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domingo, dezembro 27, 2009

Liberdade dos Sonhos

O silenço, a lúa, as estrelas, as brétemas,
todo em ti e nada fora de tí noite;
nas túas ás prateadas limpamos o horizonte,
nuvens sobre as que galopamos
em busca das princessas.

Os montes, as arvores, as hervas molhadas
o fulgor prateado das túas bágoas
dizendo-nos que existe o sonho e a paz,
o val misteriosso e os mouchos falando do amor
com as pegas cantadoras.

A terra suando, o sol agonizando
ó parto desasistido dos seus filhos.
A alba de gloria e as ganas de prender
dos pequenos carbalhos herdeiros
desta tradiçom sem tempo acordado.

Os homes e mulheres tras de ti
querendo esculcar nos teus adentros
a raçom dos bicos e das caricias,
o sonho dos que dormem e o sonho dos espertos
a terra prometida dos tolos e dos que choram.

Esta é a tua patria noite, esta é,
a liberdade dos sonhos.

Re-Moe

Caminham o meu carom moitas gentes,
nom me som alheos um por um a cada paso,
caem do ceo em cada milimetro silentes
mentras imos, na noite pecha, andando.

Paro-me, a praza está fitándo-nos,
vendo os nossos apagados sonhos
no subconsciente com mil chaves fechado.
Esta-nos fitando desejando nom namorar-se.

Sento-me, passa um guerreiro, no éxtase.
Passa Dulcinea e Sancho Panza em trance.
Muinhos, som muinhos, mas já nom há muinheiro.
Perdeu-se Arturo buscando Santa Maria do Cebreiro.

A praça fita-nos, desejando nom namorar-se... oh muinheiro!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Egolatrías VI

Perdida nas túas penetracións pétreas,
todas as felacións tiñan un motivo
ese cheiro que desprende o teu falo embriágame.

Cántaros de lume húmida
Cántaros de paixón tenue
vestida ou núa sempre en Clave de Sol
danza de negras e brancas,
un ritmo cambiante.

Herdómana de días ou anos.
Non importa.
O tempo xuntos non existe.
Só sensacións.

Lamer, lamer e lamer
a túa voz ignífero do meu ventre famento
Da vitoria foxen os meus anxos autodestrutivos.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Resumo

Azul.
Branco.
Vermelho.
Três cores para um coraçom
doído polo vermelho e o amarelo.

Quando ninguém entenda
as tuas palavras,
quando todos se mofem
do que és,
esquece a dor e voa
por cima das ignoráncia.
Ti apenas escreve,
ESCREVE! ESCREVE! ESCREVE!

Se queres saber quem som eu
esquece-te do que és
e pensa o que serias
ti sem língua nem sentimentos.

Narco-muinheira

Narco-muinheira em descordo.

- O poeta joga com as palavras
e cria jocosas narco-muinheiras
em compás de oito por seis,
romanças em cadente sostenuto.

- O poeta debuxa no ar sentimentos
e risca na areia versos fedentos
de sentido romantismo trasnoitado.

- O poeta cheira coma os xofres
e trasfega melodias mamado
com a ama mamada de olhos verdes.

- O poeta vai canso e sem esperança
pola infame carrilheira da vida,
só, berrando em silêncio
pena, pena, pena!

- O poeta sobe ao monte
por ver se topa a um semelhante
que entenda de onde é que vem tanta dor.

- A soidade, poeta companheiro
vem com as cegonhas de Paris,
a esperança e o humano
venhem desde o SUL em carromato.

- Poeta, para fazer bem o amor
“hay que venir al sur”.

As esperanças perdidas

EPÍLOGO A UMHA TRAGÉDIA DESCONHECIDA

Quando era umha criança pensava que a vida era um jogo mais dos que tinha eu na casa. Com os anos aprendim que no sistema capitalista a vida é umha competiçom em que ganham sempre os mesmos e em que os derrotados, as classes trabalhadoras, somos os seus joguetes. No socialismo o joguete vira-se mulher e vira-se home e a vida, quiçais, tam só quiçais, poda volver a ser um simples divertimento porque só umha vida saboreada em liberdade por um próprio merece ser jogada.

AS ESPERANÇAS PERDIDAS: a tragédia.

[Personages: Fingidor, Coro e ti].

[Tempo: o do pós-modernismo oco, o da ignoráncia feita ciência, o do narcisismo extremo, o do pseudo-progresso como ciência, o do fim da história, o da globalizaçom ultraliberal...].

[Espaço: umha taberna ou furancho feita numha antiga corte, onde um moço com boina vomita continuadamente umha mistura de bile e vinho. O Fengidor vestido com mono azul cheio de graxa, com um martelo e umha fouce ou com umha rosa e um fussil, sai a cena e a luz vai esmorecendo. O público escuita risos de lata in crescendo e sombras de corvo projectam-se no teito. O coro tem voz de mulher e no último verso o leitor ordenara-lhe à banda municipal de música que comece outra tocata “entre flores, fandanguillo y alegria”... ao fundo arde a universidade pública e as cisternas dos camponeses carregadas de leite nom dam feito para apagar a morte da Ilustraçom e do seu “Sapere aude”].


[FINGIDOR] – Derrota, chamam-te assi meu amor,

nom tés pais, só filhos: os raros, os tolos, os ninguéns e os miseráveis:

e o meu nome perde-se no murmurar das polas.

Fico só, na cidade, coma a folha mexida polo ar.

Só,

sem desejo nem vontade dum SOS.

Só,

com o coraçom enxuito de sangue

mas encorado de bágoas

e ancorado na infámia. Saudade.

SAUDADE. SÓ. SAUDADE. SOS. SÓ.

Canso.

Canso coma o boi que abandona à noite a nabeira.

Só,

vencido e, coma sempre, derrotado.

[CORO] – Galiza,

é difícil ser teu filho.

Derrota,

é difícil ser teu amante.

Esperança,

“nom sei quando nos veremos”.


[Fingidor] – E na flor da minha vida

ecoam já em alegre andante

os meus sonhos, a minha voz

e a minha adorada Galiza derrotada.

Eu, Galiza, cativa e desarmada

a minha eterna utopia,

proponho um brinde:

[TODOS] – polas esperanças perdidas.


Outeiro, Santa Cruz de Viana, Nadal 2009.

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Quo vadis?

Como sobrevivirei a este mundo
cheo de ovelhas comestas polos lobos...
Hai lobo lobito bueno vai pola escopeta,
que che pego um tiro.

Viram para nós carnizas
entre os arrincados olivos
nas terras perdidas dos velhos validos.
Virám farturas, viram verdades.

Como andaremos ergueitos
com as cruzes no lombo e,
a dignidade nos peitos.
Como, como e como comeremos ó medo.
Como sairemos á luz da caverna.

Abraza-me, mira-me, acompanha-me
um pouco máis antes de que comezem
a golpear pantasmas as tuberias do edificio,
velho, que está a ponto de caer.

Onde mirarei á hora da fim deste film?
Onde iram os sonhos e onde quedarei eu?

terça-feira, dezembro 01, 2009

Sonhos


Figuras sobre um fundo negro
bailam num cérebro durmido.
Vivenças, impressons, caminho.
Palavras novas e velhas
futuro e esperança;
silêncio, noite, medo,
sono com sono de sono.

Sonhamos na escuridade,
sonhamos na intimidade.

No mundo da fantasia
eu quero sonhar esperto.
Sonhar coma utopia.
Aprendamos os dous a sonhar
e conhecermos a humanidade,
o mundo real e a verdade.

E a utopia fará-nos nossos e livres.

sábado, novembro 28, 2009

O vento




"Yo no creo en Dios, ni en los milagros.
Sé que el día que me voy a morir, Dios se va a olvidar de mí.
Eso es seguro!... Y lo más peligroso para los años que vienen son las sectas
y los populistas que van a utilizar a Dios, para llevar a la gente al caos,
y a la nada y a la edad media, a todo lo que pensaba yo
que ya estaba detrás de nosotros." Manu Chao, Documental "Clandestino", 2000





Os pais falam galego
os nenos falam castelhano,
os dependentes atendem em castelhano
e chove e trona em castelhano.
Molhas-te em castelhano.
Os coches aceleram em castelhano
-contaminam a atmósfera em galego-
e as bicicletas pedaleam em castelhano
e os biciclistas suam em galego.
As hamburguesas comen-se em castelhano,
os cartos soam e voam em castelhano.

Pola fronteira vai e vem o vento:
Em galego ou castelhano?


Os autobuses circulam em castelhano,
os olhos chiscam-se em castelhano,
falar fala-se-lhe ós notáveis em castelhano
e os curas e ás virxes e os santos.
As lavadoras lavam em castelhano,
as neveras enfriam em castelhano,
os supermercados falam também castelhano.
Alumeam as luzes em castelhano
e oscurecem os días em galego.
Os velhos nascerom em castelhano
e os novos morrem em galego.
E o trem corre em castelhano
e o aviom em castelhano
e os peregrinos caminham em castelhano.
Os porcos almorçam em castelhano,
e ceiam em castelhano com fame negra.
E as verzas, as verzas plantarom-as onde?
As verzas plantarom-as em galego.

E os pais resolvem amores em galego
e miram os nenos em castelhano,
dam-lhe de comer castelhano,
explicam-lhe que os ovos venhem do castelhano,
explicam-lhe que o home do saco vem em galego.

Pola fronteira vai e vem o vento:
vai, e volve falando castelhano.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Egolatrías V

Beata do pracer insomne
Zakila Sartu
Puta dos sentimentos brancos
Coitoa egin
Para min un só desig (hipocresía):
Nós. Guk. Nosaltres

Coma un dealbar de sombras
a luz entra en ti cando me ispo.
Crisálida das cores dun fogar íntimo
Orquídea de muller madura na solaina
O peche do amor propio encadeado de vagalumes.

Edícula do noso propio edén
é a intriga de saber que non se sabe o fin.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Sombras


Eu quigera ser sombra da tua sombra

para poder durmir embaixo a tua cama.


Eu quigera ser sombra da tua sombra

para entregar-che a minha alma.



Eu quigera ser sombra da tua sombra

para enjugar-che os pés com lágrimas.




Eu quigera ser sombra da tua sombra

para olhar o teu corpo espido

sob as pingas da torneira.

Sombra e pó, sombra e cinza

sombra assombrada, negra sombra.




Eu quigera ser sombra da tua sombra

e fundir-me nos teus sonhos.


Eu quigera ser sombra da tua sombra

e acordar entre os teus peitos.


Eu quigera ser sombra da tua sombra:

eu quigera ser TU, mas simplesmente som EU.

quarta-feira, outubro 21, 2009

O teu recendo

O azul abraça-se com a auga

na escuma das ondas desta ilha

vulcánica da covardia amorosa.

Sem ti,

sem o frescor dos teus beijos

nem o sabor dos teus beiços;

e fico olhando o céu

na companhia da evocaçom

do teu lene recendo.

Ausência. Dor aguda na alma.

Almitis amorosa em salsa verde esperança.

Ausência. Verde sobre verde no horizonte.

Tamém os titans e Goliath fôrom vencidos nas fábulas para pobres.

Ausência. E Dalila fixo de Sansom um padeiro.

Avonda para mim ulir

a fragáncia dulcíssima da tua pele

e recreio o formoso riso de perlas da tua boca

no castelo intimíssimo dos meus felizes sonhos,

onde ti és o centro do universo,

a fada e a princesa,

a alfa e a omega,

o começo e o fim,

dos meus saudosos e cándidos contos.

E no borralheiro da minha quimeira

aspirada na safra do afortunado Hefesto

apago os sonhos do desejo coma cigarros,

quando, só, volvo acordar,

com a única companhia

do teu tenro e feminino aroma.

Só. Coma onte, coma hoje, coma sempre.

Só. Encarcerando na pituitária o teu perfume.

Só. Mas em ti, cravado ao teu recendo.

terça-feira, outubro 20, 2009

Egolatrías IV

Delirante danza, pústulas de pracer.
Ás veces a miña mente
(heroína asasina de soños)
agocha entre medos o meu clítoris.

Parsimonia doce dunha mañá entre sabas:
Caricias
Durmir
Bicos nas costas
Durmir
Masturbación mutua
Durmir
Sexo
Durmir
Fame
Espertar pegada a ti.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Santa Cruz de Viana

Leiro verde de Bargo

alfombra pastosa de Verao,

outoniço húmido de Primavera,

lentura a que lhe dam o peito

os miúdos regatos

que locem e assobiam

com a luz do sol.

Em ti caem belotas

em ti bágoas as nuvens

em ti a avença

em ti sempre eu.

E olho desde a porta da Purreira

as veigas de Viana que vam morrer ao Asma:

serpe minhota nascida em Matança,

devesa de oucas, souto de troitas,

onte pescadaria dos pobres,

hoje marsúpio de presas e moinhos caídos.

Presas e presos do tempo

pola era que já nom é.

O Faro enxerga-se majestoso

e no lusco-fusco fala-lhe à Lua,

quando o Sol se deita em Camba

e nom pode ouvir as cantigas,

sacras e profanas, da montanha:

berço de Joám de Requeixo,

torre de homenage de Chantada,

atalaia eterna e gastada

desde onde um dia se olhará

umha nova Galiza:

a Galiza outra volta galega,

a Galiza libertada,

a Galiza que os meus olhos

talvez nunca verám.

Eu irei-me antes ou despois,

vós Faro, Bacelo, Bargo,

Purreira, Seixo, Sol e Lua

seguiredes na vossa eternidade

como testemunhos da minha vontade,

nom a derradeira,

mas a minha única vontade:

que em vós fiquem moças

e moços e velhos e nenos

e que essas moças,

moços, velhos e crianças

construam umha Galiza soberana

sem marcos nem hierarquias,

sem preitos nem trabucos

com galegas e em galego.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Egolatrías III

Cando te vas enriba de min
o teu ronsel quente cálmame
a túa satisfacción faise miña
desgastada como unha árbore cansa de clorofila.
Puntas de satisfacción mesta en vírgulas de paixón
só provocada cando a masturbación é a dous.

Ceavoga:
Como un beatnik preso da súa propia regra:
ningunha.

