Pesquisar este blog

segunda-feira, dezembro 31, 2012

CONXURO DE FIN DE ANO



“Forzas do ar, terra, mar e lume,
a vós fago esta chamada:
si e verdade que tendes mais poder que a humana xente,
eiquí e agora,
facede cos espritos dos amigos que están fóra,
participen con nós desta queimada”.




Sentir a felicidade da terra
envolta en música
coa queimada por bandeira
e o lume por estatuto.
A brebaxe que fai a xente sentada en círculo
participando da festa
convírtese en força superior: terra, ar e mar.
Xunto todo, flota a música.
O conxuro somos nós.
Luces apagadas nun ambiente acceso,
a iluminación provén do lume da queimada
e das nossas voces.
Somos luz, as voces, espranza,
conxuro co que disipar oscuridades.
Por un aninovo venturoso e luminoso!

domingo, dezembro 30, 2012

CORUJA QUE RE-CLAMA


Por um 2013 com os
melhores desejos

Há umha coruja
que berra no meio da noite
buscando que o Apalpador
baixe das montanhas,
e que ande corredoiras
pelas que ir deixando
umha única pegada,
a uniom de povo pra este erguer-se.

A coruja berra re-clamando
um novo mencer
que vai anos se busca
pelos regos do amor máis sinceiro:
o do povo,
pra ve-lo algúm día
sem precisar de coroça
que nos proteja da choiva
e do frio inverno
no que nos tenhem hipotecados.


Noiteboa 2012 na Torre, escoitando umha coruja no silenço da noite.

quinta-feira, dezembro 27, 2012

GALIZA CHAMIÇA


...Galiza chamiça... quitaremo-lo saio, por fim, antes de maio...

Nacim na terra da iauga
e som raiz húmida.
Gosto das primaveras
mais nom preciso
dum sol vitaminado
que me seja energia inxectada
com a gota do sudor permanente.

Eu só quero a nube gris
da que escorregue Pedro Nubeiro
ou a montanha fría courelá
da que baixe um Apalpador
renascido.

O lume que purifique
cada cambio de solstício
há de ser o sol que me quente
na raiz da intensidade
que me fai vivir
nos humidais da minha terra.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

CHORA MENINHA


Chora meninha
com túas bágoas
alimentarás teus sonhos.
Fregona em mam borrarás
as manchas que che anegam
o fundo da conciência.

Chora meninha
com túas bágoas
descobrirás túa fortaleça.
No verso doutro olhar
toparás o poema que inunde
a desnudez da pel que habitas.

Chora meninha
com túas bágoas
construirás um manto salgado.
Abrigo húmido que lavará
a essência da túa pel sudada.

Chora meninha,
com túas bágoas!

sexta-feira, dezembro 14, 2012

SER NÓS



Havemos de ser fortes
e o vento do nordés
que a miúdo nos deixa
patas arriba e quebradas
-espranças partidas-
virá despois cal onda suave
que nos meça no mais merecido
dos bateres:
o da hamaca da tranquilidade
baixo umhas riolas de sol
deixando atras marejadas
coas que ás vezes perdemos
a dignidade de ser, de ser nós,
de ser mulheres,
inda de ser mais cá soio ser se cadra.

(A II m. vista)



quarta-feira, dezembro 12, 2012

A CRISE

A Vane, galardoada no XVIII
Maratóm Fotográfico.
Parabéns!
 

A crise é-nos tam familiar
como esse gato que mexa
para marcar territorio.
Madia leva(s)!
Nom fai falha a tele accesa
que o desaloxo do sistema do benestar
crávase-nos nas veas, grimosas,
a diario, cando saímos á rúa
e vemos esses mequetrefes sem raíces
com gravata ou sem ela.

Pra salvar-nos dela quedará-nos
essa túa testemunha gráfica,
maletím envolto em folhas
de horas e horas de  humanidade
e obxectivo:
o dessa cámara, foto premiada;
o do eterno sorriso optimista
baixo sombreiro de plumas,
feito a man.

Aquí todo é made in na casa.
Poderám desalojar-nos de tudo,
agás a tenrura  e o sentir que caminha con nós:
já seja verba, instantánea ou junco.


http://elprogreso.galiciae.com/nova/216810.html?lang=gl


Fotografía 'Desaloxo'.
DESALOJO, a foto premiada

IMOS INDO, CHORANDO, ANDANDO

"Pero hoxe canto en libertá
e mentras canto
non estou isolado,
que o corazón vai comigo
e con il falo".
*************
"Pois que o que chora vive, iremos indo;
indo, chorando, andando,
(...)
E pois que cada tempo ten seu tempo, 
iste é o tempo de chorar".
 
