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segunda-feira, dezembro 29, 2008

Máis alá

Pouco a pouco desapareceremos da face das rúas
e as pedras da zona velha por pisa-las pagaremos,
Voltaremos sem querer, sen dar-nos conta apenas
ao velho burgo, á velha aldeia, á velha casa labrega
a ser escravos da nossa liberdade, a trabalhar foros
de novo voltaremos.
Entóm virám cadelos na noite negra
paseando entre neve ao noso redor
e facéndo-nos sentir o medo dirám:
Nom há nada que facer, estás só,
abandonado só, contigo só, no meio do deserto...
cumha pedra no meio do caminho tí só,
sen ninguem, só, padecendo infernos
é hora de esfumar-se ao paraiso das mil virgens!
"Inmola-te maldito anano, consume-te
como se consume tudo na fogueira
da única ideología, da única religiom"
Ti só, simplesmente, pensando na patria
e no berce cativo mentres os ananos che dim
que nom serve de nada alegar,
que do faro nom pasas.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Nom temos frío

Nos alicerces do meu coraçom
atopo cadeias para prender milheiros de anos
a miles de homes com força correlativa
a súa mais grande barba ou mais cativa.
Porque nos alicerces dos coraçons
é onde vivem reprimidas todalas fantasias
polo super ego sempiterno.

A luz de decembro nom é suficiente
para alumear tantos anceios,
nom chega para rescatar tantos desejos
que quedam barados no mar da noite.
Hai que saír, voar, sonhar...
Hai que berrar ao vento
agardando a aurora dos días grandes
dos dias de sam joam.

E quando chegue a luz
e saias da maldita caverna
e te cegue o sol impasíbel,
nom fuxas cara as montanhas
com culebras e aguias.
Fuge cara o inverno com a vista na primavera.


"Nós nom temos frío, saiamos a rúa sem medos, sem abrigo"
"porque ponhemos a vista na primavera"

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Que todo quede atado y bien atado

Batida nas veigas de Viana

A lua quase nom se percebia na obscuridade dum céu nocturno onde loitavam nuvens e estrelas por um espaço na bóveda que rodeava as cabeças dos homes. A sua idade, a sua estatura e a sua classe era baixa. Só tinham umha escopeta que logo lhe cumpria descansar no caixote do lixo, onde se deitam todas as as imundícias da limpa, higiénica e entranhável civilizaçom ocidental. Mas, contodo, aqueles homes eram idígenas, nom europeios, pertenciam a um ritmo vital, a uns ecos e a umha paisage de montanha, pousada, passada, presente, eterna; pertenciam a cultura da Viana pré-capitalista ou mais bem à cultura tradicional das veigas só pervertida no XX pola uniformizaçom da globalizaçom.

Aguardavam cos olhos abertos e injectados de sangue. Embargava-os umha vaga de emoçons homicidas. Esperavam por trás do milho a ver se algumha luz ou sinal fosforescia para passar a acçom, como recortes de paciência secular. Um deles começou a cavilar na sua infáncia, nos anos que passara na escola de dona Pacita, pois pertencera a derradeira fornada de alunos da casa-escola de Santa Cruz de Viana... do 1860 aos anos setenta... que pensaria aquela mestra se o visse argalhando um assassínio no meio do milho da nabeira da Regueira? Esboçou um tímido riso que o seu companheiro nom percebeu, “seguro que me batia coa vara nos dedos”, pensou.

- Já verás como levo eu razom

- Nom a aposta ganho-a eu de certo, ti nom sabes o que dis

As horas passavam lentas, como quando os dedos saboreiam a textura dum bom livro e a tensom cortava o ar malia os quarenta anos de paz nos que supostamente vivera o país da Purreira. Contra a manhá, quando o sono começava a ameaçar as ánsias de sangue dos visitantes vírom-se dous pequenos pontos vermelhos como se fossem os olhos dum javaril. Dous estampidos espertárom aos cans do Outeiro e de Vila Meá. A adrenalina desceu desde as pituitárias dos homes co cheiro a morte e umha emoçom inexplicável perturbava os seus espíritos camponeses quando ouvírom os gemidos dos dous animais que levavam anos escaralhando a sua colheita:

- Viches quem lhe aprendeu a fumar ao teu filho e ao meu?

