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domingo, maio 31, 2009

Erguede-vos moç@s galeg@s

Abre-se o caminho cara a luz do infinito.
Passos cansos começam a irromper,
o corpo corrupto deixa-se morrer
e tu segues sem saber o que te necessito.

Tentar, tentei-no, mas já nom podo mais.
Nom te conseguim até agora e já nom o farei.
Deixo aos que venham atrás o que nunca logrei
e que eles continuem a lutar pola sua mãe.

Soavas nos meus ouvidos como algo possível.
Por isso, busquei por ti sem te encontrar,
mas sabendo que eras quase intangível.

Ó independência! Clama por ti umha naçom.
Alcançar-te é tarde para este velho perdedor,
mas fica-lhe aos novos cumprir essa missom.

sábado, maio 30, 2009

O Gaiteiro

Esta noite há vento nas arvores da minha aldeia,
Na ribeira o raposo come as blancas e deija-as tintas,
Nas devessas e regatos alampa o jabarim recém soltado...
Há vento esta noite na cassa da alma desta pátria.

Eolo se chama, Eolo dispara, Eolo quer tirar
os muros de perda e barro da nossa cassa,
Éolo quer soplar perto, perto, perto dos pinheiros
que rodeiam ao noso lar indestructível.

Está noite já disparou eolo,
tirou com os teitos de palha das chabolas
ennegrecidas da falha de lapises nas escolas
da venezuela novechenttista dos caciques.

E veu um ar de crueza o cemiterio
que remejeu os osos dos gaiteiros
que hoje tocam a alborada da veiga
e em sucessivo tracto a munheira de Chantada.

Acordo-me de ti gaiteiro e clarinetista
do cuarteto antergo dos cerralheiros
que polos eidos de Santo Estevo do Mato,
deu vida a mágicas colheitas de mocidades pátrias...
embravecidas para as pátrias alheias...
Galiza é nossa porque ela fostes Vós!

A Galiza na vossa música foi ceiva!
Nos pés dos bailadores nas cantinas velhas!
Fostes, Sodes, Seredes...


A Sr. Manuel Prado Beltrám, Gaiteiro e Clarinete das terras de
Santo Estevo do Mato (Pantóm) que junto com outros muitos
formou parte de conhecidos grupos ( Os cerralheiros é o máis soado)
que proclamarom a festas em multiples aldeias galegas.
A tudos eles, por conservar para nós umha parte essencial de NÓS MESMOS!

sexta-feira, maio 29, 2009

Qui tollis pecata mundi

«Sábio, lúcido e céptico era Castelao quando nos falava daquele homem que um dia comprou um cão para ter em quem mandar. O pobre diabo, colocado por um negro destino nos últimos lugares da escala social, fez do cão macaco para poder sentir-se homem. E eu, macaco entre macacos também, começo a pensar que a Humanidade, afinal de contas, não passa de um macaco neurótico que morde sem parar a sua própria cauda», José Saramago (1986), “O Planeta dos Macacos” em Status.

27-XI-06


O paxarinho molha o bico nas agulhas dos ouriços
que sorrim ao labrego que abre sulcos na terra
coa suor dos escrementos das rulas.

O paxarinho come agulhas que degomita
na auga bendita dos soportais ennegrecidos
pola lama da chuva aceda do desamor.

O laio aterrido da terra ferida asusta ao paxarinho,
que lisca cara a cidade de tijolo apodrecido e procura,
INCESANTEMENTE,
que ardam papéis numerados,
- por ver se algum outro humano cuínca dumha árvore
empulingrado cum adival de ciúmes desgarrados-.

Bate as asas paxarinho no seu ichó de cobiça,
que zarraspiquem de imundícia a homes gordos
( esses que papam a nenos de carvom a sombra da lua,
na noite descarnada do crecente
IMPERIALISMO).
Busca paxarinho! Mira se topas nas cloacas
o fundo croc-croc de Pucho Boedo,
o velho e o sapo que desprezam na FRAGA o nosso,
o ourinho da cursilaria - que se me antolha
sádico e imundo na celeste cúpula
dos seios caídos de prostibulo-.

Batas brancas de hospital rim pola ferida do escote,
e saias de bairro chino gemem por papéis numerados;
ouve-se, no entanto, o riso daquel ouriço valente
mentres o unta a sangue salgada do amargo paxarinho:

Foge do canom que abre sulcos na terra!
Foge da relha assassina que fere com coitelos
e galheitas sulfuradas enquanto chospe lémedas!

NÓS.


O desejo de liberdade afogado dos nenos de carvom,
que desconhecem o aborrecemento das nenas de chuchamel,
rainhas da cursilaria cosmopolita,
PRIMERMUNDISTA;
o paxarinho já nom pia nos castanheiros,
anda agochado em confesionários nocturnos de gelo e rom:
EU TERCERMUNDISTA,
e um anho separatista morreu crucificado
para que os nenos de carvom sejam explorados no seu nome.

