Pesquisar este blog

segunda-feira, dezembro 31, 2012

CONXURO DE FIN DE ANO



“Forzas do ar, terra, mar e lume,
a vós fago esta chamada:
si e verdade que tendes mais poder que a humana xente,
eiquí e agora,
facede cos espritos dos amigos que están fóra,
participen con nós desta queimada”.




Sentir a felicidade da terra
envolta en música
coa queimada por bandeira
e o lume por estatuto.
A brebaxe que fai a xente sentada en círculo
participando da festa
convírtese en força superior: terra, ar e mar.
Xunto todo, flota a música.
O conxuro somos nós.
Luces apagadas nun ambiente acceso,
a iluminación provén do lume da queimada
e das nossas voces.
Somos luz, as voces, espranza,
conxuro co que disipar oscuridades.
Por un aninovo venturoso e luminoso!

domingo, dezembro 30, 2012

CORUJA QUE RE-CLAMA


Por um 2013 com os
melhores desejos

Há umha coruja
que berra no meio da noite
buscando que o Apalpador
baixe das montanhas,
e que ande corredoiras
pelas que ir deixando
umha única pegada,
a uniom de povo pra este erguer-se.

A coruja berra re-clamando
um novo mencer
que vai anos se busca
pelos regos do amor máis sinceiro:
o do povo,
pra ve-lo algúm día
sem precisar de coroça
que nos proteja da choiva
e do frio inverno
no que nos tenhem hipotecados.


Noiteboa 2012 na Torre, escoitando umha coruja no silenço da noite.

quinta-feira, dezembro 27, 2012

GALIZA CHAMIÇA


...Galiza chamiça... quitaremo-lo saio, por fim, antes de maio...

Nacim na terra da iauga
e som raiz húmida.
Gosto das primaveras
mais nom preciso
dum sol vitaminado
que me seja energia inxectada
com a gota do sudor permanente.

Eu só quero a nube gris
da que escorregue Pedro Nubeiro
ou a montanha fría courelá
da que baixe um Apalpador
renascido.

O lume que purifique
cada cambio de solstício
há de ser o sol que me quente
na raiz da intensidade
que me fai vivir
nos humidais da minha terra.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

CHORA MENINHA


Chora meninha
com túas bágoas
alimentarás teus sonhos.
Fregona em mam borrarás
as manchas que che anegam
o fundo da conciência.

Chora meninha
com túas bágoas
descobrirás túa fortaleça.
No verso doutro olhar
toparás o poema que inunde
a desnudez da pel que habitas.

Chora meninha
com túas bágoas
construirás um manto salgado.
Abrigo húmido que lavará
a essência da túa pel sudada.

Chora meninha,
com túas bágoas!

sexta-feira, dezembro 14, 2012

SER NÓS



Havemos de ser fortes
e o vento do nordés
que a miúdo nos deixa
patas arriba e quebradas
-espranças partidas-
virá despois cal onda suave
que nos meça no mais merecido
dos bateres:
o da hamaca da tranquilidade
baixo umhas riolas de sol
deixando atras marejadas
coas que ás vezes perdemos
a dignidade de ser, de ser nós,
de ser mulheres,
inda de ser mais cá soio ser se cadra.

(A II m. vista)



quarta-feira, dezembro 12, 2012

A CRISE

A Vane, galardoada no XVIII
Maratóm Fotográfico.
Parabéns!
 

A crise é-nos tam familiar
como esse gato que mexa
para marcar territorio.
Madia leva(s)!
Nom fai falha a tele accesa
que o desaloxo do sistema do benestar
crávase-nos nas veas, grimosas,
a diario, cando saímos á rúa
e vemos esses mequetrefes sem raíces
com gravata ou sem ela.

Pra salvar-nos dela quedará-nos
essa túa testemunha gráfica,
maletím envolto em folhas
de horas e horas de  humanidade
e obxectivo:
o dessa cámara, foto premiada;
o do eterno sorriso optimista
baixo sombreiro de plumas,
feito a man.

Aquí todo é made in na casa.
Poderám desalojar-nos de tudo,
agás a tenrura  e o sentir que caminha con nós:
já seja verba, instantánea ou junco.


http://elprogreso.galiciae.com/nova/216810.html?lang=gl


Fotografía 'Desaloxo'.
DESALOJO, a foto premiada

IMOS INDO, CHORANDO, ANDANDO

"Pero hoxe canto en libertá
e mentras canto
non estou isolado,
que o corazón vai comigo
e con il falo".
*************
"Pois que o que chora vive, iremos indo;
indo, chorando, andando,
(...)
E pois que cada tempo ten seu tempo, 
iste é o tempo de chorar".
 
Celso Emilio Ferreiro



As camelias perderom sua flor
e o manto de aurora, de rosáceos dedos,
a que formavam súas folhas
umha vez caídas
mais nom derrotadas, inda coloridas,
também.

O balcom acristalado
nom é sauna seca, reflexo do sol.
Som hoje os cristais autopistas
de gotas que escorregam,  quedando
congeladas a meio caminho
co aterecer do frío que gea também nas veas.

