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domingo, agosto 29, 2010

Todo-nada

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Amar sen cadeas, sen límite

Cambiar a vida

Iso era todo

Queríamos fuxir da nada

segunda-feira, agosto 23, 2010

Da noite os sonhos

No meio do monte espreito aos pajaros
e fito de lonxe voar suas novas ninhadas...
Vejo-os marchar umha outra vez em setembro
e pergunto sem teima para os meus adentros...
Balbino, onde é que vam os pajaros morrer?
E os coios calados entre herbas contestam
que os pajaros nom morrem que eles ecoam
no mito e no logos no ciclo da auga, no sol e no vento.
Os pajaros, Balbino, nom morrem que marcham
ao som da muinheira ao chega-lo setembro.
No meio do monte observo bulir cara algures
pajaros quiçais que forom mulheres enxendradas de sonhos.
Observo bulir os pajaros cara ao sol do verão, cara noite.
Balbino onde é que marcham os sonhos?

sexta-feira, agosto 20, 2010

O baleiro mundi em pecatta.

Os sonhos ficam entre os coios das paredes,
também arrombados no faiado velho
nas cepas da ribeira e entre a herba outrora verde.
Ficam ali agardando a ser de novo posuídos,
agardam que o seu dono os saque do silêncio.

O vento peitea o val coma sempre acesso
pola lúa secular e nova que fai medra-la vida
e onde há terra pode que haxa cedo muitas silvas
que conduzam com seus picos aquel infame día,
em que os sonhos ficarom deitados nas lameiros,
entre os coios dos caminhos, nas uvas verdes, nas paredes.

Os sonhos ficarom sós e solitários, desherdados.
ficarom para sempre petrificados em desejo...
Em facho preso que nom alumea rem,
em caminhos da noite que nom falam
nem som feitos tampouco por ninguém.
Os sonhos vezam que som sonhos
como veza a vida qué etérea, baldía.
As vezes o simple é o perfecto.
As vezes os sonhos som da noite.

quinta-feira, agosto 19, 2010

Teima vida teima

Sonha, teima em sonhar,
para deixar os teus sonhos entre as pedras
que levantam as paredes da tua temporal morada.
Teima em seguir com castelos de fume babelianos
para perder a voz no eco da ribeira rega de suor.
Eleva cada noite os teus sonhos ao cenit
ora et labora para divinidades justas e piadosas
e ve como o teu coraçom se consome ao ritmo
dos pasos dos bailadores na verbena do verao.
Sonha, teima em sonhar esta noite e mais a outra,
Teima em facer noite vida, teima noite vida teima.

Cima de Vila, Agosto 2010.

By the grace of god

Cen veces, repetiu

Por Deus, parade esta guerra
non teño autoridade, mais é unha orde

Por Deus, parade esta guerra, ordénovolo

Dúas balas; unha, no peito, dende o campamento
inimigo

Outra, nas costas, dende o seu campamento

Crebaron o grito da súa gorxa
coma nun lamento entrecortado

Por... Deus... parade..es...ta... gue...rra

Ordénovolo.

terça-feira, agosto 17, 2010

Um dia mais

"...Non chores máis xa non chores non…
Non chores mais , salgueiro probe,
ti non tes culpa da miña dor..."
Andrés do Barro, Salgueiro.


Folha do salgueiro não chores máis,
esta noite
o vento é para quem o respira
e no nosso coração afogado
abaneam as bagoas derramadas.

Não chores que ti, salgueiro,
não tes culpa da nossa dor.

É o horiçonte prenhado
o mar revolto,
o silêncio cómplice, 
Salgueiro.
Som-o, os culpáveis.

Treguas de retrincos,
Frechas de agonía e ira
para o poço das entranhas,
Horas malditas que nom soubemos
aprobeitar.
Não salgueiro, nom chores ti,
fomos nós:
As nuvéns, a mareia e os beiços fechados.

Não chores, 
somos nós Salgueiro
os que nunca deixaremos,
de chorar.

quarta-feira, agosto 11, 2010

O mel e a nada

E caes así, de repente
en forma de pesadelo
coma toneladas de cínica indiferencia
no meu ser

Chove

Arrástrome pola rúa
coma un can desganado
mirando ás cadelas en celo
coma se fosen porcelana gris
nun escaparate calqueira

Mal raio parta a esta nada de medianoite
á mirada taciturna da vella enrugada
fitándome dende o vidro húmido
ao run-run das voces nocturnas
e ás gargalladas de muller, alá ao lonxe
borrachas de viño e do mel da vida

Chove

E caesme así, de repente
en forma de pesadelo

sexta-feira, agosto 06, 2010

TRADUZIDO DO SAMOIEDO SETENTRONAL.

Conheço’umha rapaza
Um dia d’invernia
E fico namorado
Da sua formosura
Ao pouco de termo-nos conhecido
As curvas som formosas,
Os olhos e’os cabelos,
Resulta-me todo perfeito nela
Nom é por romantismo
Nem falta de sentido,
Perfeita por completo
Abafa-m’as ideias
Que tenho na cabeça,
Contemplo-a sen tempo par’óutras cousas.
Defeitos nom existem
Em todo’o qu’a circunda,
Em nada que se saiba
Produz-vos desagrado,
Porém dá-me medo’o que representa:
Radiante na figura,
No corpo, no sorriso,
No’aroma, nessa’olhada,
Na casa, na parróquia,
Na’aldeia, na comarca,
No mundo que m’afoga
Pareç’um espelho dos meus desejos
E vejo-me nel, deformada’a cara,
Sen dar aturado’o que diz o vidro,
À vista dos meus sonhos,
Daquilo do qu’eu gosto,
Já feito realidade,
E vejo nel um monstro.

Verdesce cos dias a Primavera
E fico prendido daquela moça
Que fai este mundo mais grande’e verde
Enchendo-o com ar cos seus olhos ledos,
Deixando-me tempo pra ser eu mesmo.
Nom quer conformar-se co seu aspecto:
Nariz algo grande, ou pouco peito
Orelhas grandinhas, ou as cadeiras...
E muitas cousinhas que nom confesso
Pois som os detalhes qu’adoro dela
E fam-nos humanos (ao mesmo tempo).

terça-feira, agosto 03, 2010

Límite

No límite da palabra
comeza a música celestial
do universo descoñecido
en movimento perpetuo

No límite da palabra
falarán os corpos
e os seus cinco sentidos

Palabras que ulen
palabras que tocan
palabras que degustan
palabras que miran
palabras que escoitan

No límite da palabra
na perda da orixe
xermola de novo a memoria
enchendo o baleiro macabro
da nada colectiva

No límite da palabra
na perda da orixe
xermola de novo amor solidario
enchendo o baleiro
dos sementadores de odio

domingo, agosto 01, 2010

(Traducido do Macedonio)

Come come come come
mentres ti comes
morrem a outra e a esta beira
os homes.

Estómagos agradecidos
do PP, do PSOE, do Bloque
de todos os sindicatos e partidos
habidos e por haber.

comem comem comemos comem
e a sua/nossa dieta alimenta a umha e outra beira
as misérias
Mentres em cemitérios esquecidos na noite
os filhos da noite
morrem morrem morrem morrem.

É vergonhento viver, companheiro,
é vergonhento em verdade comer e
ver os homens á calor do verao morrer
ante o silêncio escandoloso dos marraos cheios.