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quarta-feira, outubro 21, 2009

O teu recendo

O azul abraça-se com a auga

na escuma das ondas desta ilha

vulcánica da covardia amorosa.

Sem ti,

sem o frescor dos teus beijos

nem o sabor dos teus beiços;

e fico olhando o céu

na companhia da evocaçom

do teu lene recendo.

Ausência. Dor aguda na alma.

Almitis amorosa em salsa verde esperança.

Ausência. Verde sobre verde no horizonte.

Tamém os titans e Goliath fôrom vencidos nas fábulas para pobres.

Ausência. E Dalila fixo de Sansom um padeiro.

Avonda para mim ulir

a fragáncia dulcíssima da tua pele

e recreio o formoso riso de perlas da tua boca

no castelo intimíssimo dos meus felizes sonhos,

onde ti és o centro do universo,

a fada e a princesa,

a alfa e a omega,

o começo e o fim,

dos meus saudosos e cándidos contos.

E no borralheiro da minha quimeira

aspirada na safra do afortunado Hefesto

apago os sonhos do desejo coma cigarros,

quando, só, volvo acordar,

com a única companhia

do teu tenro e feminino aroma.

Só. Coma onte, coma hoje, coma sempre.

Só. Encarcerando na pituitária o teu perfume.

Só. Mas em ti, cravado ao teu recendo.

terça-feira, outubro 20, 2009

Egolatrías IV

Delirante danza, pústulas de pracer.
Ás veces a miña mente
(heroína asasina de soños)
agocha entre medos o meu clítoris.

Parsimonia doce dunha mañá entre sabas:
Caricias
Durmir
Bicos nas costas
Durmir
Masturbación mutua
Durmir
Sexo
Durmir
Fame
Espertar pegada a ti.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Santa Cruz de Viana

Leiro verde de Bargo

alfombra pastosa de Verao,

outoniço húmido de Primavera,

lentura a que lhe dam o peito

os miúdos regatos

que locem e assobiam

com a luz do sol.

Em ti caem belotas

em ti bágoas as nuvens

em ti a avença

em ti sempre eu.

E olho desde a porta da Purreira

as veigas de Viana que vam morrer ao Asma:

serpe minhota nascida em Matança,

devesa de oucas, souto de troitas,

onte pescadaria dos pobres,

hoje marsúpio de presas e moinhos caídos.

Presas e presos do tempo

pola era que já nom é.

O Faro enxerga-se majestoso

e no lusco-fusco fala-lhe à Lua,

quando o Sol se deita em Camba

e nom pode ouvir as cantigas,

sacras e profanas, da montanha:

berço de Joám de Requeixo,

torre de homenage de Chantada,

atalaia eterna e gastada

desde onde um dia se olhará

umha nova Galiza:

a Galiza outra volta galega,

a Galiza libertada,

a Galiza que os meus olhos

talvez nunca verám.

Eu irei-me antes ou despois,

vós Faro, Bacelo, Bargo,

Purreira, Seixo, Sol e Lua

seguiredes na vossa eternidade

como testemunhos da minha vontade,

nom a derradeira,

mas a minha única vontade:

que em vós fiquem moças

e moços e velhos e nenos

e que essas moças,

moços, velhos e crianças

construam umha Galiza soberana

sem marcos nem hierarquias,

sem preitos nem trabucos

com galegas e em galego.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Egolatrías III

Cando te vas enriba de min
o teu ronsel quente cálmame
a túa satisfacción faise miña
desgastada como unha árbore cansa de clorofila.
Puntas de satisfacción mesta en vírgulas de paixón
só provocada cando a masturbación é a dous.

Ceavoga:
Como un beatnik preso da súa propia regra:
ningunha.

Coas túas sacudidas soñei,
embriagada en horizontal

Perdida no desexo, por Nós cega.

ab ovo usque ad mala

"...Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"
Carlos Drummond de Andrade


No silenço da noite um neno berra,
Pés espidos caminham pola raia branca
dumha estrada quase eterna.
Os meninhos choram e á alba
súas nais apertam-lhe a mao
com máis força.

Lobos que auleam e coelhos que bulem,
No meio do caminho há muitas pedras
e nós somos sem sabe-lo a primeira delas.
Pedras do caminho que moem
coma cabalos de Atila!
o ceo dos sonhos e a testimunha das feridas.
E somos eterna pedra no meio do caminho
sem sabe-lo prantando noite eterna
nos olhos e maos dos que sofrem e choram.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Hípica de Vénus

Cavalo vermelho do trotar doce,
louco conselheiro de mocidade,
tímido e veloz corcel cándido;
acolhe na tua montura a minha vida
e leva-me por cima do Faro
até os confins da antiga Finisterrae,
onde aguardam os sonhos da minha amada
numha artesa liviá e dourada.

Permite-me, cavalo desbocado,
alcançar a pele celestial do meu anjo,
o colo terso, lene e tostado
dessa minha admirada mulher.
Acolhe nos teus braços este ginete
e tracejemos arredor da lua
círculos cántabros de amor
chuchamel, oxigénio, prazer
e um eterno desejo de volver
a passar os beiços pola tua
feminina e frágil silueta.

Em quantos nomes vives,
cavalinho da andadura encarnada?
Em quantas mulheres te vim?
Para nada. O cavalo do pensamento
corre polas areias do dia,
tu, cavalo do amor,
só me colhes em sonhos polas noites
e fico em silêncio, apeado,
durante o ardente reino de Apolo,
covarde, sem folgos, calado...
no meio do ar putrefacto.

domingo, outubro 04, 2009

Versos a vinte pesos o canado

Azul. Mar em diante.
Imenso, profundo, distante.
Azul. Concentraçom salina.
Vinte metros de sal em gramos.
Vinte pesos de amor a granel.
- Aqui no se vende al por menor.
- Perdoe o senhor.

Umha circunferência trepa as ondas
e a escuma fai fervenças nos teus seios,
gelo, gelo, gelo, nata e amorodos;
Martini bianco e carmim:
gaivotas de discoteca,
crocodilos com cornos,
copos, copos, copos
- Aqui no se vende al por menor.
- Very well fandango.

Os cabelos da praia mexem-se
ao som de bafos partilhados
e a húmida areia pressagia
umha dramática – estática – patética
alborada.
Pinha colada e carmim:
aqui nom passa nada,
gaivotas de discoteca,
copos, copos, copos.
- Aqui se piensa al por menor.
- Yes, of course.


quinta-feira, outubro 01, 2009

O imenso céu sobre a terra
deita pingas velozes
sobre as pedras e os homes.

Os homes habitam a Terra
e consome-na com voracidade
sem deixar pedra sobre pedra.

Home, pedra e terra:
pulvis est et in pulvis reverteris,
sonhos de imortalidade
afogados no esterco
das velozes asas do progresso.