Coas túas sacudidas soñei,
embriagada en horizontal

Perdida no desexo, por Nós cega.

ab ovo usque ad mala

"...Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"
Carlos Drummond de Andrade


No silenço da noite um neno berra,
Pés espidos caminham pola raia branca
dumha estrada quase eterna.
Os meninhos choram e á alba
súas nais apertam-lhe a mao
com máis força.

Lobos que auleam e coelhos que bulem,
No meio do caminho há muitas pedras
e nós somos sem sabe-lo a primeira delas.
Pedras do caminho que moem
coma cabalos de Atila!
o ceo dos sonhos e a testimunha das feridas.
E somos eterna pedra no meio do caminho
sem sabe-lo prantando noite eterna
nos olhos e maos dos que sofrem e choram.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Hípica de Vénus

Cavalo vermelho do trotar doce,
louco conselheiro de mocidade,
tímido e veloz corcel cándido;
acolhe na tua montura a minha vida
e leva-me por cima do Faro
até os confins da antiga Finisterrae,
onde aguardam os sonhos da minha amada
numha artesa liviá e dourada.

Permite-me, cavalo desbocado,
alcançar a pele celestial do meu anjo,
o colo terso, lene e tostado
dessa minha admirada mulher.
Acolhe nos teus braços este ginete
e tracejemos arredor da lua
círculos cántabros de amor
chuchamel, oxigénio, prazer
e um eterno desejo de volver
a passar os beiços pola tua
feminina e frágil silueta.

Em quantos nomes vives,
cavalinho da andadura encarnada?
Em quantas mulheres te vim?
Para nada. O cavalo do pensamento
corre polas areias do dia,
tu, cavalo do amor,
só me colhes em sonhos polas noites
e fico em silêncio, apeado,
durante o ardente reino de Apolo,
covarde, sem folgos, calado...
no meio do ar putrefacto.

domingo, outubro 04, 2009

Versos a vinte pesos o canado

Azul. Mar em diante.
Imenso, profundo, distante.
Azul. Concentraçom salina.
Vinte metros de sal em gramos.
Vinte pesos de amor a granel.
- Aqui no se vende al por menor.
- Perdoe o senhor.

Umha circunferência trepa as ondas
e a escuma fai fervenças nos teus seios,
gelo, gelo, gelo, nata e amorodos;
Martini bianco e carmim:
gaivotas de discoteca,
crocodilos com cornos,
copos, copos, copos
- Aqui no se vende al por menor.
- Very well fandango.

Os cabelos da praia mexem-se
ao som de bafos partilhados
e a húmida areia pressagia
umha dramática – estática – patética
alborada.
Pinha colada e carmim:
aqui nom passa nada,
gaivotas de discoteca,
copos, copos, copos.
- Aqui se piensa al por menor.
- Yes, of course.


quinta-feira, outubro 01, 2009

O imenso céu sobre a terra
deita pingas velozes
sobre as pedras e os homes.

Os homes habitam a Terra
e consome-na com voracidade
sem deixar pedra sobre pedra.

Home, pedra e terra:
pulvis est et in pulvis reverteris,
sonhos de imortalidade
afogados no esterco
das velozes asas do progresso.


terça-feira, setembro 29, 2009

Garabatos

Estacas com arume e pinhas
mexem-se na corda do vento
num invernal baile de salom vienês.
Pinheiros. Vara verde extrapolada
das montanhas aos bacelos,
fungueiros e estadulhos sempre vivos.
Guizos. Garabatos.
Verde. Verde esperança.
Corpo. Corpo cansado.
Cabeça. Cabeça quadrada.
E o que sinto, penso e creio
som, para a maioria, garabatos.
Bailemos um vals,
ou dous se som pequenos
e plantemos um pinheiro
nas hortas da tribo urbana
dos engravatados “pollitos bien”.
O leite, as vacas, as estrelas
os rios e o sol
os gandeiros e as leiras
para ti senhor.
Senhor banco benefactor,
senhor Estado espanhol dador de vida
centralismo todopoderoso
e com isto da movida,
re-movida
hai-che muito Pepé
yes-yes;
aqui nom passa nada,
a liga está ganada.
Baby Espanha
sayonara, sayonara!
Wellcome to Galiza
dumping, Prestige e mariuana.
Garabatos, garabatos,
muitos maragatos;
eucaliptos, eucaliptos,
muitos eucaliptos:
o sacho para os pobres,
os quartos para os ricos.

quinta-feira, setembro 17, 2009


Non me fagas
dormir soa
agora que me acostumei
á calor do teu corpo.
O teu arrecendo
segue nas miñas sabas
e nos meus sentidos.
Espero a túa chamada
na soidade
da que me fixeche escrava;
esa feliz dor
sempre presente ,
esa vertixe continua
e sosegada,
mal de namoramento.
Caín
mais deixa que sexa eu
a que me erga
soa
para cando ti
xa non esteas
ao meu carón.
Hoxe todos os recordos
caíron dende o balcón
do meu ático
esnaquizándose en anaquiños
e cravandose en todos os poros
do meu ser
formando xa, parte de min.
A miña música énchese de tristura,
de profundos sostidos
que me esnaquizan,
de tonalidades dilatadas
e cadenzas prolongadas, sostidas, rotas...

terça-feira, agosto 25, 2009

Contigo amar, nosoutros, xuntos




Sempre, co estigma dunha idea brillando na escuridade morna do solpor.
Mírame, confúndeme, son raigame do teu alento, sentencio o porvir a mesturarse cun fado.

Tomo as formas, contigo amar, no deserto, pasando indemne coa luz dun noutrora que virá, que virá de nós sentir, querer coa forza de nosoutros, xuntos.

Alberte Momán

sexta-feira, agosto 07, 2009

Egolatrías II

Unixénito:
Berras nas inguas miñas un tócame
Nunca fuxín de ti, luxuria doce.
Pérfida dor de libélulas tinxidas de negro nácar.
Preciso unha saída, unha amputación
á Salvaxe burla dos anxos calados
Eu: dacriocistectomía.

Pancreática dor dos convencionalismo firmes
Nunca etéreos como o meu maxín de ida e volta.
Escribín unha poética da dor
para marcar o camiño da miña redención.

....

quinta-feira, julho 30, 2009

Pequeno tormento matinal

Sou eu e quero o sorriso desenhado da
sua boca com hálito de flor.
Seu lábio humedecido com sabor e cor.
Seu perfume raro que lança pobres
Como eu ao espaço.
Sua pele de ousadia, eu quero.
Mesmo que seu beijo sincero
e seus olhos despercebidos
me tragam tormento.

domingo, julho 26, 2009

25 de Julho

-"Galiza somos nós
a xente máis a fala
se buscas a Galiza
en ti tes que atopala"
-Manuel María-
"Se aínda somos galegos e por obra e gracia do idioma"
-A. Castelao-
A minha pátria é a lingua.
Mas quem é a lingua entom?
A lingua é a terra arada,
a lingua é o cheiro a gasolina queimada
dos tractores sitiando á cidade,
a lingua som os marinheiros lonje do faro que alumea á humanidade,
a lingua som os obreiros caminhando ó trabalho
com o sono nas palpebras,
a lingua somos os estudantes estudando
a forma de nom fazear nada,
a lingua som as pensionistas e jubiladas.
A língua som os sonhos das persoas
que fujirom e voltarom, que quedarom
para manter acesso o facho da esperanza
dumha vida máis próspera e grande
aínda que a fim cativa toda ela.
A minha pátria é a lingua,
a minha pátria existe hoje
lonje dos que nom a vem ou dos que
com passo firme a pissam.
A minha pátria vale máis que mil impérios
porque ela sécular aninha
sementes de vencer e albas de glória!
Eu decláro-me patriota orgulhoso
desta pátria proletaria que cre na liberdade dos sonhos.
Desta pátria que ama há mil anos
quando o mundo era infernos quijotescos!
Porque a minha pátria vale máis do que mil impérios!

quarta-feira, julho 22, 2009

Manual contra a sobrevida (ou postulados inconsistentes para a prática do desapego em níveis sociais, morais e filosóficos)

1º parte

1.
A intensidade das relações, sejam elas com coisas ou pessoas, devem ser sentidas e não pensadas. O pensamento nem sempre é favorável aos prazeres mundanos essenciais para vida.

2.
O tempo e a linguagem devem ser confrontados. O tempo é domesticado pelo relógio, e as expressões são padronizadas pela linguagem. Devemos encarar a ruptura com o tempo e a linguagem como nível importante para o postulado numero 3.

3.
A arte deve ser superada com a supressão dos modelos do que não é arte. O cotidiano deve ser excitante e ousado suficientemente para que qualquer expressão tenha ouvintes.

segunda-feira, julho 20, 2009

Apolo, o home e a LUA

Os primeiros homes em chegar à Lua
nom fôrom homes, mas si mulheres,
porque fôrom os poetas, as poetisas,
e nom os homes de cinça e alumínio,
os que lá pugérom seus pés
com penas de algodom por vez primeira.

O Apolo nom viu mais Lua que a que pissárom
seus insensíveis pés metálicos
após milheiros visitas feitas em sonhos
polas mulheres e os homes das pirámides.
Aqueles que a visitárom sem deixar
outra bandeira que nom fosse
a bandeira de toda a Humanidade:

A Lua é liberdade...
A Lua de Lorca segue alumando aos gitanos
por cima da oliveira onde o seu génio descansa.

A mulher foi a brava semente da poesia,
a Lua a mulher feita metáfora,
um estanque em que se reflecte ainda
fôrom os femininos cantares de amigo.
E a Terra? E a Humanidade?
Ai a Terra e a Humanidade,
quem puidera convosco voar!
Doce mágoa das minhas entranhas!

domingo, julho 19, 2009

# rascunho

As alegorias do meu destino
já se transformaram em história.
Floresceram tulipas e magnólias
na paisagem dostoievskiana da
minha vida fazendo amadurecer
um sentimento hesseniano
de que só se esta intranquilo
quando se tem esperanças
de um outro amanhã.

quarta-feira, julho 15, 2009

Egolatrías

Cabalguei espida en ti
Burlei convencionalismos alleos vestida en desexo
Ás veces impórtame o que sentes,
na maioría dos casos só importo eu e o meu clítoris.
Vírgulas entre os xemidos
exportadas sempre ao íntimo cromatismo.

Os seos desartella a lúa:
Ti en Min
Eu soa no orgasmo.

A miña feminidade entre as pernas: MENTIRA.
Na vulva un segredo de mestas verbas húmidas.
Ti: o amor (sempre en minúscula).

Biquei o mar cos meus peitos firmes polo frío,
frío da soidade que me provocas.
Nós: unha illa que se desintegra.

Badaladas a morto na confianza que depositei na vida,
mentiras cubertas de desexo... quero máis, quéroo todo.

Un prostíbulo de sentimentos entre as túas sacudidas,
unha doce compañía entre os nosos futuros niños.
Serenidade.
Soñaba cunha terra de praceres mercados e regalados
no que eu sempre era pracer e no que ti sempre eras eu.

terça-feira, julho 07, 2009

Delenda est Estado

"O Estado é um mecanismo
historicamente temporal,

umha forma transitoria
de sociedade"

Mijail Bakunin.

"O que quer ser tirano e nom mata a Bruto
e o que quere establecer um estado livre
e nom mata os filhos de Bruto,
só por breve tempo conservará a súa obra"
Nicolas Maquiavelo.

Eu som um uigur, venho dalí
e peto no bazar da volta da rúa
para reclamar literatura e ciência
para os meus filhos e os teus.
Peto forte na mesa e canto
corenta vezes ás corenta que me roubarom
os meus sonhos na fogueira dos curutos
os ladróns da barbárie totalitária e assassina!
Eu som uigur! Eu som indio do Amazonas!
Eu som labrego desposuido da Galiza!
Eu som irmao máis alá destas sabanas e destas ilhas.
Eu som indigena, invadido, colonizado...
Eu som reserva de bichos e alimanhas.
Eu som engendro de violência: TERRORISTA!
Eu som Robespierre, eu som a GUILLOTINA.
Som a fame, a dignidade e a luita.
Som as persoas e nom os Deuses!

terça-feira, junho 30, 2009

Etnocídio

«Puede ser que haya otro mundo dentro de éste, pero no lo encontraremos recortando la silueta en el tumulto fabuloso de los días (...). Ese mundo no existe, hay que crearlo como el fénix. Ese mundo existe en éste, pero como el agua existe en el oxígeno y el hidrógeno, o como en las páginas 78, 457, 3, 271, 688, 75 y 456 del diccionario de la Academia Española está lo necesario para escribir un cierto endecasílabo de Garcilaso. Digamos que el mundo es una figura, hay que leerla. Por leerla entendemos generarla», Julio Cortázar: Rayuela.



Aldeia, aldeia velha
corredoira de Sam Joám
por onde passárom as flores
no colo das bágoas do luar.

A peneira de História
segue separando o grao da palha
na terra encantada
dos bonecos de lá.

Quem enfeita a tua faciana
de vermelho e de esperança
se os teus filhos cándidos
-petrúcios mansos coma bois-
CALAM, CALAM, calam, calam?

O sol -manso boy bermello-
pasta no verde das ágoas
.

O verde das nossas leiras
reclama a liberdade
no sol-pôr dum povo
morto de morte matada.

Aram os bois e chove
e levamos séculos com o mesmo jugo,
até estamos já tam afeitos
que nom precisamos dignidade colectiva
nem muito menos direitos.

Ou, Galiza boi de palha!
Aram coma sempre os bois,
dim-nos coma sempre que chove,
mejam polos teus filhos e calam.

sexta-feira, junho 26, 2009

Além modernismo

A Antom, afiador senlheiro dumhas fouces que sempre forom nossas. Nós S.Ó.S

A noite, o monte e máis eu.
O silêncio, os grilos, o lameiro.
O verám, a noite máis longa,
O día máis frío e o sol.
A ribeira e o trem.
A intempérie, os olhos e o medo.
a gente, os berros, a orquestra.
Os nenos, varilhas, os bailes.

Eu, o monte e máis a noite.
O lameiro, os grilos, o silêncio.
O sol e o día máis frío,
a noite máis longa, o verám.
O trem e a ribeira.
O medo, os olhos e a intémperie.
A orquestra, os berros e a gente.
Os bailes, varilhas e os nenos.

Máis um, máis dous, máis tres.
Seis.
Máis quatro, máis cinco, máis seis.
Quince.
E um, máis um, máis um.
Tres:
Ronquidos, galos, ladridos.
O trem, o chiflo do trem, os grilos.
-Ás néboas, o ceo, as estrelas-
Os sonhos de Areas,
A tinta das mans.
Os tojos -e o cola cao- da manhá fresca:
Aquela.
O monte, a noite - hoje- e máis eu.


terça-feira, junho 23, 2009

Pós-modernismo

A Jorge, pirata das leiras que ainda som nossas

Se eu fosse poeta, ou poetisa, ou poetastro
cantaria às flores, as margaridas e às meninhas bonitas
e ao meu pixo excitado cos colhons de arrastro.
Exaltaria as bondades deste maravilhoso mundo
e até diria yo soy rebelde porque el mundo me ha hecho así.

A inconsciência é a pior das cegueiras
a consciência a maior peja da felicidade.
E eu poeta atemporáneo
consciente da inconsciência
deito lixo no papel
já que vivo nunha esterqueira
chamada sociedade (?) galega.

Discursos perdidos

Inmensas caretas/maniquís bailam a fume de carozo
numha messa prenhada de auga em potencia;
As miradas alampando as portas da alma
e os beizos enganando a pensamentos orfos.
Ás barricadas nom estám acostumadas
para esta noite que respira a violencia
dos elementos elementais da nossa ansia.

Eu som abastracto, eu venho da abastracçom.
Ela me pare e ela me da de mamar e me calma.
Eu som poeta da minha cassa e da minha habitaçom.
Eu miro fotos oxidadas mas nom extranho em nada:
tudo quanto me foi roubado polo devir da auga
no rio lethes onde se esquecerom os soldados da batalha
ou simplesmente nesse regato no que bebiam as vacas.

Mas que lhe importa a quem esqueceu a existência
e nom sabe ler as nossas pegadas nim as nossas estrelas.
Se o mundo é gravidade pode que seja inércia.
Mas que máis da falar ou estar calado agora
quando já nom se ouve na terra das ágoras
o discurso podado e relançado do profeta de Nazaret.
Os tractores tomaróm as rúas,
figerom a alba de gloria pola súa conta
sem avissar a niguém, sem ruido,
cinguirom aos torpes peóns de tírria
e dijerom-lhes as facianas de espanto:
Nós somos o teu corpo de cristo
que chupas e chupas e deijas sem sangue.
E na verea que leva de dereito,
á rúa da poetisa maior deste Reino
cantarom por fim cantares perdidos.
Dijerom aquelo que ninguém se atrevía:

vivimos!

Fechada queda hoje a boca da pleitesía,
Ardendo está o cadaleito que nos figerom,
Relámpagos de luz aiream as empolvadas rúas,
As golondrinas volvem a tocar na túa janela.
Alguém sabe que o lume dos curutos
saltou dos sonhos as leiras, das leiras as rúas
e... já esta chegando as conciencias.
Os tractores volverom traendo consigo
olor a terra, vaca, aire, paz...
Queimando chapapote negro é miserento
troujerom consigo a voz da aldeia á cidade triste,
a última virtude fujida voltou a terra.
Veu a ledicia, a comunidade, a aurora.
Voltou ser o tempo o que era e prendeu
sem quere-lo a história de novo no tempo pressente.
Passou, passou, passou, é certo!
que os tractores voltarom ó rego!

Pau bulhado

Morrerei de inaniçom
mirando um pau bulhado
polas cabras da manhá cativa,
no inverno.

Os demáis nom me fitarám
sentado fronte aos bares,
esquecendo já a revoluçom
que nunca fijem.

As linhas já nom partiram
para que eu fuja ao refugio
do velho mastil que surca as olas,
por min, para que nom me desgaste.

Um corvo velho com ás serradas
pola brétema e o frío anunciando
que nom fum quem de proclamar
ás minhas ansias.

O nicho e o enterrador
estarám com os olhos abertos,
o lecho1 sonhará já cum novo enterro
para polbo e vinho, para feiras sucessivas.

Morrerei de inaniçom
por nom fita-las pegadas,
por nom saber delas,
por nom cuidar as arvres da cabra.

(1) Home da minha terra que recive umhas cadelas do cura por tocar as campás antes de cada enterro, tem umha discapacidade psiquica debido a umha meningite que lhe de neno e sempre che di aquelo de: Nom has morrer nunca. O seu mote deve-se a pergunta de: Como se chamam os fentos em castelhano? e el respostou: lechos ( em vez de elechos). Vaia umha lembraça garimossa para el aqui,o manolo das cabras, que tanto lhe gostam o polbo e o vinho nas feiras dos dias um e quince.

segunda-feira, junho 22, 2009

BALIZA
daliza*
GALIZA
PALIZA
taliza*
CALIZA
E os pretos e mais eu
fomos ficando S.O.S:
sem BoDeGa e sem PaTaCa

BEIJOS

«Un poema é un nó que o poeta fai para non se esquecer de algo moi fremoso, mais tamén moi fuxideiro», Rafael Dieste.

Um beijo é um r
a i
o
no taxímetro do amor,
umha mecha acesa
anunciando com faíscas de sorrisos
a explosom dos sexos encontrados.

"Dónde están los besos que te debo
en una cajita
que nunca llevo el corazón encima
por si me lo quitan".

Pola manhá tam só nos fica o recendo,
a fugaz lembrança dos beijos idos;
e os beijos serám chegados.

Nossa querida casa abandonada

-Na lingua está a arvore genealógica dumha naçom
Samuel Johnson




Estamos sós
neste casa em ruinas,
a terra treme e as pedras
ameaçam com chimpar
sobre as nossas testas
verbas doutro idioma,
o sonho eterno no seio de abraham.
Vinhemos a esta noite
a seguir caminho um pouco máis
com os pés marcados polas silvas.
Regueiros de sangue diram-che
o caminho que leva o nosso berce.
Nom renegamos da carne
senóm que o fazemos da peste,
da ingenuidade dos traquilos
e da fame dos traidores.
NÓS somos os que vinhemos
paseninho e com acento própio
a esta noite sempiterna sempre nossa.
Decididos a morrer ou a vivirmos
postergados na herencia dos nossos velhos.
Nós perdidos que nom vemos
que nom ouvimos nem cheiramos
a chamada do progresso,
nós conservadores dumha essencia.
Nós cans sem dono
dos vieiros desta longa noite de pedra,
desta pátria ferida que berra.


A língua é a minha pátria!

sexta-feira, junho 19, 2009

Um morno chá das cinco
E muitas vozes femininas
Falam de panos
Novelas
Sapatos
perfumes.
Ah! “A vida é bela.”
Não sofrem por amores.
Apenas ao entardecer
É que se queixam de dores nas pernas.

Ai, quanta inveja dessas mulheres
Costuram ausências
Calam desencontros
E flutuam na vida
Sem sobressaltos.

Carolina

terça-feira, junho 16, 2009

sábado, junho 13, 2009

O medo

Que palavra tão pequenina
Guarda em si a descoberta do mundo e do ser só.
É tão primitivo o medo do escuro
Que esquecemos.
Com o tempo
Medo disso e daquilo outro
Mas no fundo
É só mesmo o medo do escuro.
Quantos anos se passaram
Tempo de sobra
E o medo ainda me assombra.
Entra porta adentro
Bate na janela
É um vulto,
Um fantasma
Ninho vazio
uma criança e seu desejo de colo,
Um sonho ancestral dizendo
Vai, medo, vai embora para sempre.

Carolina

domingo, junho 07, 2009

O jogo bonito... das pistolas

Joguemos em coro
cantando e saltando
na cordinha do céu
do mundo falsário.
Colhamos todos a umha
metralha e granadas
matemo-nos nenos
por trás dos salgueiros.

E a muniçom canta:
África, África, África!
Suave que me estás matando
e a Vaquinha mansa
de Cesárea Évora de pano-de-fundo.

Deixade as escolas
e colhei as pistolas
pum-pum-pum
pam-pam-pam
matai que nindiola!
Matai baixinho
-ninguém vos oia-
que os brancos nom jogam
com as suas pistolas.
Morrede em silêncio
-ninguém vos ouça-
crianças sem infáncia
no continente negro.

Ai meninhas se, vida!
Chorai ao calado
e tragai saliva,
que lhe preste ao soldado!
Joguemos garotas,
joguemos caladas
com as pernas abertas
de sangue manchadas.
E de sangue manchadas,
de sangue africana
que joga ao brilé
com minas de Espanha
e gente sem pés.

E a muniçom ouvea:
África, África, África!
Pasión gitana y sangre española,
el mundo... en una caracola.
E o touro de Obsvorne, o torito bravo
do Fari vai ao futebol
com as calças lavadas
e a ceia preparada.

Galiza, Galiza, Galiza,
coma em Irlanda
ergue-te e anda, ergue-te e anda!!!

terça-feira, junho 02, 2009

(É dia 1)

Fico só, abandonado, a tarde nom me di nada.

Os caixeiros ininterrumpidamente repartem os suspiros

do día primeiro deste mes soleado.

Há feira por certo em ferreira (É día 1)

e eu lonje das casetas e do vinho.

Ninguém me aprende nada

e os barcos naufragam com eu só.

Umha nuve no ceo limpo,

Umha verba no silêncio,

Um ¿poeta? na inmensidade

das rúas atarecidas de sede e fame.

Quem dis que tem fame?

Eu nom quero ser niguém.

Felices os que choram

A cidade esta-se decolorando;
As linhas das estradas desdibujan-se;
As mulheres caminham semi-nuas
sem companhia desejável nem aparente.
Os menihos nacem com a mirada empanhada;
Os mestres do templo levam a lei com eles...
Mas nom a prestam nim a empenham!
O bom do A.L.R. jace presso (e nós filhos do capital)
e nós com a esperanza por pensarmos:
Felices os que choram, pois eles serám consolados

O mundo esta-se des-tinguindo
tal toalha de Portugal azul que
com o amor se volve rossa ("trionferá")
Felices os que choram...
O mundo tose acatarrado de epidemias
de quimera e velenozonte transitorias
que se renonvam cada día na fogueira do consumo.
As baleias chegám a praia desorientadas,
perderom o norte e o sur pensando em placebo.
Passam e passam e volvem a passar
os peixes pola boutique por ver a Deus nadar.
Nom é ninguém, nom é nada , nom querem saber.
Os mesmos de hoje serám os de manhá;
Estaçons de trem que fam later o coraçom
trasplantado cada ano a esta amofada cidade.

segunda-feira, junho 01, 2009

O destino dos nossos netos pretos




A descoberta dos impulsos
dum touro obscuro
atafega e assassina
a anterga vaca
com a brilhante faca
reflecte de heresia
solar dum Prisciliano
entre pretos, mouros e brancos
no horizonte de 1984 apagados
- ATENTOS! BRANCOS PARVOS,
SENHORITOS ACOMODADOS-.

Os raposos em tobeiras
erguem púlpitos do associal
e em ichós neoliberais
espicaçaram as próprias asas
inocentes futuras crianças
que solicitam
- ATENTOS! BRANCOS PARVOS,
SENHORITOS ACOMODADOS-:

um naco de pam,
umha bola de milho,
umha taça de caldo,
um copo de leite,
um peito para sugar,
um sacho para cavar,
a leira que tenhem de sementar
e um AK-47 para o pandeiro tocar
TANG! TANG! TANG!
n' a tribo das baleas
e nos nossos dentes cúmplices.

Vacas grossas, vacas fracas
no Congo, na Nigéria, em Madagascar
na Galiza invisível dos sem teito
e no coraçom do império.
Como José sonhou em Somália:
pescadores after Bush., piratas before Bush:
- ATENTOS BRANCOS PARVOS,
SENHORITOS ACOMODADOS-:

nom vaia ser que virem as tornas
e os netos dos aburguesados operários
(pollitos bien e PRIMEIROMUNDISTAS)
tenham o rosto branco,
o coraçom e o chao preto,
e no estômago um buraco
talvez e só talvez coma em 1984.
- ATENTOS OPERÁRIOS
AO AK-47 OS EXPLORADOS
E OS FILHOS DO PROLETARIADO!

domingo, maio 31, 2009

Erguede-vos moç@s galeg@s

Abre-se o caminho cara a luz do infinito.
Passos cansos começam a irromper,
o corpo corrupto deixa-se morrer
e tu segues sem saber o que te necessito.

Tentar, tentei-no, mas já nom podo mais.
Nom te conseguim até agora e já nom o farei.
Deixo aos que venham atrás o que nunca logrei
e que eles continuem a lutar pola sua mãe.

Soavas nos meus ouvidos como algo possível.
Por isso, busquei por ti sem te encontrar,
mas sabendo que eras quase intangível.

Ó independência! Clama por ti umha naçom.
Alcançar-te é tarde para este velho perdedor,
mas fica-lhe aos novos cumprir essa missom.

sábado, maio 30, 2009

O Gaiteiro

Esta noite há vento nas arvores da minha aldeia,
Na ribeira o raposo come as blancas e deija-as tintas,
Nas devessas e regatos alampa o jabarim recém soltado...
Há vento esta noite na cassa da alma desta pátria.

Eolo se chama, Eolo dispara, Eolo quer tirar
os muros de perda e barro da nossa cassa,
Éolo quer soplar perto, perto, perto dos pinheiros
que rodeiam ao noso lar indestructível.

Está noite já disparou eolo,
tirou com os teitos de palha das chabolas
ennegrecidas da falha de lapises nas escolas
da venezuela novechenttista dos caciques.

E veu um ar de crueza o cemiterio
que remejeu os osos dos gaiteiros
que hoje tocam a alborada da veiga
e em sucessivo tracto a munheira de Chantada.

Acordo-me de ti gaiteiro e clarinetista
do cuarteto antergo dos cerralheiros
que polos eidos de Santo Estevo do Mato,
deu vida a mágicas colheitas de mocidades pátrias...
embravecidas para as pátrias alheias...
Galiza é nossa porque ela fostes Vós!