Há um Saint Eligio que pide por tabaco
no hall, á porta do loquero,
pra fazer bafaradas de sonhos
no fume das bocanadas.

Na estaçom ferroviaria
no arrabaldo do amencer
nom soa a música clásica
pela estrada de volta flanqueada
de nabos e mel á venda.

Canto em liberdade,
isolada já com a demasía
sem concordar com o Celso:
ou nom tenho coraçom
ou com el nom falo já.

E escribo por nom chorar,
e choro por nom falar,
e falo por nom calar,
e calo por outorgar,
e outorgo por viver
e vivo por nom morrer.














Eterno verso


 "O fillo da súa nai estaba morto,
groriosamente morto sobre un charco.
Tiña nos ollos vento. Preguntaba
cunha ollada azul de animal manso.
Xorxe, meu vello, meu eterno amigo,
dime no que estás pensando."
Celso Emilio Ferreiro, 
Soldado (Longa noite de Pedra)






Estou olhando o caminho irmão
E vendo como as silvas o cruzarom
Dunha beira a outra para os pés
Fartos da terra e do silêncio esmacelado.
Mas aqui seguimos e com nós vem
Um tempo de luta ainda e de pranto,
E apagara-se ainda outra vez
A bombilha que ti prendes
Cada vez que da tua boca (nunca cega)
Os versos vão e venhem.

Ergue-se do val unha inmensa brétema
E quixera desde esta dura do Cabe ribeira
Ir ver o nome do mundo em Celanova.
Ir ver ali o amor que professam as moças
Aos homes de grandes olhos
Aos nenos de grande corpo:
Fol de ventos muiñados cheio de sonhos...

Estou olhando o tempo
Que mentres imos andando
Nele ainda falam os teus versos
E reça nos altares, sacrifíca
Velhas de olhos grises queimadas pola vida.
Eu che falo desta beira
Com voz de burro canso para aquela
E che digo, vello amigo, no que estou pensando.
Que aínda pensar podemos
Que ainda falan os teus versos.

terça-feira, dezembro 11, 2012

Útero de sonhos


"...Píde-me filhos, loba,
para atalos
ao longo atardecer da túa morte
interminável.
Píde-me filhos, loba,
para o crime 
da tua espada sempre victoriosa..."
Celso Emilio Ferreiro, A pedra.
(Longa noite de pedra)

Faria filhoas com a sangue da túa regla
Mentres me consola pensar no gram aborto
Da minha polha a reter umha outra vez a sega
Das, novas do outono, trazidas verdes, hervas
Que incubas no útero dos teus sonhos.


Filhoas com teus filhos


A min também me apetece
Um vodka com limão, um bloody mery,
Ir a umha outra parte do mundo a...
Fazer turismo ou aventura
Com o bandulho cheio e arroto
a chouriço novo.

Amortizar-lhe a morte ao cocho
Com um moderno martelo
Que não sufra.
Mas são humano e gosto
Como todos na minha espécie desse morbo
De matar com o coitelo e sem anestésia.

Clava-lho outra vez Sam,
Não sangrou ainda moito:
Para filhoas com sangue da regra,
Para trazer-lhe mais filhos o lobo.
Mulher não me deas meninhos
que coma júpiter os como.

Á sombra da especulação


Eu também são culpável
não o nego e da minha inoperáncia...
me fago lexítimo responsável:
do consumo de telemóveis
fabricados na Asia,
das predas de roupa
cosidas por um neno escravizado
no textil galego internacionalizado
dos balóns cos que marcava goles
quando era pequeno
mentres um outro do meu tempo
aprendía o sabor da vida
que eu agora aprendo.

Eu são responsável também
da nossa inoperáncia e de calar
e não berrar-che fondo e claro
que vivemos a expensas dumha pantasma
que mata no Vietnão e Kuala Lumpur
que a assasinar começa em Portugal, Espanha, Italia...

Quer a vida que não sejamos mais que grãos
de milho e de pam adulterados geneticamente
e que de sans nos voltemos enfermos.
Eu também são culpável, e merezo-o.

sábado, dezembro 08, 2012

"EPPUR SI MUOVE"

"É hora capitán, collamos rumbo
de cara o tempo que ficou no olvido,
ese espello de brétemas que ás veces
se ilumina no fondo da memoria
e fai brillar en lampos unha tarde
que nunca volverá. Pero está viva".
Avilés de Taramancos

Oh, capitám! Companheiro
dos días solheiros!
Parece que non há aranheiras
que calhem nas ruínas dessa nossa obra
-tecida com tudo o amor-
Essa que ficou a meio construir
sen saber se remataria em catedral
na que a berenguela repenicasse leda
anunciando novos albores de esprança.

Oh, capitám! Companheiro
dos días solheiros!
Agora soio queremos desempanhar
as brétemas,
ver o cristal transparente
de tam límpido e relocente,
esse que fora virando opaco
e tornando sem luz,
noite escura de alouminhos.

