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domingo, julho 31, 2011

Sursum corda



I.
Umha selva virgem
de espécies insinuadas
mestizadas polo devalar
da Estória,
Transitam na face
deste reino, de taifas.

II.
Eu quero trabalhar
fazer da minha vida
umha vida onde poder
erguer umha história
que seja minha.

S o n h a r ,

com ter máis
e nom ter menos
com ir a máis
e poder mercar-lhe
a um meninho
umha bolsa de pa ta cas
f r i t i d a s cando a estaçom
esteja pechada no inverno.

Eu  fazer , constru ir
a minha identidade social
ter um algo polo que dizer
som eu, aquel que é o que fai
psicóloxia de h omes
buscando um aquel.

Mas é cri se
homecrise de pa ta cas
fri ti das em esta çons a bertas
cara o lugar onde ninguem

vai
vai 
vai- TE

é lerne noite
na amanhecida
é azul cobalto 
no coraçom
é pandora malcriando
aos seus filhos
por umha zanahoria
por um pao 
um saxofom.

Vou,
Vou
Vou

por umha selva 
selvagem
matinando entres as feras
que som
que es
que é
identificaçons sociais
do que som
e do que querem ser
Prévio pago de 
suor
tempo
tenhem a costa de 
pa de cer
mas nom som
coma na minha selva
sofri dores sem terra
que arar ou sementar.

Estou
acendendo umha bom bilha
em hallam ou saint John street
com a suor de
geraçons enteiras
que me trouxerom aquí
e que possívelmente 
nom volvam vir.
Nom podo ser
quem quero ser
tenho que ser o que som
um ninguem coma quem diz
um balbino tirando pedras
ao baleiro espaço da devesa a rrin ca da.
E vou,
indo coma quem vai
selvagem
entre selvagens que si podem
ter
um contracto social.
Um acto social
um sonho de esperança
queimado na caixa das virtudes
que já se marcharom
ao candor dos deuses
que matarom aos 
meus.meus.meus.meus
Esta noite 
é a noite
é a noite
a noite é
na que matino sobre nós.
Nós sós 
sós nós 
o barco nós.
os meus sós nós
os que se forom 
os que aínda som.

quinta-feira, julho 28, 2011

Férias feriadas de verao

Orfeu lisca entre a tremosa corda
da insegurança
dum peito que já nom é o meu.
Perante o abismo do futuro
erguem-se os interrogantes e o medo
como coro trágico da mocidade galega
como preságio saudoso
dumha vida  que maltrata os valentes
e condena na incompresom os generosos.

E aqui jaz Antom Fente Parada
em parada cárdio-repiratória
saudoso de saudades morrinhentas 
ecoadoras dum eco que se apaga
no desengano cruel da aprendizagem vital
sempre inconclusa.

Som pedra tenra de sentimentos
que guardo numha artesa
sob as sete chaves do medo,
da inquedança,
da incerteça,
da insegurança,
do amor,
do desamor 
e da esperança.
A chave mestra já nom a tenho eu...
perdeu-se no estantio das estrelas
onde Antom Fente nasceu e morreu
metido num quadro fotográfico
composto de pena e de amor.
Nom há bágoas neste passamento
só o teu nome marcado a fogo
na apodrecida tábua do meu peito.
Longe ouve-se umha voz...
se calhar fala de reencontros.

Velho paxarinho conta-me hoje
junho de 2011
que foi daquele rapaz rebuleiro
que tu conheceches
e que eu esquecera.

 Di-me como lhe foi.
Se algumha vez foi feliz
e por quem derramou as suas bágoas.

Dá-me conta das suas arelas
e se ainda vive entre os cínicos
en convívio com um galo sem penas
com as mulheres e homens de Platom.

Talvez nom vejas isto no teu ninho
e os vossos coraçons
-páxaro sem asas nem peteiro-
estejam soterrados no ichó
descarnado do desespero.

domingo, julho 17, 2011

Ave Caesar


Ave, Caesar, morituri te salutant 

Odeia-me com essa carragem indiferente
Faz-me bonecos budú e arrastra-me
É possivel que a fim e ao cabo nos comam
a todos os no nicho os vermes.
Odeia-me sem paixom
Faz-me da minha pel bombos e tambores
Des-pelexa todo canto digo
antes ou despois importará
que terás raçom. Has ganhar.

quarta-feira, julho 13, 2011

O filho da terra

"Trabalhar, Trabalhar, deica cegar lhe enxordar"
Uxío Novoneyra

γη έργο
Filho de labregos,
neto também o é.
Um ninguem coma quem diz
Nascido por obra da espécie
maiormente máis evolucionada
para o caminho lento da súa extinçom.

Filho de labregos em París,
Neto também o é em Madrid
Bisneto o há de ser em Londres também.
Um ninguem coma quem diz
mirando a través da eternidade extinta
das geraçons erguendo ribeiras a mao.
Sempre serás, Γεώργιος
Nom se posse deixar de ser que se é. 
E ti quem queres ser?

RAIVA DEFCON-1

Nom sentides manos e manas
Essa raiva’acumulada?
Tenho-a’eu cá entr’as entranhas,
A ferver, mesmo nom pára...
Mas contodo
(Quando’o ouço m’incomodo)
Muita gente diz’agora
Qu’a’injustiça faz a norma
Que de sempre foi o conto
Nem há cámbio que se poida,
Que s’entenda
Por palavras mais singelas:
Bem s’atura tal tragédia
Já nascemos todos nela
Mais sofremo-la sem queixa
E direi-no pola mesma
Sem que seja tam confuso,
Pois no fundo
Há’equilíbrio neste mundo.
Tás maluco?
Todo’é tam escuro’e duro
Como nom acordo nunca,
Isto’é merda, estado puro.
É momento
D’os pomares darem fruto
Mas tá podre de maduro
E nom dá mais pró futuro.
Que’aguardamos?
A que falem nossos amos,
Recebermos seu bom grado
Pra cumprí-lo de contado.
Ainda máu,
É melhor este tirano
Qu’algum outro desgraçado
Qu’há de vir jurar o cargo
Pra correr-nos à pancada.
Traga bílis,
E que baixe da garganta
Como’é uso nos escravos
Ao’acabarem a jornada:
A miséria nem exige
Subcontrataçom,
Tá’isto bom!
Nem me quadra
Este jogo coa baralha
E’a vocês meus camaradas?
Neste jogo quem mais ganha?
Por agora
Ainda temos benefício
Mas s’esgota, polo visto
Fica’apenas sacrifício
Neste mundo qu’herdaremos,
Sejas pobr’ou classe meia
Venceremos
Apesar desses que dizem
Que tá’a cousa muito feia,
Diz que nada poderemos
Ainda que nos lev’o demo.
Que safoda!
Essa classe dirigente,
Psicopata’inteligente
Que nos quer meter o dente,
Olha’os mídia,
Mercenários dos d’arriba
Qu’assassinam com mentiras
Pessoal muito’experiente
Co’argumentos sempre prestes
Pra’encantar os inconscientes
Co’essa língua maldizente
Que nom fala quanto mente.
Tám à vista
Embusteiros muito’austeros
Que nem gente considero
Deles mesmo nada’espero
Que nom seja desespero.
Som dous passos
Os qu’agora mesmo restam
Pra que arda toda’a merda
D’opriminte pestilência
Qu’escaralha’este planeta,
Merda’astracta’amais concreta
Inflamável como’a breia
Qu’amanhám explodirá
Como’à noite de Sam Joám
Pois parece todo calmo
Mas é’anúncio de tormenta.