A Galiza na vossa música foi ceiva!
Nos pés dos bailadores nas cantinas velhas!
Fostes, Sodes, Seredes...


A Sr. Manuel Prado Beltrám, Gaiteiro e Clarinete das terras de
Santo Estevo do Mato (Pantóm) que junto com outros muitos
formou parte de conhecidos grupos ( Os cerralheiros é o máis soado)
que proclamarom a festas em multiples aldeias galegas.
A tudos eles, por conservar para nós umha parte essencial de NÓS MESMOS!

sexta-feira, maio 29, 2009

Qui tollis pecata mundi

«Sábio, lúcido e céptico era Castelao quando nos falava daquele homem que um dia comprou um cão para ter em quem mandar. O pobre diabo, colocado por um negro destino nos últimos lugares da escala social, fez do cão macaco para poder sentir-se homem. E eu, macaco entre macacos também, começo a pensar que a Humanidade, afinal de contas, não passa de um macaco neurótico que morde sem parar a sua própria cauda», José Saramago (1986), “O Planeta dos Macacos” em Status.

27-XI-06


O paxarinho molha o bico nas agulhas dos ouriços
que sorrim ao labrego que abre sulcos na terra
coa suor dos escrementos das rulas.

O paxarinho come agulhas que degomita
na auga bendita dos soportais ennegrecidos
pola lama da chuva aceda do desamor.

O laio aterrido da terra ferida asusta ao paxarinho,
que lisca cara a cidade de tijolo apodrecido e procura,
INCESANTEMENTE,
que ardam papéis numerados,
- por ver se algum outro humano cuínca dumha árvore
empulingrado cum adival de ciúmes desgarrados-.

Bate as asas paxarinho no seu ichó de cobiça,
que zarraspiquem de imundícia a homes gordos
( esses que papam a nenos de carvom a sombra da lua,
na noite descarnada do crecente
IMPERIALISMO).
Busca paxarinho! Mira se topas nas cloacas
o fundo croc-croc de Pucho Boedo,
o velho e o sapo que desprezam na FRAGA o nosso,
o ourinho da cursilaria - que se me antolha
sádico e imundo na celeste cúpula
dos seios caídos de prostibulo-.

Batas brancas de hospital rim pola ferida do escote,
e saias de bairro chino gemem por papéis numerados;
ouve-se, no entanto, o riso daquel ouriço valente
mentres o unta a sangue salgada do amargo paxarinho:

Foge do canom que abre sulcos na terra!
Foge da relha assassina que fere com coitelos
e galheitas sulfuradas enquanto chospe lémedas!

NÓS.


O desejo de liberdade afogado dos nenos de carvom,
que desconhecem o aborrecemento das nenas de chuchamel,
rainhas da cursilaria cosmopolita,
PRIMERMUNDISTA;
o paxarinho já nom pia nos castanheiros,
anda agochado em confesionários nocturnos de gelo e rom:
EU TERCERMUNDISTA,
e um anho separatista morreu crucificado
para que os nenos de carvom sejam explorados no seu nome.

AGNUS DEI, QUI TOLLIS PECATA MUNDI,
MISERERE NOBIS.

quarta-feira, maio 20, 2009

Revolucionários deste tempo intemporáneo

A revoluçom está na cidade e os seus benefactores estám a espertar em tromba. Estám tomando as armas e já venhem cara aquí. Pobre de ti se estás no meio e nom te apartas, se dubidas um minuto da súa vontade precoz e da súa corrida feroz.

A revoluçom caminha tercamente e já chegou a praza, deijou os alimentos de manhá: o pam dos marisqueiros, dos marinheiros, dos labregos, dos obreiros... labregobreiros... Deijou-no esfarelado no cham, comesto das pombas, regado de licores residuais emanados da acçom directa das massas, da vontada suprema da súa voz que foi e hoje canta.

A revoluçom já está aquí: Téme-a.

Está falando, nom se para. O sangue chama a ser o que deve ser e punto. Já toca clamar justiça, vinganza... No seio de Abraham tudos estám ansiosos, tudos querem espertar para que lhe digam que nom se trabucarom, que triunfarom. A história será julgada, os bons serám rescatados e tudos absolutamente cantarám no coro dos justos antes de que caia a noite ou saia o sol: tudo segúm o mires.

Pero folclorismo senhores, folclore! Postmodernismo! O capitalismo mongue os país: os país amamantam as crias desposuidas: da súa casa, dos seus avós, da súa eira... Da súa vida! Sigamos cantando...

A vida som umhas rissas.

sábado, maio 16, 2009

As leis dos novos-velhos

Nom hai mais vida que a sonhada
como nom hai mais dor que a sentida
e nada se sente no barulho do consumo,
onde os mouchos medíocres caminham encrenques
e os raposos ordenham as ovelhas,
que comem a 'mezcla' que lhes bota a televisom.

Nom hai mar de fundo na Galiza
apenas ermos e moços que nascem velhos,
por nom dizer o evidente,
que nascem mortos.

E os poucos que nascem vivos
perdem toda a vida levando o cadaleito dos outros
que quanto pesa e como fede!

sábado, maio 09, 2009

PENÉLOPE E O SAPO VELHO

«Galiza, ilha sem mar ao leste», José Manuel Beiras.

O carmim dos olhos do paxaro
converte-se na sangue de crianças
escornadas por touros insaciáveis,
touros pretos com gravatas
que cheiram a balorento paté de pato.

E cheira a flores nos volantes
de vestidos rosas de Cinsenta
feitos por nenos de carvom
onde o sol e a fame aperta
o coraçom do paxarinho.

Os bois abrem sulcos no liviao
dumha verde ave recém nada
para que logo os semente
a caixa-fábrica de merda alienada,
a TELEVISOM vende Humanidade.

Nuvens de uránio tapam o fedor a home;
a carniça mental nom se vende nos quioscos
vem de série no melhor dos mundos possíveis
onde asnos e raposos som igualmente choscos
abraçados na cadeia de trabalho e consumo.

Viva Galicia beibe! SOS-SOS-SOS
nom hai pailebote para nós porque os filhos,
aos que lhe dérom fame, emigraçom e fumo
esquecêrom na masseira a rosa dos ventos
a estrela Polar e até a mai que os pariu!


E na esquerda cheira a velhice juvenil, asneira e convento...
um passo adiante e outro atrás Galiza
e na teia dos teus sonhos aninham sapos com o punho fechado:
sapo-conchos aferrados ao seu cativo e exíguo ferrado.
Viva GALIZA CEIVE! NÓS-SÓS-SÓS!!!

terça-feira, maio 05, 2009

A Garcia Lorca

Mestre, precursor, ouvido do povo,
homossexual, dramaturgo, republicano,
poeta entre os poetas, sorpreendeu-te
a morte
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

Sob a negra sombra dumha oliveira,
sob o negro ruído do transporte da morte
sob cavalos pretos e o “¡Arriba España!” da barbárie;
choram os gitanos
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

Um fogonaço ilumina o céu granadino
e a lua agocha-se na zafra do Cambório
por nom ver o vento sátiro e fascista,
o cavalo desalmado do Guernika
que com as suas fouzes che tira a vida,
nom a memória, nom a obra, nom a palavra;
a Dignidade
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

A Guarda Civil cúmplice das pistolas
com as capas pretas do ódio e do terror.
Mais umha vez novos e moles peitos
descansam sobre umha bandeja de prata
cabo da cabeça do lanudo Baptista.
Tu, verde e vermelho poeta em Nova Iorque
ficas vivo e a tua luz acompassa cada leitura
anovada do Madrigal de Santiago;
a Memória e a Pena andaluza
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá.

Que grande poeta ao morrer!
E na casa de Bernarda Alba volve o loito,
a dor e a carrage perante a impunidade
dos lobos que baixam ao lugar para segar vidas.
Vil assassino, Ruiz, lixa a sua alma
enquanto Soledad Montoya ceiva
no centro dum coro trágico ibérico
o derradeiro laio virge:
- às cinco da manhá, Federico, às cinco da manhá

quarta-feira, abril 15, 2009

Desconstruçom quaresmal em cinco tempos


28-2-09

Pinto com os beiços branco açúcar

de alouminhos que se derretem

em salgadas e felizes bágoas.

Cato com os arumes doce ar,

que agarimoso abraça a cadeira

dum furtivo suar partilhado.

Pranto com a língua impulsos nerviosos

que che tisnam a medula até o cérebro

e se convertem em desejo e prazer.

Sinto fendendo a minha pele as tuas unlhas

e nos quadris penetra-me a vontade

de estoupar para sempre contigo.

E no vivace final do acto derradeiro

da nossa amada e intensa ópera

espertamos húmidos o um polo outro.

quinta-feira, março 05, 2009

A terra destino universal

Esta noite os sonhos de moitos
están afundidos cunha áncora
atada as mans de milleiros de persoas.
Esta noite hai xente suicidándose
entre as devesas e os montes,
nos regatos e nas lameiras de primavera.
Esta noite a terra cheira a vermes,
Esta noite hai xeonllos inundados en regos.

A terra é un destino universal para nós,
fillos da suor e da carraxe.
A terra é un destino eterno e preferente,
tradición e modernidade a ela nos une,
non podemos pois renunciar nin por vontade
a sermos fillos decepcionantes desta terra.

A terra din algúns, nosa, pero certo é
que tamén é moitas veces, deles.
A terra é destino dos nosos osos.
Nosa é... ou somos dela?
A terra é un destino universal.
Sempre a terra nos ha de colocar
onde sempre debimos estar.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Aqui

10/2/09

«O grande subministrador de educação do nosso tempo, incluindo a “cívica” e a “moral”, é o hipermercado. Somos educados para clientes. E é essa a educação básica que estamos a transmitir aos nossos filhos», José Saramago.

«¡Izquierda! Tú no eres de izquierdas. ¡Derecha! Tampoco de derechas. ¡De centro! Tú eres de centro, de centro comercial; ¡anormal!», Lehendakaris Muertos.

Aqui, as crianças tapam os olhos para agochar-se,

os adultos viram a faciana para nom ver e

nas ruas velhas da vila joga a vida coa mentira.

Aqui, os faróis tecem pó preto ao passar dos sapatos

e a luz levita sob suportais de maciça pedra

mexendo-se sobre obscuras e abstractas cabeças.

Aqui o negro inunda contentores,

aqui o lixo amoreia-se no peito dos homes.

Aqui cheira a baleiro. Aqui fede a carniça.

Aqui os corvos chiam no campanário da igreja primitiva

um gastado requiem à ignomínia dos homes

e da casa da ignoráncia sai um tufo a livro morto.

Aqui, os cérebros correm coas ratazas polos submidoiros

e as augas fecais molham-me o meu rosto,

tingido de múltiplos excrementos, alheios e próprios.

Aqui, as ideias e os pensamentos fam cola no supermercado

e as vontades tirárom-se ao monte, escapadas,

do dever que pede o tempo podre do após-modernismo.

Aqui, o azul céu do mundo próspero agocha

o preto céu do inframundo e um fedor a podrémia

percorre os nossos rios de xurro.

Aqui, no primeiro mundo só hai umha raça,

a indolente e sonámbula raça humana.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O povo contra o império

Avante com os berros

que som de desesperaçom

e nom de odio.


Avante com as carreiras

que som de defensa dum povo

e nom de doma.


Adiante com o coraçom

que late vivo

e nom é zombi dum pasado podre.


É hora de resolver a história,

É hora de facer penitencia uns e outros,

É hora de saca-lo rosário,

de começar a emprega-lo em oracións

cautivas do egoísmo libertario.


Vai sendo hora de que começemos o calvario.

De começar a ponher verdadeiramente

as peças sobre o taboleiro e encarar, sen reparos,

o touro contra a vaca, o egoísmo contra o genio.

O povo contra o império.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Salmo 2009

6/1/09

«Quomodo cantabimus canticum Domini/ in terra aliena?», Salmo 136 da Vulgata.

No princípio era a palavra.

E a palavra fixo-se carne,

carne branca, carne preta;

e os povos habitárom a terra.

No princípio era a palavra.

E a palavra fixo-se pedra,

verba escrava de papéis numerados;

e os povos caírom sob os estados.

No princípio era a palavra.

E a palavra fixo-se guerra,

arma branca, morte preta;

e os estados sujárom o planeta.

«Sobo-los rios que vão

por Babilónia me achei,

onde sentado chorei

as lembranças de Sião

e quanto nela passei»[1].

No princípio era a inocência.

E a inocência fixo-se ódio.

E o ódio passou, coma em Egipto,

de geraçom para geraçom:

Israel! Israel!

Para onde vam teus filhos Iavhé?!



[1] Primeira estrofe da versom do Salmo de David para Jeremias (salmo 136) feita por Luís Vaz de Camões e conhecido polo primeiro verso. Para além de jogar coa seu próprio desterro na Índia (através da epopeia do povo judeu em Mesopotámia) emprega tantos versos coma dias do ano e tantas estrofes como meses, completando assí um simbolismo vital inserido numha composiçom grave e de tom moral e filosófico, único exemplo deste calibre nas suas redondilhas de tom, polo geral, amoroso ou jocoso.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Concepçom do tempo presente

Eu, caminhando só pola corrente da inmensidade,
Escuitando tufos ao futuro dos nossos netos.
Eu, sonhando com ser auga e sonhando com ser vento,
Desfacendo caminhos e velhas amizades só mente
por levar a contraria a corrente que me empurra
nun sentido unidirecional que nom entendo,
Que nom quero entender nim tampouco atender
ás urgencias dos seus estómagos cheos pero aínda así..
famentos.
Eu, agardando a ostia cada día que vos vejo,
miserables coidadores do máis baixo cortelho
no que se cebam as calamidades de velhas caixas
abertas sem reparos a imensidade dos acentos.
Eu, escuitando e vendo os naufraxios em cada badalada,
em cada hora de cada día desejando liberar-me.
Eu, encerrado em min mesmo,
no bucle sem saída deste nosso tempo.

Inspirado em cárcere sem cadeias