Oh, capitám! Companheiro
dos días solheiros!
Nom podemos ponher o foco
numha luz artificial
que alumee aqueles menceres
da máis candente luz do amor.
Essa já nom voltará. Pero está viva.

quinta-feira, dezembro 06, 2012

CONTRATO (SOCIAL?) EN TEMPOS DE CRISE




"El incidente ha terminado.
La canoa del amor se ha roto
contra los escollos de la vida corriente".
VLADIMIR MAIAKOVSKI,
poeta soviético nado en Maiakovski, cidade
cuxo nome tomou para sí.



Podo sentirme ¿poeta a secas? e enganarme co que
deixo de dicir,
coas charcas salinas que se me forman
por dentro, fervendo.
Volcán que non entra en erupción.
Contrato que non quero firmar.
Deixarse pisar ou pisar forte?

Enganarme e deixarme ser enganada
denigrando aos que coa súa morte
e a súa loita cara a cara desgarrada
foron ponte dos caminhos por facer.
...E seguir sendo poeta na turris eburnea.

Podo porén, pola contra,
correr o risco de dicir a verdade,
de ser poeta social
en honra á orixe do termo: socio.
Companheiro.
De entender ao outro -como habituo-,
e de tentar por unha vez, ser entendida.

Daquela recollería a verdade
do termo máis susceptíbel,
posto a salvo daquel que engana.
Daquela, daríase o incidente por rematado.

terça-feira, dezembro 04, 2012

VONTADES PRA RECONSTRUIRMO-NOS

Ficamos orfos de aperta,
de saba tenra,
de teito no que resgardar-nos.

Somos indixentes
no mundo-lousa.
Pedra fría que cae riba
nosa cal xeada em decembro.

Sem certeça, sem argumentos,
impulsados
a querer construír de novo.
Coma se de amar se tratasse,
sem certeça de porqués
nem raçons.

Soio com o último sentir
que nos empurra. Vontade.

REGUEIRO SANGUENTO


Inevitábel igoalmente
que as verbas derramem sangue
e que me palpe o coraçom
na ausência do teu nome.

O porco foi cebado
pra rematar colgado
pintando em regueiro sanguento
a última linha vermelha
que debuxe o sinal de
"proibido estacionar".

INSUBORNÁVEL

Insubornável latido vital.
Lince,
avispado zorro de orelhas
ergueitas.
Nom há quem te engane
nem presa que se che escape.

Insubornável latido vital
galanteado com doces doces,
com días espídicos...
E nom há quem te endulce
nem te canse.

Quanto mais insubornável ti
mais descoraçável eu!

sábado, dezembro 01, 2012

VIAXE ¿FRUSTADA?


Sonhos en sabas tenras,
perfumadas,
que malia non cumplirse
fican na suavidade da tela.

Voa no aire a melodía
dun acordeón
que fai solleiro o chan mollado
no caminhar cara as outas
montanhas da neve. É inverno.

En Xixón, 30 de Novembro de 2012.

AIRES DE XIXÓN


A temperatura da que gozan as pinturas
de Nicanor Pinhole e a luz tamén cálida
co exterior de cidade amábel
na que se ven as cores da residencia
-círculos de amizades
tras da casa-museo Jovellanos-,
son envexa da serenidade do mar
en calma á que inspirando, aspiro.


Xixón, 30 Nov. 2012.

DE PASEO

"El mar, bravísimo. ¡Sublime
espectáculo el choque de sus olas
contra el paredón!"
Jovellanos (1791)


Roxe o mar contra das pedras
pedindo auxilio a berros.

Canto máis se embrabece
empenhado en botar escuma
e dar sinais de vida,
máis, se cadra, baixa o nivel.

Soidade do berro na praia de S. Lorenzo
sen estrela fugaz que atravese peitos
nen temporal que amaine. Inverno.




Xixón, 30 de Novembro de 2012.

quarta-feira, novembro 28, 2012

CICHAR BÁGOAS E LEITE


Reter as bágoas
cando escasea o tempo é
instinto de supervivencia.

Deixalas correr
naqueles momentos idos,
derroche de amor.

Noutra orde de argumentos
entendo e secundo
que os gandeiros
cichen ao ar seu leite.




segunda-feira, novembro 26, 2012

Esperar

*Orixinalmente publicado en Crónicas da Marxinalidade
.
Vino el poderoso a apagarnos con su fuerte soplido, 
pero nuestra luz se creció en otras luces. 
Sueña el rico con apagar la luz primera. 
Es inútil, hay ya muchas luces y todas son primeras.
Manifesto Zapatista




Belem, Lisboa.


Amor a noite tece
Tece corvos negros…

Ti traes ao moucho branco
Llo raposo, llo sol da maña de verao.

Polas correntes do río ven o canto teu
E no chiflo do tren o anceio de volver.

A facer nun beizo o inferno llo ceo.
Amor, non teño medo do lobo

Nin da escuridade que entre os piñeirais
Se tende aínda máis profunda e seria

Que aínda que a vida me deixou orfo
Acendeuse en min o facho da esperanza

E o lume da diáspora consume as horas que faltan
Para tanguer campas de gloria nunha alba

Onde os paxaros despertan á cidade
E traen para ela o ruído todo da aldea.

Amor, amar na noite na que vivimos
Para prendela alborada…

Non te preocupes amor, deixaos,
Deixa que os cabalos pasan

La luz será mañana para los más.

No arrabaldo do amencer



*Orixinalmente postado en Crónicas da Marxinalidade.
"O tempo cheira a estación ferroviaria 
no arrabaldo do amencer,
cando os trens agallopan xemendo
por túneles de noite
e brilan luces misteriosas
nos bosques profundos"
Celso Emilio Ferreiro, 
Mentres imos andando
(Longa noite de pedra)

Vai pasando o tempo
pero eu máis tolo
do que non fun sempre cordo
sigo sendo o mesmo
e na voz dos montes
e na costa de Cima de Vila
desde o moredo
son incapaz de non seguir non soñando
que me converto nun super-guerreiro.
E de miralas follas das cepas
da viña dos da Oseira
e non falar con ela coma se foran seres
dotados de alma, de fala, de mirada...
Mentres de min rí algún vello
que por alí pasaba.
Vai pasando o tempo...
O meu corpo vai vello
mentres segue pechado en min
o que un día fun, cando era neno.

Nada é nada


*Orixinalmente postado en Crónicas da Marxinalidade


Por veces o tempo vai tecendo palabras que non quero oir.
Son coma un maceteiro de prantas cautivas dunha terra ceibe
traída de por baixo dos carballos abonados de follas secas
criadas tal ovellas da branca lá rapada na cautividade da aldea,
liberada sempre, nunca cautiva que o poder alí non chega.
Só cartas do censo, da diputación, do concello, de facenda...
E eu non quero escoitar esas cousas escritas nun papel branco
onde o tempo foi deixando o vestixio do que somos xa e nunca seremos
mais que para os números dun teclado e as súas letras no prato
de sopa dalgún ser que non humano probablemente chamado
dun nome de caste e clase, de estado, satisfeito: Funcionario.
E dicía un tal Gutxi alá en Chantada que moitos seres pouco humanos.
E fun aprendendo que mentres imos andando o tempo chega
para quedarse e dicírmonos que vivimos sós e facemolo alienados
que imos indo camiño do campo santo onde a herba medra
transitando desertos, matándonos, alimentando paixóns e miserias.

domingo, novembro 25, 2012

LINGUAGENS

Aos filósofos que soio sintem,
sem codificar.
Porque deles é o exterior da caverna
(escura).

Linguagens pra expressarmo-nos,
a través delas.
Linguagens para nós sentir,
sentir que inda somos.
Linguagens para complicarmo-nos
e tentar pechar ocos escuros.

Linguagens pra tantas cousas
que a pesares de ter ouvidos
e corpo -patoso- que se move
preciso partitura e língua
pra saborear, negado doutro jeito,
o que sinto mentras descodifico.
 
Preciso vela-lo baixo linguagens
mentras nom chegue
á desnudez da ialma.
Daquela seremos artistas. Ou ciganas.



quinta-feira, novembro 22, 2012

POEMA PARVO, PORÉM O MAIS ESPERADO


Mulher
afortunada com os mil trabalhos
que nom fam umha soldada,
afortunada de terte tido da mao,
afortunada de terte no bico da fala,
afortunada de querer facer,
afortunada de facer,
afortunada da minha cidade encintada,
afortunada de, no meu fogar, ser afortunada.
Mulher alunarada


N.B.: Poema parvo, sim, o máis esperado dende o magosto no que me erguím do sofá.


Á RAJEIRA



O Cádavo, 21 de Nov. de 2012
 



Inda coas extremidades
esnaquiçadas,
alho esmagado no morteiro,
posso sentir-me ave em voo
no alto da Baqueriça,
planeando pastos verdes
enriba dos cales
as belidas vacas marelas
som gesto da tranquilidade
á rajeira do sol de novembro
a mediodia.
E contagiam.

terça-feira, novembro 20, 2012

Á beira do tejo...

Á-MAR

Ámote
Coma o demo do inferno
Que atiza pitelos na cociña de ferro
Mais sen ser económica.
Ámote con derroche, lume novo,
Que arde desde  o caer do día
Ata o saír do sol.

Ámote
E a beira do Tejo
Un barco cruza entre dúas pilastras
Por nós o ver bailando a John Lennon.
O vento zoupa nel e a nós nos deixa,
Tranquilos, soprando as velas.
Atardecer dourado.  Pastel de belem.

quinta-feira, novembro 15, 2012

CIRCE OU O PRACER DO AZUL (GOTAS II)


Na revisom do mito numha volta de género,
Circe arelava conhecer á prudente Penélope
mais lá das misivas intercambiadas.

Arelava entender o seu cerval medo,
ajudarlhe a sandar a coita própia e alheia:
a do amor.

(Circe) A renuncia tinha que ser acto livre,
nom fugida ou mutilaçom.