AGNUS DEI, QUI TOLLIS PECATA MUNDI,
MISERERE NOBIS.

quarta-feira, maio 20, 2009

Revolucionários deste tempo intemporáneo

A revoluçom está na cidade e os seus benefactores estám a espertar em tromba. Estám tomando as armas e já venhem cara aquí. Pobre de ti se estás no meio e nom te apartas, se dubidas um minuto da súa vontade precoz e da súa corrida feroz.

A revoluçom caminha tercamente e já chegou a praza, deijou os alimentos de manhá: o pam dos marisqueiros, dos marinheiros, dos labregos, dos obreiros... labregobreiros... Deijou-no esfarelado no cham, comesto das pombas, regado de licores residuais emanados da acçom directa das massas, da vontada suprema da súa voz que foi e hoje canta.

A revoluçom já está aquí: Téme-a.

Está falando, nom se para. O sangue chama a ser o que deve ser e punto. Já toca clamar justiça, vinganza... No seio de Abraham tudos estám ansiosos, tudos querem espertar para que lhe digam que nom se trabucarom, que triunfarom. A história será julgada, os bons serám rescatados e tudos absolutamente cantarám no coro dos justos antes de que caia a noite ou saia o sol: tudo segúm o mires.

Pero folclorismo senhores, folclore! Postmodernismo! O capitalismo mongue os país: os país amamantam as crias desposuidas: da súa casa, dos seus avós, da súa eira... Da súa vida! Sigamos cantando...

A vida som umhas rissas.

sábado, maio 16, 2009

As leis dos novos-velhos

Nom hai mais vida que a sonhada
como nom hai mais dor que a sentida
e nada se sente no barulho do consumo,
onde os mouchos medíocres caminham encrenques
e os raposos ordenham as ovelhas,
que comem a 'mezcla' que lhes bota a televisom.

Nom hai mar de fundo na Galiza
apenas ermos e moços que nascem velhos,
por nom dizer o evidente,
que nascem mortos.

E os poucos que nascem vivos
perdem toda a vida levando o cadaleito dos outros
que quanto pesa e como fede!

sábado, maio 09, 2009

PENÉLOPE E O SAPO VELHO

«Galiza, ilha sem mar ao leste», José Manuel Beiras.

O carmim dos olhos do paxaro
converte-se na sangue de crianças
escornadas por touros insaciáveis,
touros pretos com gravatas
que cheiram a balorento paté de pato.

E cheira a flores nos volantes
de vestidos rosas de Cinsenta
feitos por nenos de carvom
onde o sol e a fame aperta
o coraçom do paxarinho.

Os bois abrem sulcos no liviao
dumha verde ave recém nada
para que logo os semente
a caixa-fábrica de merda alienada,
a TELEVISOM vende Humanidade.

Nuvens de uránio tapam o fedor a home;
a carniça mental nom se vende nos quioscos
vem de série no melhor dos mundos possíveis
onde asnos e raposos som igualmente choscos
abraçados na cadeia de trabalho e consumo.

Viva Galicia beibe! SOS-SOS-SOS
nom hai pailebote para nós porque os filhos,
aos que lhe dérom fame, emigraçom e fumo
esquecêrom na masseira a rosa dos ventos
a estrela Polar e até a mai que os pariu!


E na esquerda cheira a velhice juvenil, asneira e convento...
um passo adiante e outro atrás Galiza
e na teia dos teus sonhos aninham sapos com o punho fechado:
sapo-conchos aferrados ao seu cativo e exíguo ferrado.
Viva GALIZA CEIVE! NÓS-SÓS-SÓS!!!

terça-feira, maio 05, 2009

A Garcia Lorca

Mestre, precursor, ouvido do povo,
homossexual, dramaturgo, republicano,
poeta entre os poetas, sorpreendeu-te
a morte
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

Sob a negra sombra dumha oliveira,
sob o negro ruído do transporte da morte
sob cavalos pretos e o “¡Arriba España!” da barbárie;
choram os gitanos
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

Um fogonaço ilumina o céu granadino
e a lua agocha-se na zafra do Cambório
por nom ver o vento sátiro e fascista,
o cavalo desalmado do Guernika
que com as suas fouzes che tira a vida,
nom a memória, nom a obra, nom a palavra;
a Dignidade
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

A Guarda Civil cúmplice das pistolas
com as capas pretas do ódio e do terror.
Mais umha vez novos e moles peitos
descansam sobre umha bandeja de prata
cabo da cabeça do lanudo Baptista.
Tu, verde e vermelho poeta em Nova Iorque
ficas vivo e a tua luz acompassa cada leitura
anovada do Madrigal de Santiago;
a Memória e a Pena andaluza
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

Que grande poeta ao morrer!
E na casa de Bernarda Alba volve o loito,
a dor e a carrage perante a impunidade
dos lobos que baixam ao lugar para segar vidas.
Vil assassino, Ruiz, lixa a sua alma
enquanto Soledad Montoya ceiva
no centro dum coro trágico ibérico
o derradeiro laio virge:
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá