
Eu son ti, e ti eres nós
e nós estamos en trance de ser
... de ser amor ..
... de ser terra ...
... de ser movimento ...
... de ser indo ...
... de ser voltando ...
... de ser respeto ...
... de ser paz ..
... de ser universo ...
... de ser infinito ...
E sendo infinito, berrar :
Xustiza
Eu son a poesía das poesías
a rabia sen nome
rabuñando acougo nas pedras
Eu son a voz das voces
!!Ey, Ey, Ey, booos días!!
Nós somos nós, e sendo nós, sumamos
e sumando somos amor
... Somos terra ...
... Somos movimento ...
... Somos indo ...
... Somos voltando ...
... Somos respeto ...
... Somos paz ....
... Somos universo ...
... Somos infinito ...
E sendo infinito, rogamos :
Deixade emigar e morrer tranquilo
a este pobo
domingo, maio 16, 2010
Fábula Antropomorfa da Dupla Escatologia
Um home sentado no banho pensava
Nas cousas mais sérias que tinha no siso.
Dirig’ um negócio, construi edifícios,
A Legalidade consegu’evitá-la
E fai o que quere no Império dos Quartos;
Os quartos nom tenhem nem muita’importáncia,
Mas dam um enorme poder de domínio:
“Aquel ilegal que trabalha pra mim,
A minha parelha cativa na casa,
Os filhos que estam a viver no fogar...
Dependem de mim e faram-no por sempre.”
No seu pensamento sorri levemente
Entanto recorda contente consigo
O modo de tê-los assi, submetidos:
“Se quero qu’estejam ou tristes ou ledos
Será quando deixe que fluam os euros,
Pois eu administro’s recursos que temos”.
Entom o cerebro detém-se cansado,
Exausto de tanto pensar sem parage
Premend’o botom da funçom Standby
Co qu’empeça’a buscar outros temas mais simples
Que tratem de cousas nom tam trascendentes
Até que decide seguir co comum,
Cumha volta àquel divagar qu’habitua
Tam pouco’agradável à gente sensível,
A’Escatologia dos seus excrementos:
“O water recolhe matéria já’inútil
E leva-a pra longe –par’ónde? –pr’ò’Inferno.
As Portas estám nest’assento cerámico,
Logo pra lá nom exíliam malvados
(Som contos de velha qu’enganam a tantos)
Somentes aquilo que já nom tem uso.”
Sem folgos decidem os mesmos miolos
Parar dumha vez o’exercício constante
Co fim d’evitarem as dores que causa
E ficam vazios olhando pr’ò vácuo.
Na casa o home, sentado, descansa,
Aguarda'a que cheguem os seus achegados,
Atento, mirando pr’à porta do banho
Que deixa se pode de vez franqueada
Pr’òuvir s’é possível a gente na’entrada.
Parece-nos todo comum e corrente
Porém hoje sent’algo raro nas tripas:
Um ruido mui miúdo que vai aumentando,
Rilhando-lh’os untos que tem na barriga,
Tornando-o mais débil e fraco das forças;
Até a’estatura lhe vai consumindo,
Cos pés já nom chega ao piso cerámico
Grande mudança padece nas carnes!
As pernas minguando penduram n’altura,
Os braços pequenos s’agitam sem tino;
Sentem-se portas no piso d’abaixo
El grita”Maria” pedindo-lh’auxílio,
A voz mui aguda é quas’inaudível,
Parece-s’aos chios dum rato medroso.
Ninguém s’aproxima pra ver qu’acontece,
Ninguém hai presente no fim deste drama
Enquanto se sume no seu sumidouro.
O home já quase nem vive, nem pensa,
Nem muito lhe resta à sua’existência.
Acaba-s’o conto coa luz apagada,
A porta do quarto ficou franqueada
E nom saberemos co tempo que passe
Quem desta família tirou da cadeia.