(Penélope) Arredar-se era amputar um membro
antes de que chegasse a cangrena.

Desleixavam assim aranheiras
que enturbavam seu sentimento: Amar.



N.B.: Entenderase melhor despois de ter lido "Circe ou o pracer do azul", umha revisom ao clásico mito da prudente Penélope e da malvada Circe, alçando assim a bandeira da liberdade, a das mulheres.

N.B. 2: "...Ulises, tes que me prometer que a túa estadía en Eea foi algo máis que unha parada na túa singradura. Se o home que chegou a min non foi o mesmo que abandonou Ítaca, tampouco o home que parta das miñas beiras pode ser o mesmo que chegou a estas praias pedindo refuxio. Tí cambiáchesme moito, nobre laertiada, tampouco eu son a mesma deusa chea de xenreira que te recibiu. Faime sentir que tamén ti mudaches pola miña compaña, que no teu xeito de ver o mundo se pode agora seguir o rastro da miña ollada... Así falou Circe, a da voz dourada, e os ollos de Ulises enchíanse de bagoas ao escoitala..."

GOTAS

 
Quando caem gotas sem que haja choiva,
aparece despois umha tasca na que resgardar
o que nom se quer contar... Canta-se.

Nom se perdem as espranças
de que essas em flor agromem
quando algo cheguem a ser
ou quando deixem de selo.

Regadeira continua na sequía das noites
pra molhar a palavra nos acordes da harmonía.

quarta-feira, novembro 14, 2012

NACIONALIDADES I


Ficara sorprendido
cando ao pronunciar
"de Eritrea"
umha estrangeira respostara:
capital Asmara!

No papel do mantel
debuxavamos
o Corno de África el,
a Galiza that is not Spain eu
traçando bem grossos
os límites daquela carta
improvisada
mentras o convencia
de que esses soio existiam no papel,
nunca entre pessoas.

Catalana?- sorriu entre o rosário
que formavam seus dentes.

Nom, galega- respondím de dentes entre
o rosário da nossa penitencia.

NACIONALIDADES II


As vezes quixer
ser nada no Corno de África
pra levar esse sorriso
permanente,
gesto da tranquilidade
na pobreça que eu carreto.

Outras sinto enveja
das catalanas
e quijera ser essa
á que ti, a bo seguro,
lhe falas mítica e mimiticamente.

Mais son galega
e do meu corpo
na soidade, minhota.
E também me vale!

domingo, novembro 11, 2012

AMENCER EM NOVEMBRO







Nom se espreguiça a cidade
porque inda nom espertou.
O rubiám de manhá
fai de horiçonte mural na pedra da muralha,
reflejo
de cartaz vermelho anunciando greve geral.

Já mais fóra do cinto empedrado,
caminho de Orbazai,
a brétema bebe a arrincadeira
no caudal do Minho
deixando asomar a claridade do día
ás margens.

Disiparám os remuinhos do vento
esta nebulosa
pra deixar também um dia
a mátria livre de escravos.

domingo, novembro 04, 2012



Espelha-se na alma
o teu riso
e a felicidade
fai cógegas
na hormona do amor.

Porém tenho medo dos cavalos.
Desses córceles pretos
desses mouros medos
dessa obscuridade que se alimenta de verde.
De coraçom
                   de vida
                               de soidade.

Percorren a miña pel
as palavras que susurras
no cerne da minha caluga
e mistura-se o mel com o fel.
Lua de mel,
                 um touro selvagem
                                            ouvea-lhe a umha lua de papel.


Sabe-me a vida,
sabe-me a alma,
sabe-me o riso,
sabem-me as cógegas
sabe-me a lua que baila quando és ti;
quando os indómitos cavalos
se afastam entre a névoa
e os touros verdes mexem-se
calados.

Se o amor é um lobo quero ir no seu lombo
enquanto recorro as tuas pernas
e a electricidade invade o teu cérebro
com os movimentos da minha língua.

Nos bosque os cavalos calam,
aguardando o seu momento
... nunca nos atoparám porque há cadeias que nunca se rompem.

Nom todo está perdido

Los que le cierran el camino a la revolución pacífica, le habren al mismo tiempo el camino a la revolución violenta. Comandante Hugo Chávez Frías.

Somos os filhos dos grevistas,
os filhos dos represaliados,
os perpétuos exiliados
os filhos de Los nadie
que cuestan menos que la bala que los mata
somos os que falamos dialectos,
os que geneticamente temos menos intelecto.

Somos um experimento de Spencer e Darwin
seremos sempre princípio e fim para a humanidade
somos Carvalho Calero, Mia Couto, Chomsky,
Saramago, Fidel Castro, Arafatat, Chávaz, Khadaffi,
zapatistas, curdos, bascos, chechenos ou galegos,
somos os que nada tenhem a perder
e todo por ganhar.