Celso Emilio Ferreiro



As camelias perderom sua flor
e o manto de aurora, de rosáceos dedos,
a que formavam súas folhas
umha vez caídas
mais nom derrotadas, inda coloridas,
também.

O balcom acristalado
nom é sauna seca, reflexo do sol.
Som hoje os cristais autopistas
de gotas que escorregam,  quedando
congeladas a meio caminho
co aterecer do frío que gea também nas veas.

Há um Saint Eligio que pide por tabaco
no hall, á porta do loquero,
pra fazer bafaradas de sonhos
no fume das bocanadas.

Na estaçom ferroviaria
no arrabaldo do amencer
nom soa a música clásica
pela estrada de volta flanqueada
de nabos e mel á venda.

Canto em liberdade,
isolada já com a demasía
sem concordar com o Celso:
ou nom tenho coraçom
ou com el nom falo já.

E escribo por nom chorar,
e choro por nom falar,
e falo por nom calar,
e calo por outorgar,
e outorgo por viver
e vivo por nom morrer.














Eterno verso


 "O fillo da súa nai estaba morto,
groriosamente morto sobre un charco.
Tiña nos ollos vento. Preguntaba
cunha ollada azul de animal manso.
Xorxe, meu vello, meu eterno amigo,
dime no que estás pensando."
Celso Emilio Ferreiro, 
Soldado (Longa noite de Pedra)






Estou olhando o caminho irmão
E vendo como as silvas o cruzarom
Dunha beira a outra para os pés
Fartos da terra e do silêncio esmacelado.
Mas aqui seguimos e com nós vem
Um tempo de luta ainda e de pranto,
E apagara-se ainda outra vez
A bombilha que ti prendes
Cada vez que da tua boca (nunca cega)
Os versos vão e venhem.

Ergue-se do val unha inmensa brétema
E quixera desde esta dura do Cabe ribeira
Ir ver o nome do mundo em Celanova.
Ir ver ali o amor que professam as moças
Aos homes de grandes olhos
Aos nenos de grande corpo:
Fol de ventos muiñados cheio de sonhos...

Estou olhando o tempo
Que mentres imos andando
Nele ainda falam os teus versos
E reça nos altares, sacrifíca
Velhas de olhos grises queimadas pola vida.
Eu che falo desta beira
Com voz de burro canso para aquela
E che digo, vello amigo, no que estou pensando.
Que aínda pensar podemos
Que ainda falan os teus versos.

terça-feira, dezembro 11, 2012

Útero de sonhos


"...Píde-me filhos, loba,
para atalos
ao longo atardecer da túa morte
interminável.
Píde-me filhos, loba,
para o crime 
da tua espada sempre victoriosa..."
Celso Emilio Ferreiro, A pedra.
(Longa noite de pedra)

Faria filhoas com a sangue da túa regla
Mentres me consola pensar no gram aborto
Da minha polha a reter umha outra vez a sega
Das, novas do outono, trazidas verdes, hervas
Que incubas no útero dos teus sonhos.


Filhoas com teus filhos


A min também me apetece
Um vodka com limão, um bloody mery,
Ir a umha outra parte do mundo a...
Fazer turismo ou aventura
Com o bandulho cheio e arroto
a chouriço novo.

Amortizar-lhe a morte ao cocho
Com um moderno martelo
Que não sufra.
Mas são humano e gosto
Como todos na minha espécie desse morbo
De matar com o coitelo e sem anestésia.

Clava-lho outra vez Sam,
Não sangrou ainda moito:
Para filhoas com sangue da regra,
Para trazer-lhe mais filhos o lobo.
Mulher não me deas meninhos
que coma júpiter os como.

Á sombra da especulação


Eu também são culpável
não o nego e da minha inoperáncia...
me fago lexítimo responsável:
do consumo de telemóveis
fabricados na Asia,
das predas de roupa
cosidas por um neno escravizado
no textil galego internacionalizado
dos balóns cos que marcava goles
quando era pequeno
mentres um outro do meu tempo
aprendía o sabor da vida
que eu agora aprendo.

Eu são responsável também
da nossa inoperáncia e de calar
e não berrar-che fondo e claro
que vivemos a expensas dumha pantasma
que mata no Vietnão e Kuala Lumpur
que a assasinar começa em Portugal, Espanha, Italia...

Quer a vida que não sejamos mais que grãos
de milho e de pam adulterados geneticamente
e que de sans nos voltemos enfermos.
Eu também são culpável, e merezo-o.

sábado, dezembro 08, 2012

"EPPUR SI MUOVE"

"É hora capitán, collamos rumbo
de cara o tempo que ficou no olvido,
ese espello de brétemas que ás veces
se ilumina no fondo da memoria
e fai brillar en lampos unha tarde
que nunca volverá. Pero está viva".
Avilés de Taramancos

Oh, capitám! Companheiro
dos días solheiros!
Parece que non há aranheiras
que calhem nas ruínas dessa nossa obra
-tecida com tudo o amor-
Essa que ficou a meio construir
sen saber se remataria em catedral
na que a berenguela repenicasse leda
anunciando novos albores de esprança.

Oh, capitám! Companheiro
dos días solheiros!
Agora soio queremos desempanhar
as brétemas,
ver o cristal transparente
de tam límpido e relocente,
esse que fora virando opaco
e tornando sem luz,
noite escura de alouminhos.

Oh, capitám! Companheiro
dos días solheiros!
Nom podemos ponher o foco
numha luz artificial
que alumee aqueles menceres
da máis candente luz do amor.
Essa já nom voltará. Pero está viva.

quinta-feira, dezembro 06, 2012

CONTRATO (SOCIAL?) EN TEMPOS DE CRISE




"El incidente ha terminado.
La canoa del amor se ha roto
contra los escollos de la vida corriente".
VLADIMIR MAIAKOVSKI,
poeta soviético nado en Maiakovski, cidade
cuxo nome tomou para sí.



Podo sentirme ¿poeta a secas? e enganarme co que
deixo de dicir,
coas charcas salinas que se me forman
por dentro, fervendo.
Volcán que non entra en erupción.
Contrato que non quero firmar.
Deixarse pisar ou pisar forte?

Enganarme e deixarme ser enganada
denigrando aos que coa súa morte
e a súa loita cara a cara desgarrada
foron ponte dos caminhos por facer.
...E seguir sendo poeta na turris eburnea.

Podo porén, pola contra,
correr o risco de dicir a verdade,
de ser poeta social
en honra á orixe do termo: socio.
Companheiro.
De entender ao outro -como habituo-,
e de tentar por unha vez, ser entendida.

Daquela recollería a verdade
do termo máis susceptíbel,
posto a salvo daquel que engana.
Daquela, daríase o incidente por rematado.

terça-feira, dezembro 04, 2012

VONTADES PRA RECONSTRUIRMO-NOS

Ficamos orfos de aperta,
de saba tenra,
de teito no que resgardar-nos.

Somos indixentes
no mundo-lousa.
Pedra fría que cae riba
nosa cal xeada em decembro.

Sem certeça, sem argumentos,
impulsados
a querer construír de novo.
Coma se de amar se tratasse,
sem certeça de porqués
nem raçons.

Soio com o último sentir
que nos empurra. Vontade.

REGUEIRO SANGUENTO


Inevitábel igoalmente
que as verbas derramem sangue
e que me palpe o coraçom
na ausência do teu nome.

O porco foi cebado
pra rematar colgado
pintando em regueiro sanguento
a última linha vermelha
que debuxe o sinal de
"proibido estacionar".

INSUBORNÁVEL

Insubornável latido vital.
Lince,
avispado zorro de orelhas
ergueitas.
Nom há quem te engane
nem presa que se che escape.

Insubornável latido vital
galanteado com doces doces,
com días espídicos...
E nom há quem te endulce
nem te canse.

Quanto mais insubornável ti
mais descoraçável eu!

sábado, dezembro 01, 2012

VIAXE ¿FRUSTADA?


Sonhos en sabas tenras,
perfumadas,
que malia non cumplirse
fican na suavidade da tela.

Voa no aire a melodía
dun acordeón
que fai solleiro o chan mollado
no caminhar cara as outas
montanhas da neve. É inverno.

En Xixón, 30 de Novembro de 2012.

AIRES DE XIXÓN


A temperatura da que gozan as pinturas
de Nicanor Pinhole e a luz tamén cálida
co exterior de cidade amábel
na que se ven as cores da residencia
-círculos de amizades
tras da casa-museo Jovellanos-,
son envexa da serenidade do mar
en calma á que inspirando, aspiro.


Xixón, 30 Nov. 2012.

DE PASEO

"El mar, bravísimo. ¡Sublime
espectáculo el choque de sus olas
contra el paredón!"
Jovellanos (1791)


Roxe o mar contra das pedras
pedindo auxilio a berros.

Canto máis se embrabece
empenhado en botar escuma
e dar sinais de vida,
máis, se cadra, baixa o nivel.

Soidade do berro na praia de S. Lorenzo
sen estrela fugaz que atravese peitos
nen temporal que amaine. Inverno.




Xixón, 30 de Novembro de 2012.