Pesquisar este blog

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Poema velho em disco duro


Vim o atardecer ao espertar
Fendim a claraboia que daba á luz,
Ali estava toda para min
Erguida sobre un manto de concreto:
A voz de Simons and Garfunkel...
E quixem colhe-la para min e para ela,
Tecer nos dias desde un sacre coeur, inperenne.

Baixo o meu peito acender o ocaso
Ata o final dos dias Madrid cheirando a posmoderno
Á risa de neno pobre e a polgas sobre cam,
Ao orbalho fino que cae do céu sobre as estrelas.
Era unha pátria leve, a minha, sem himnos.
As bandeiras eram da cor dos olhos a mirar
Abertos e perdidos, arregalados, a outros mais.

Com o chisqueiro na mão o lume ardia
Sinais de fume, sinais a um mundo nunha tumba,
Sinais perdidos ao carom das coordenadas dunha flor.

Cima de Vila, mércores e catorce do dous mil onde.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Alborada

Triste por vir do que não tem nada
e cre ter algo, ser algo, estar socializado.
Ele pensa que ainda funziona o terceiro Estado
Que os guías de ninguém ainda levam estandarte.
Mas não sabe o que outros sabem,
que os embalses seguem cheios
e as anguilas no estanque.
Quantas vezes a alborada
a festa é triste sem saberem os que a cantam.

Pena Moa eterna

Esta poesía é para nós
que estamos aqui isolados
baixo o teito de madeira de Pena Moa,

Essa Pena Moa eterna
que somos todos na Galiza deste tempo.
Na do poeta marinheiro e na do labrego,
na do urbanita e na do Senlleiro.

É para nós que somos condenados
cada dia polo silêncio
do espaço e do tempo.

Nós que tiramos pedras aos monstros
de traje gris ciumento.
Que temos ainda os sonhos por descobrir,
Por pór em potencia.

Filhos da neve e da secura da ribeira
Netos do sacho e do arado
Desertores da play station.

Nós propietários para pagar
O onte e o manhã dos seus lujos
O presente da sua gula e avaricia.
Nós nin donos de nós mesmos.

Que soio servimos para ser estatística
macroeconómica nunha cela de excel
dalgum funcionário que obvia o flujo circular da renda.

Filhos da Pena Moa eterna.

Leviatham com pés de barro

Expulsa Sión de Celanova,
mozo nacional-popular de Palestina escrava.
Nin mel, nin dátiles, nin leite.
Dispara, mozo, pedras.
Xosé Luís Méndez Ferrín, Intifada.

Sem ofício nem benefício, vou
Caminho da marginação social
Em tránsito cara un futuro indigente.
O nosso futuro é ruas sujas
O nosso manhá são brétemas
dunha cidade pantasma
chamada Monforte.
E un val mágico sem chamáns
Umha caminho sem carros
Dia de festa sem alboradas.
É auga que se perde polo monte
com a presa sem limpar
e nas hortas a medrar herva.
Moços galegos da cidade pantasma
queimai caijeiros em Santiago de Chile
Queimai lixeiras e fazei barricadas
Fumai porros, debede-lhe aos bancos,
Fodei coma tolos, tede filhos para o progreso
Que abelás e carrolas deixou
meu avó prantadas na montanha.
O neno Jesús é galego de Compostela
Em o Obradoiro com o mariscal esta preso
Filho de umha puta e de um drogadicto
Ele é o meninho que eu quero.
Moços, tirade de pedras ás muralhas
que há no nosso montei baleiro.


ciclogénese



Tenho frio.
A noite dispara em min
em carne e osos
gelada fina azucarada;
Sínto-me diabético
a porta dunha pastalaria...
Ou durmido 
ao ulido do café.
Neva sobre a aldeia
e dim os velhos: 
a neve limpa a terra.
Mais meus osos sinto
com areias entre sí a renjer.
A neve é leda
O inverno traze árvores,
árvores espidas.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

RE-NASCER

Ve que está a agoniçar.
Nom quere evitalo.
Ve a tam sonhada morte
e delira de emoçom.

Ela mira-se no espelho
e ve um feto
a piques de nascer.

Ás súas costas
ficava o cadaleito,
agora pousado,
listo pra enterrar.

-Vegetaçom que renasce
em primavera-.
Há umha carbalheira
pelo médio da cal
se filtra a luz do sol.
Nasce a vida.

quarta-feira, janeiro 09, 2013

VERSO DE AMOR E DOR (profunda) *




"Como pasa todo
e volta pasar e repasar 
co seu xesto cansado e aburrido".
Os lonxes do solpor, Manuel María.

Coutar a morte na que vivo.
Morrer e vivir sen máis
cantas veces queira
ata que queira.

E así eu hoxe ODIO
en letras maiúsculas
AMANDO en outras
non menos pequenas.

E choro e río. E vivo e morro
e non por eso deixo de ser.
Así.
De ser. De ser eu, hoxe.
E de querer vivir,
inda que morra.

*Verso de amor e dor: por min, por ti, das psicólogas mozas sen traballo, da dor profunda...

terça-feira, janeiro 08, 2013

CORCHEA



Cando podes topar
a tranquilidade do mundo
nunha corchea na que deitarte
non importa
que todo o que venhan despois
sexan frenéticas fusas
-enteiras ou semi-.

Busca a túa.
Eu apelo na minha ao verde
espranza, leira, ribeira.
Muinheira.

quarta-feira, janeiro 02, 2013

MULHERES, HOMES, TRADIÇOM E AMOR *


 A construçom tradicional garda
sabios segredos, homes e mulheres
que se querem, a súa terra, entre eles.
TamBém as mulheres nos amamos e
os homes tenhem sentimentos a flor de pel.

O futuro caminha por aí,
para abrir galerias transparentes
nas cortes nas que antes havía
umha pequeninha xanela,
com umha única condiçom:
saber de onde vimos pra saber
a onde queremos ir.
Por iso é sabia i é bo conhecela,
a tradiçom.




* Versióm revisada

ESTADO DE EXCEPÇOM

Filme surrealista
pra começar o ano
do que a poeta nom quer
nem sequera esboçar um making off.

Jamais defenderei
de boas a primeiras
a força bruta
que empregam os animais
faltos de massa cerebral,
essa que fai da humana gente
ter conciência dos seus actos.

Hoje, excepçom justificada,
berro, porém:
bendita seja a nai que te pariu,
bendita sejas ti, irmá, companheira,
luitadora diaria, pacienciosa.
Mulher.