Somos Pepetela, Castelao, Marx, Nelson Mandela,
Zeca Afonso, Lenine, Arafat, Otegui, Zapata,
Luther King, Outeiro Pedraio, os que nunca se rendem;
somos Cabral, Castelao, Nin, Samora, 
Beiras, Trotsky, Rosa Luxemburgo, A Pasionaria,
Marcos, Chávez, Ho Chi Ming, Xanana,
Gandhi, Allende, Gramsci, Che Guevara,
Vilar Ponte, O Piloto, Suárez Picalho, Ferrín ou Rosalia

Somos história em movimento
somos nós, A CLASSE,
somos nós:
o proletariado em marcha.




sexta-feira, novembro 02, 2012

DEFUNTOS EN SAN MAMEDE DOS ANXOS



"Brétema",
"raiola",
"ficará",
"xustiza",
"néboa"
"irmáns"
"fraternidade"
"graneiro"

As súas verbas eran poesía
sen talvez eles sabéreno!

Era a celebración de defuntos
en San Mamede,
onde dende a distancia
deste outro lado do río
todos eran agora Anxos
no recordo dos días xoves.

As súas verbas eran poesía
sen talvez eles sabéreno!






Crónicas da marxinalidade: Xeada de amor

Crónicas da marxinalidade: Xeada de amor: A-MAR  porque ela sabe do que eu falo en línguas extrañas e lonxanas na língua dos días solitarios neste presidio. "A espera dun...

quinta-feira, novembro 01, 2012

MAGOSTO INAUGURAL DUN ONTE A UN HOXE

A lúa e a praza,
a praza e a lúa.
Caminhando
pela rúa
levo o arrecendo
a castanhas
na punta dos dedos
coma se derramase
agora mesmo a
esencia de bote
pequeno no que
adoitan vir os
perfumes caros.

Na cidade da pedra
vínhanlle aos miolos
recordos
de dia festeiro
na cidade do ouro.



quarta-feira, outubro 31, 2012

SENSIBILIDADE EXCESSIVA



Careço a miúdo
de ideias racionais
pra argumentar umha causa.
Como único soporte:
o amor infindo
da sensibilidade excessiva
que nom deixa tanger
nem aperceber senom
é nessa fronteira sem muro
mais lá unicamente
do que nós lhe ponhamos.

E nestes momentos som
horiçonte aberto o das noites
présas dos días carcelários.

VÍSPERA DE SANTOS






Farei um rosário
de zonchos
e caminharei em processom
á luz das candeas
pra abrir essa brecha
entre vivas e mortos.

I é que ás vezes
boto em falta
a Sta. Companha,
defuntos vivos
no Samaím
dos meus quereres.

CONSTRUINDO UMHA JANELA




No meu muro
construirei
-em paradoja lexicográfica-
cachote a cachote
e racha a racha nos ocos
a janela da que disposta a abrir
aspirarei o ar que chegue.

Lumieira,
agulha,
tranqueiros
e soleira
bem asentados
na trabaçom do muro
-que me cerca as mais das vezes-
faram da necesidade virtude
pra relocir cal fror no poio ou
conversa leda no parladoiro.


N.B. Racha: 1. Lasca, pedra pequena e afiada. 2. Rajada, golpe de vento.

ARTE (EN CALQUERA DAS SÚAS MANIFESTAÇONS)


Nom conhecia eu
a habilidade dos fentos
pra encolheren-se
i estiraren-se
cal bailarim em busca
da descontracturaçom
acumulada ao longo do día
em busca da harmonía
doutro jeito negada.

Falta de consideraçom
por parte doutros
a éstes que arelam
outros horiçontes.

(MY) CONTEMPORARY DANCE


Ter que encher ocos
pra nom sentir o baleiro
leva-me agora das muralhas
ao Castrilhóm, em medias ao Cádavo
sem apenas tempo á reflexom.

Ignoráncia deste período
aberto
coma tudas as frontes
que agora tenho
em igual abertura,
cal feridas que nom
sei se quero pechar ou abandoar...

Seguir os caminhos...

Pelo de pronto
sae um fío da minha nuca
pra tirar cara arriba
mais, mais, mais,
um pouquinho mais,
isso é.
Isso é a importáncia de                                                                                  
                                    deixarmo-nos
                                                           expresar
                                          através
                        do corpo.

NADAS DE NOBRE ESTIRPE

A Pilar D., minha amiga, 
muller sentida e gaiteira.


 

Fomos masa feita
de boa materia prima,
nobile genere natus
no noso ablativo de orixe,
desas mulleres fortes
e espelidas até o infinito
que ergueron o fogar
no que nos criamos
e do que elas sempre foron
lume de lareira
ao redor do cal se quentaban
todos os demais.

Forza infinda e vital
a do lume,
acendendo das cinsas
unha e outra vez
como se non houbese
queimadura consumida
nen cansanzo acumulado de
muller.

Tamén pra nós
há de chegar o día de fogueira sermos,
de atravesar un paso canadiense
dende esta nosa beira
e facer esvarar  nela
a todos os becerros
que ousen cruzar a fronteira
do noso reservado e sentido sentimento.

Paceremos daquela ledas,
lúcidas,
dende esta nosa beira,
coma as vacas ben mantidas
nos pastos comunais
que levan cara Mondoñedo
no final da vista.

