Pesquisar este blog

terça-feira, junho 30, 2009

Etnocídio

«Puede ser que haya otro mundo dentro de éste, pero no lo encontraremos recortando la silueta en el tumulto fabuloso de los días (...). Ese mundo no existe, hay que crearlo como el fénix. Ese mundo existe en éste, pero como el agua existe en el oxígeno y el hidrógeno, o como en las páginas 78, 457, 3, 271, 688, 75 y 456 del diccionario de la Academia Española está lo necesario para escribir un cierto endecasílabo de Garcilaso. Digamos que el mundo es una figura, hay que leerla. Por leerla entendemos generarla», Julio Cortázar: Rayuela.



Aldeia, aldeia velha
corredoira de Sam Joám
por onde passárom as flores
no colo das bágoas do luar.

A peneira de História
segue separando o grao da palha
na terra encantada
dos bonecos de lá.

Quem enfeita a tua faciana
de vermelho e de esperança
se os teus filhos cándidos
-petrúcios mansos coma bois-
CALAM, CALAM, calam, calam?

O sol -manso boy bermello-
pasta no verde das ágoas
.

O verde das nossas leiras
reclama a liberdade
no sol-pôr dum povo
morto de morte matada.

Aram os bois e chove
e levamos séculos com o mesmo jugo,
até estamos já tam afeitos
que nom precisamos dignidade colectiva
nem muito menos direitos.

Ou, Galiza boi de palha!
Aram coma sempre os bois,
dim-nos coma sempre que chove,
mejam polos teus filhos e calam.

sexta-feira, junho 26, 2009

Além modernismo

A Antom, afiador senlheiro dumhas fouces que sempre forom nossas. Nós S.Ó.S

A noite, o monte e máis eu.
O silêncio, os grilos, o lameiro.
O verám, a noite máis longa,
O día máis frío e o sol.
A ribeira e o trem.
A intempérie, os olhos e o medo.
a gente, os berros, a orquestra.
Os nenos, varilhas, os bailes.

Eu, o monte e máis a noite.
O lameiro, os grilos, o silêncio.
O sol e o día máis frío,
a noite máis longa, o verám.
O trem e a ribeira.
O medo, os olhos e a intémperie.
A orquestra, os berros e a gente.
Os bailes, varilhas e os nenos.

Máis um, máis dous, máis tres.
Seis.
Máis quatro, máis cinco, máis seis.
Quince.
E um, máis um, máis um.
Tres:
Ronquidos, galos, ladridos.
O trem, o chiflo do trem, os grilos.
-Ás néboas, o ceo, as estrelas-
Os sonhos de Areas,
A tinta das mans.
Os tojos -e o cola cao- da manhá fresca:
Aquela.
O monte, a noite - hoje- e máis eu.


terça-feira, junho 23, 2009

Pós-modernismo

A Jorge, pirata das leiras que ainda som nossas

Se eu fosse poeta, ou poetisa, ou poetastro
cantaria às flores, as margaridas e às meninhas bonitas
e ao meu pixo excitado cos colhons de arrastro.
Exaltaria as bondades deste maravilhoso mundo
e até diria yo soy rebelde porque el mundo me ha hecho así.

A inconsciência é a pior das cegueiras
a consciência a maior peja da felicidade.
E eu poeta atemporáneo
consciente da inconsciência
deito lixo no papel
já que vivo nunha esterqueira
chamada sociedade (?) galega.

Discursos perdidos

Inmensas caretas/maniquís bailam a fume de carozo
numha messa prenhada de auga em potencia;
As miradas alampando as portas da alma
e os beizos enganando a pensamentos orfos.
Ás barricadas nom estám acostumadas
para esta noite que respira a violencia
dos elementos elementais da nossa ansia.

Eu som abastracto, eu venho da abastracçom.
Ela me pare e ela me da de mamar e me calma.
Eu som poeta da minha cassa e da minha habitaçom.
Eu miro fotos oxidadas mas nom extranho em nada:
tudo quanto me foi roubado polo devir da auga
no rio lethes onde se esquecerom os soldados da batalha
ou simplesmente nesse regato no que bebiam as vacas.

Mas que lhe importa a quem esqueceu a existência
e nom sabe ler as nossas pegadas nim as nossas estrelas.
Se o mundo é gravidade pode que seja inércia.
Mas que máis da falar ou estar calado agora
quando já nom se ouve na terra das ágoras
o discurso podado e relançado do profeta de Nazaret.
Os tractores tomaróm as rúas,
figerom a alba de gloria pola súa conta
sem avissar a niguém, sem ruido,
cinguirom aos torpes peóns de tírria
e dijerom-lhes as facianas de espanto:
Nós somos o teu corpo de cristo
que chupas e chupas e deijas sem sangue.
E na verea que leva de dereito,
á rúa da poetisa maior deste Reino
cantarom por fim cantares perdidos.
Dijerom aquelo que ninguém se atrevía:

vivimos!