- Tinhas razom, hóstia, a mestra e o cura.

E as campás tocárom anunciando a morte do Estado, a tirania e a opressom nas veigas de Viana... enquanto o cacique descia a tobeira, um velho raposo que sabia que voltariam bons tempos para el... a pseudo-democracia tamém era umha raposa fina.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Cárcere sem cadeias



EU,

estou numha cárcere sem cadeias,

sem barrotes, nem carcereiro.

Só,

co meu coraçom embebedado

no promíscuo sono da razom.

Aparentemente livre,

livre de opressom;

da opressom que dinamita

o paxarinho doce e tristeiro

que quer voar na cárcere das relhas ressentidas.

EU,

quero voar, mas nom podo.

Nom alcanço a ver por onde o sentimento

se transforma em ar putrefacto e social.

Sociedade de sedantes pròs EUS aterecidos,

babexantes nas noites de incultura e tele-lixo.

Só,

enxergando lanhos que ditem o senso

da angúria existencial de espelhos e coitelos;

narcisistas às carranchas das velhas costumes

com mal dissimulados e descarnados ciúmes

de costra, bosta, lama e bulheiro.

EU,

fago-me ouriço e amputo-me as asas

por ver se chego denantes a nengures

e rodo, giro, berro o canto surdo

dos que nom tenhem voz pra além de si.

Só,

cada sol-pôr abre-se na minha alma umha ferida

e cicatriza cada mencer quando, acochada,

unha bágoa de sangue tinge o rosto, a carauta

social coa que me apresento perante os demais.

EU,

estou numha cárcere sem cadeias,

sem barrotes, nem carcereiro.

Só,

co meu coraçom envenenado

no ferido e mal-pecado sono da razom.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

O mare e tu -Dulce pontes e un home



Adicado a ti, por agasallarme a marusía
de océanos con claridade
nun novo mencer que rexurde,

Sentir em nós
Sentir em nós
Uma razão
Para não ficarmos sós
E nesse abraço forte
Sentir o mar,
Na nossa voz,
Chorar como quem sonha
Sempre navegar
Nas velas rubras deste amor
Ao longe a barca louca perde o norte.

Ammore mio
Si nun ce stess'o mare e tu
Nun ce stesse manch'io
Ammore mio
L'ammore esiste quanno nuje
Stamme vicino a dio
Ammore

No teu olhar
Um espelho de água
A vida a navegar
Por entre o sonho e a mágoa
Sem um adeus sequer.
E mansamente,
Talvez no mar,
Eu feita espuma encontre o sol do teu olhar,
Voga ao de leve, meu amor
Ao longe a barca nua a todo o pano.

Ammore mio...

terça-feira, dezembro 09, 2008

MANIFESTO LITERÁRIO DO CARALHO: vanguarda ou compromisso político?

Som poetarra.

Como a auga, como o vento,
como a natureza mesma de todas as cousas.

Som poetarra
ainda que cante às treboadas
e nom à bela flor onde a mosca deixa a cagada.

Som poetarra
e por estranho miram-me mal: IMIGRANTE IDEOLÓGICO!
SEDE BENÉVOLOS,
NOM VEDES QUE SÓ SENDO DIFERENTE PODO SER EU?
As pingas do rio nom tenhem nome
porque som todas iguais,
assí que Heráclito nom tinha NPI. Ryen de ryen.
«O povo só se salvará quando deixe de ser massa»
dixo outro poetarra
no seu poemário (sic.) Sempre em Galiza.

Já o sabedes,
todo lho devemos ao nacional-catolicismo:
sobretodo as ganhas de mejar e ir ao futebol a ver a “roja y gualda”./
Ai! E nom me tomedes isto a mal desde o vosso escano burguês/
(lembrade que som poetarra
... de barra americana...).

Umha aperta com escárnio e maldizer do Garcia de Guilhade