Alá toparemos por fin
a Merlín e familia
pra beillar unha muinheira
ou un agarrado
en lume de repichoqueada foliada.

E honraremos a masa da que fomos feitas.











segunda-feira, outubro 29, 2012

ÁRDUA MUINHADA


Nom posso numerar
cada recunho de país
que me trae recordos,
infindos, coma
os bassia mille catulianos.

Os mesmos que agora soio quero
que sejam em por eles
sem mais companha
que a arquitectura
que forjou o povo
tempo há.

Difícil tarefa a de despegar
umhos doutros,
quasi tanto como
afirmar que nom sinto
o frio do inverno que
me açouta na cara
de manhá saínte a menos um grao,
com o Monte Segade xeadinho,
perlas de svaroski.

Dos muínhos que hoje descobro
aos da costa da Égoa
ou os de Celas, perto da torre,
moendo enriba da pedra
coma se noite de muinhada fosse...

Difícil tarefa a de despegar
umhos doutros
ou o beijo dum beiço.
Árdua muinhada a de
fechar semelhante pejadoiro.


AMPLIAR

             Um dos muinhos da Costa da Égoa, lá por Carral.





domingo, outubro 28, 2012

RE-MUINHOS NOCTÁMBULOS


Ontem parecia
tocar o ceo dende
abaixo
descobrindo
o olho do muinho
e o inferno,
aí onde os abovedados
som porta cara fóra
pra que a água decorra.

Hoje o inferno
parece cantiga
antes de descobrir
do muinho súas partes:
"No inferno há umha festa,
que ha fam os condenados..."
 Pechemos os olhos
pra que volte a semana
caótica de espídica
facendo xirar ao xeito a moa
e remate este domingo
no Averno do recordo.




N.B. A zona do muiño onde vai o rodicio chamase inferno, realmente é por onde sae a auga a gran presión e choca coas penlas do rodicio, facendo xirar deste xeito a moa, que realmente é a que tritura.

VERSOS DOS VERSOS (SEM REVERSO)

"Brétema pingona e mesta
como a noite de pechada.
Néboas que non se dan ido
mentres que dura o Inverno.
¡Semellan fume saído
das entrañas do inferno!"
Manuel María



Eram máis esboços cá poemas,
sem muita reflexiom.
O único que contava
era a intençom: ti.

Contaba-che no
derradeiro
que como os caminhos
da vida adoitavam ser incertos
aí ía o meu sentir.
Ventos anunciadores do marçal.

Mais nom o debim
despegar moi bem,
o sentir,
porque me fica todinho
na pel,
chapapote ençoufando as praias
e as túas mans
voltando negra a paisagem
de nube estatuada enriba minha.

Há días e días...
e noites...bretemosas!



OUTUBRO CARRETANDO SEUS DÍAS




Outubro vai carretando
seus días de folhas caídas
afalando-lhes aos froitos
e acalando os pendelhos
baleiros. Que se enchem.

Froitos pra comer
ou pra criar comida.

Quanta abundância
nos froitos
e a terra levando tudo
quando a choiva arrastra..

Quanta miséria
no horiçonte
e a caste política levando tudo
quando a choiva arrastra...

Outono que malia os froitos
nos deixa-ches abandoados
tirando umha a umha as folhas
da esprança.
Fai que se vaia forjando
paseninho, algum
dos días que ham de vir,
a primavera.

quarta-feira, outubro 24, 2012

ANIVERSÁRIO NO CASTRO


Era dia pra celebrar
no meio da semana.

Os homes
forxavam com esmero
a mesa posta
chea de viandas.

O Castro, portas
e fiestras abertas.
O muro,
em construçom.

A água que viamos
caer deste lado
dos cristais
era bautiço da futura
renovaçom da pedra.

As vaijelas
tinham comensais
que sentar á mesa.

O padrinho
ponheria cara de
neno inocente ledo
dende o buratinho
que tivesse elixido.

No Castro bulia a vida
de cônjuges em aniversário.



24/10/2012 
Comida na casa do Castro



POEMA A UMHA ARA E A DÚAS NABIAS


Na ara doada
a dificuldade na leitura
fosse talvez intencionada
com a resolta determinaçom
de loubar umha deidade
que soio pertencesse
aos incansábeis curiosos
sonhadores,
descubridores do mundo
sentados no borde da lúa
pra reflexar-se ne-la
e esperexer súa iluminaçom
aos demais.

Lux aeterna após a morte,
vencelhamento
de Navia com a lúa é,
em contra da acuicidade
atribuida a priori.

As águas som das mouras,
e Navia da lúa
lá no castro de Penarrubia,
lá no alto, onde case que esta
tocar-se pode cumha mam,
tornando realidade o sonho
de chegar-lhe.

Sonho de círculo perfeito
também o da mátria liberada,
asomando com A semente,
com a neonata variante Nabia.