Fechada queda hoje a boca da pleitesía,
Ardendo está o cadaleito que nos figerom,
Relámpagos de luz aiream as empolvadas rúas,
As golondrinas volvem a tocar na túa janela.
Alguém sabe que o lume dos curutos
saltou dos sonhos as leiras, das leiras as rúas
e... já esta chegando as conciencias.
Os tractores volverom traendo consigo
olor a terra, vaca, aire, paz...
Queimando chapapote negro é miserento
troujerom consigo a voz da aldeia á cidade triste,
a última virtude fujida voltou a terra.
Veu a ledicia, a comunidade, a aurora.
Voltou ser o tempo o que era e prendeu
sem quere-lo a história de novo no tempo pressente.
Passou, passou, passou, é certo!
que os tractores voltarom ó rego!

Pau bulhado

Morrerei de inaniçom
mirando um pau bulhado
polas cabras da manhá cativa,
no inverno.

Os demáis nom me fitarám
sentado fronte aos bares,
esquecendo já a revoluçom
que nunca fijem.

As linhas já nom partiram
para que eu fuja ao refugio
do velho mastil que surca as olas,
por min, para que nom me desgaste.

Um corvo velho com ás serradas
pola brétema e o frío anunciando
que nom fum quem de proclamar
ás minhas ansias.

O nicho e o enterrador
estarám com os olhos abertos,
o lecho1 sonhará já cum novo enterro
para polbo e vinho, para feiras sucessivas.

Morrerei de inaniçom
por nom fita-las pegadas,
por nom saber delas,
por nom cuidar as arvres da cabra.

(1) Home da minha terra que recive umhas cadelas do cura por tocar as campás antes de cada enterro, tem umha discapacidade psiquica debido a umha meningite que lhe de neno e sempre che di aquelo de: Nom has morrer nunca. O seu mote deve-se a pergunta de: Como se chamam os fentos em castelhano? e el respostou: lechos ( em vez de elechos). Vaia umha lembraça garimossa para el aqui,o manolo das cabras, que tanto lhe gostam o polbo e o vinho nas feiras dos dias um e quince.

segunda-feira, junho 22, 2009

BALIZA
daliza*
GALIZA
PALIZA
taliza*
CALIZA
E os pretos e mais eu
fomos ficando S.O.S:
sem BoDeGa e sem PaTaCa

BEIJOS

«Un poema é un nó que o poeta fai para non se esquecer de algo moi fremoso, mais tamén moi fuxideiro», Rafael Dieste.

Um beijo é um r
a i
o
no taxímetro do amor,
umha mecha acesa
anunciando com faíscas de sorrisos
a explosom dos sexos encontrados.

"Dónde están los besos que te debo
en una cajita
que nunca llevo el corazón encima
por si me lo quitan".

Pola manhá tam só nos fica o recendo,
a fugaz lembrança dos beijos idos;
e os beijos serám chegados.

Nossa querida casa abandonada

-Na lingua está a arvore genealógica dumha naçom
Samuel Johnson




Estamos sós
neste casa em ruinas,
a terra treme e as pedras
ameaçam com chimpar
sobre as nossas testas
verbas doutro idioma,
o sonho eterno no seio de abraham.
Vinhemos a esta noite
a seguir caminho um pouco máis
com os pés marcados polas silvas.
Regueiros de sangue diram-che
o caminho que leva o nosso berce.
Nom renegamos da carne
senóm que o fazemos da peste,
da ingenuidade dos traquilos
e da fame dos traidores.
NÓS somos os que vinhemos
paseninho e com acento própio
a esta noite sempiterna sempre nossa.
Decididos a morrer ou a vivirmos
postergados na herencia dos nossos velhos.
Nós perdidos que nom vemos
que nom ouvimos nem cheiramos
a chamada do progresso,
nós conservadores dumha essencia.
Nós cans sem dono
dos vieiros desta longa noite de pedra,
desta pátria ferida que berra.


A língua é a minha pátria!

sexta-feira, junho 19, 2009

Um morno chá das cinco
E muitas vozes femininas
Falam de panos
Novelas
Sapatos
perfumes.
Ah! “A vida é bela.”
Não sofrem por amores.
Apenas ao entardecer
É que se queixam de dores nas pernas.

Ai, quanta inveja dessas mulheres
Costuram ausências
Calam desencontros
E flutuam na vida
Sem sobressaltos.

Carolina

terça-feira, junho 16, 2009

sábado, junho 13, 2009

O medo

Que palavra tão pequenina
Guarda em si a descoberta do mundo e do ser só.
É tão primitivo o medo do escuro
Que esquecemos.
Com o tempo
Medo disso e daquilo outro
Mas no fundo
É só mesmo o medo do escuro.
Quantos anos se passaram
Tempo de sobra
E o medo ainda me assombra.
Entra porta adentro
Bate na janela
É um vulto,
Um fantasma
Ninho vazio
uma criança e seu desejo de colo,
Um sonho ancestral dizendo
Vai, medo, vai embora para sempre.

Carolina

domingo, junho 07, 2009

O jogo bonito... das pistolas

Joguemos em coro
cantando e saltando
na cordinha do céu
do mundo falsário.
Colhamos todos a umha
metralha e granadas
matemo-nos nenos
por trás dos salgueiros.

E a muniçom canta:
África, África, África!
Suave que me estás matando
e a Vaquinha mansa
de Cesárea Évora de pano-de-fundo.

Deixade as escolas
e colhei as pistolas
pum-pum-pum
pam-pam-pam
matai que nindiola!
Matai baixinho
-ninguém vos oia-
que os brancos nom jogam
com as suas pistolas.
Morrede em silêncio
-ninguém vos ouça-
crianças sem infáncia
no continente negro.

Ai meninhas se, vida!
Chorai ao calado
e tragai saliva,
que lhe preste ao soldado!
Joguemos garotas,
joguemos caladas
com as pernas abertas
de sangue manchadas.
E de sangue manchadas,
de sangue africana
que joga ao brilé
com minas de Espanha
e gente sem pés.

E a muniçom ouvea:
África, África, África!
Pasión gitana y sangre española,
el mundo... en una caracola.
E o touro de Obsvorne, o torito bravo
do Fari vai ao futebol
com as calças lavadas
e a ceia preparada.

Galiza, Galiza, Galiza,
coma em Irlanda
ergue-te e anda, ergue-te e anda!!!

terça-feira, junho 02, 2009

(É dia 1)

Fico só, abandonado, a tarde nom me di nada.

Os caixeiros ininterrumpidamente repartem os suspiros

do día primeiro deste mes soleado.

Há feira por certo em ferreira (É día 1)

e eu lonje das casetas e do vinho.

Ninguém me aprende nada

e os barcos naufragam com eu só.

Umha nuve no ceo limpo,

Umha verba no silêncio,

Um ¿poeta? na inmensidade

das rúas atarecidas de sede e fame.

Quem dis que tem fame?

Eu nom quero ser niguém.

Felices os que choram

A cidade esta-se decolorando;
As linhas das estradas desdibujan-se;
As mulheres caminham semi-nuas
sem companhia desejável nem aparente.
Os menihos nacem com a mirada empanhada;
Os mestres do templo levam a lei com eles...
Mas nom a prestam nim a empenham!
O bom do A.L.R. jace presso (e nós filhos do capital)
e nós com a esperanza por pensarmos:
Felices os que choram, pois eles serám consolados

O mundo esta-se des-tinguindo
tal toalha de Portugal azul que
com o amor se volve rossa ("trionferá")
Felices os que choram...
O mundo tose acatarrado de epidemias
de quimera e velenozonte transitorias
que se renonvam cada día na fogueira do consumo.
As baleias chegám a praia desorientadas,
perderom o norte e o sur pensando em placebo.
Passam e passam e volvem a passar
os peixes pola boutique por ver a Deus nadar.
Nom é ninguém, nom é nada , nom querem saber.
Os mesmos de hoje serám os de manhá;
Estaçons de trem que fam later o coraçom
trasplantado cada ano a esta amofada cidade.

segunda-feira, junho 01, 2009

O destino dos nossos netos pretos




A descoberta dos impulsos
dum touro obscuro
atafega e assassina
a anterga vaca
com a brilhante faca
reflecte de heresia
solar dum Prisciliano
entre pretos, mouros e brancos
no horizonte de 1984 apagados
- ATENTOS! BRANCOS PARVOS,
SENHORITOS ACOMODADOS-.

Os raposos em tobeiras
erguem púlpitos do associal
e em ichós neoliberais
espicaçaram as próprias asas
inocentes futuras crianças
que solicitam
- ATENTOS! BRANCOS PARVOS,
SENHORITOS ACOMODADOS-:

um naco de pam,
umha bola de milho,
umha taça de caldo,
um copo de leite,
um peito para sugar,
um sacho para cavar,
a leira que tenhem de sementar
e um AK-47 para o pandeiro tocar
TANG! TANG! TANG!
n' a tribo das baleas
e nos nossos dentes cúmplices.

Vacas grossas, vacas fracas
no Congo, na Nigéria, em Madagascar
na Galiza invisível dos sem teito
e no coraçom do império.
Como José sonhou em Somália:
pescadores after Bush., piratas before Bush:
- ATENTOS BRANCOS PARVOS,
SENHORITOS ACOMODADOS-:

nom vaia ser que virem as tornas
e os netos dos aburguesados operários
(pollitos bien e PRIMEIROMUNDISTAS)
tenham o rosto branco,
o coraçom e o chao preto,
e no estômago um buraco
talvez e só talvez coma em 1984.
- ATENTOS OPERÁRIOS
AO AK-47 OS EXPLORADOS
E OS FILHOS DO PROLETARIADO!