Vista do monte de Penarrubia dende unha pena en Adai


segunda-feira, outubro 22, 2012

EM MAM COMÚM


Xanares, reloce em ti
o verde da leira que tes
detrás do balado,
inauguraçom de savia nova.

Os carbalhos que em ti
ficarom
serám com súas ramas
ouvidos
pra música que há de soar
na honra a tudos
os que um día
recolherom a folha da túa carbalheira.

Somos pobo,
temos memória
e queremos futuro
no (ar)riscado da nossa mam.
Em mam comúm, comunidade.

domingo, outubro 21, 2012

NA TERRA ENCANTADA


Colchom brando com o cometido
de partir-me as costas pelos cadrís,
de partir-me a ialma.
Impedir, noutro jeito, o descanso
que precisam meus miolos
ferventes e delirantes.

Chegou o día, 21-O,
e passou a romaria
eiquí e acolá.
Também em Chantada
foi día 21, de feira.

Merquei lá as flores
que hei cortar,
mestura do delírio
com um discurso racional
do que me sorprendo.

Ato cabos que decorrerom
pela ruta do románico,
pelo folióm dos bois.
Aferro-me agora a eles
pra sobreviver os tres,
quatro? vindouros anos.

Habitarei nas águas
dunha moura pra destecer
a lenda,
ficando na terra encantada.

Galiza, ti, oh terra, sempre!

Em voo de pajaro migratório
marcharám uns,
outras quedam (quedaremos?)
com o cravo do encantamento
no bico.

E chegará um dia de sol
entre dúas penas
no que topemos o tesouro:
descoberta de que o pobo
o é.



Dende aquel "Chantada, 26 de agosto do 2000", hoje desfago poços e nado gorguelejando pelo río abaixo...Sempre dixen que sou lenta em tudo, mais aos poucos, vou chegando ás desembocaduras!
Ogalhá também o meu país, algúm día...

Galiza, 21 de outubro do 2012.


sábado, outubro 20, 2012

CONTRAGOLPE AOS GOLPES???


Medo, raiba,
carraxe, impotencia (por tramos).
Mau agoiro, desesprança.

Auspicios de corvos que seguiam a bater suas ás
pra emborcar aos demais com os fucinhos no cham.
Coma se lhe baixassem a roldana ao porco
até roçar a pedra ensanguentada.

Nom queria.
Apretava punhos e dentes pra que fosse um mal sonho.
Nom queria de novo.
Espertou de golpe (hoje).

Nom queria saber.
Apretava punhos e dentes pra ver cumprido o efeito Pigmaliom.
Desconhecía de novo.
Só queria durmir de contragolpe (manhá).


N.B.: O efeito Pygmalion é atribuido quando os seres tendem a comportar-se conforme nós esperamos que eles se comportem.
N.B. 2: Contragolpe é o golpe que se antecipa ou destina a anular outro.

terça-feira, outubro 16, 2012

O vento será noso!


Galiza miña
Do abandono
Do ermo
Do silencio
Dos sulagados soños
Que abanean colgados
Dos piñeiros e carballos
Da Parediña e do Batán.
Galiza miña
Na boca dun vello
Que resiste mirando o tren
E dí, regresa!
Galiza, a alternativa
Está no vento teu
Na arado e na roda
Da túa historia.


domingo, outubro 14, 2012

DE CASTANHAS E CASTANHAÇOS I I I

"A castanha no ouriço
quixo reír e estralou,
caíu do castanho embaixo
mira que tumbo levou".

"A folla do castinheiro
cando vai aire o bandea,
tamén o meu corazón-he
(...) se pasea".
Cantigas populares.



Tres anos, tres,
de castanhas e castanhaços!
E a pesares de tudo
seguimos a quitarmo-nos
as castanhas do lume.

Reçava assim a intro
daquel livro-história
e as instantáneas
enchíam folhas de amor e país,
souto imenso
o dos recordos encadernados
nas folhas daquel magusto
forjado ao redor da mágia do lume.

Quatro anos, quatro
de castanhas e castanhaços!

Cinco anos, cinco...

DE CASTANHAS E CASTANHAÇOS I I

“Dende os tempos máis remotos, Galicia foi castañeira. Nas
iadeiras dos outeiros nosos, e nos vales, medraba o castiñeiro ou castiro, coa
sua grande copa románica, coa flor no primeiro verán que chaman recandeo.
(...)
Cando pasou o vareo e caen as primeiras follas secas do castiñeiro, o seu
destino é un destino humán e galego: “caen na terra e podrecen axiña,
mixturándose a ela. Pro os froitos son sabrosos e teñen unha dozura que lles
é mui propia”. Álvaro Cunqueiro.
 



Vém asomando o outono
dos magustos
anegando-me a pel
coma cancro que se estende.
Loita cara o exterminio da raçom.

Medo de que as castanhas
traiam envoltas o sabor da nostalgia
no ouriço,
espinha e tacto na simultaneidade
dum corpo.

Aquel outono fora primavera.
As castanhas vinham em cucurucho,
asadas e já peladas,
dispostas pra saciarmo-nos
da fame dos beijos da doçura.