Pesquisar este blog

quarta-feira, outubro 31, 2012

SENSIBILIDADE EXCESSIVA



Careço a miúdo
de ideias racionais
pra argumentar umha causa.
Como único soporte:
o amor infindo
da sensibilidade excessiva
que nom deixa tanger
nem aperceber senom
é nessa fronteira sem muro
mais lá unicamente
do que nós lhe ponhamos.

E nestes momentos som
horiçonte aberto o das noites
présas dos días carcelários.

VÍSPERA DE SANTOS






Farei um rosário
de zonchos
e caminharei em processom
á luz das candeas
pra abrir essa brecha
entre vivas e mortos.

I é que ás vezes
boto em falta
a Sta. Companha,
defuntos vivos
no Samaím
dos meus quereres.

CONSTRUINDO UMHA JANELA




No meu muro
construirei
-em paradoja lexicográfica-
cachote a cachote
e racha a racha nos ocos
a janela da que disposta a abrir
aspirarei o ar que chegue.

Lumieira,
agulha,
tranqueiros
e soleira
bem asentados
na trabaçom do muro
-que me cerca as mais das vezes-
faram da necesidade virtude
pra relocir cal fror no poio ou
conversa leda no parladoiro.


N.B. Racha: 1. Lasca, pedra pequena e afiada. 2. Rajada, golpe de vento.

ARTE (EN CALQUERA DAS SÚAS MANIFESTAÇONS)


Nom conhecia eu
a habilidade dos fentos
pra encolheren-se
i estiraren-se
cal bailarim em busca
da descontracturaçom
acumulada ao longo do día
em busca da harmonía
doutro jeito negada.

Falta de consideraçom
por parte doutros
a éstes que arelam
outros horiçontes.

(MY) CONTEMPORARY DANCE


Ter que encher ocos
pra nom sentir o baleiro
leva-me agora das muralhas
ao Castrilhóm, em medias ao Cádavo
sem apenas tempo á reflexom.

Ignoráncia deste período
aberto
coma tudas as frontes
que agora tenho
em igual abertura,
cal feridas que nom
sei se quero pechar ou abandoar...

Seguir os caminhos...

Pelo de pronto
sae um fío da minha nuca
pra tirar cara arriba
mais, mais, mais,
um pouquinho mais,
isso é.
Isso é a importáncia de                                                                                  
                                    deixarmo-nos
                                                           expresar
                                          através
                        do corpo.

NADAS DE NOBRE ESTIRPE

A Pilar D., minha amiga, 
muller sentida e gaiteira.


 

Fomos masa feita
de boa materia prima,
nobile genere natus
no noso ablativo de orixe,
desas mulleres fortes
e espelidas até o infinito
que ergueron o fogar
no que nos criamos
e do que elas sempre foron
lume de lareira
ao redor do cal se quentaban
todos os demais.

Forza infinda e vital
a do lume,
acendendo das cinsas
unha e outra vez
como se non houbese
queimadura consumida
nen cansanzo acumulado de
muller.

Tamén pra nós
há de chegar o día de fogueira sermos,
de atravesar un paso canadiense
dende esta nosa beira
e facer esvarar  nela
a todos os becerros
que ousen cruzar a fronteira
do noso reservado e sentido sentimento.

Paceremos daquela ledas,
lúcidas,
dende esta nosa beira,
coma as vacas ben mantidas
nos pastos comunais
que levan cara Mondoñedo
no final da vista.

Alá toparemos por fin
a Merlín e familia
pra beillar unha muinheira
ou un agarrado
en lume de repichoqueada foliada.

E honraremos a masa da que fomos feitas.











segunda-feira, outubro 29, 2012

ÁRDUA MUINHADA


Nom posso numerar
cada recunho de país
que me trae recordos,
infindos, coma
os bassia mille catulianos.

Os mesmos que agora soio quero
que sejam em por eles
sem mais companha
que a arquitectura
que forjou o povo
tempo há.

Difícil tarefa a de despegar
umhos doutros,
quasi tanto como
afirmar que nom sinto
o frio do inverno que
me açouta na cara
de manhá saínte a menos um grao,
com o Monte Segade xeadinho,
perlas de svaroski.

Dos muínhos que hoje descobro
aos da costa da Égoa
ou os de Celas, perto da torre,
moendo enriba da pedra
coma se noite de muinhada fosse...

Difícil tarefa a de despegar
umhos doutros
ou o beijo dum beiço.
Árdua muinhada a de
fechar semelhante pejadoiro.


AMPLIAR

             Um dos muinhos da Costa da Égoa, lá por Carral.





domingo, outubro 28, 2012

RE-MUINHOS NOCTÁMBULOS


Ontem parecia
tocar o ceo dende
abaixo
descobrindo
o olho do muinho
e o inferno,
aí onde os abovedados
som porta cara fóra
pra que a água decorra.

Hoje o inferno
parece cantiga
antes de descobrir
do muinho súas partes:
"No inferno há umha festa,
que ha fam os condenados..."
 Pechemos os olhos
pra que volte a semana
caótica de espídica
facendo xirar ao xeito a moa
e remate este domingo
no Averno do recordo.




N.B. A zona do muiño onde vai o rodicio chamase inferno, realmente é por onde sae a auga a gran presión e choca coas penlas do rodicio, facendo xirar deste xeito a moa, que realmente é a que tritura.

VERSOS DOS VERSOS (SEM REVERSO)

"Brétema pingona e mesta
como a noite de pechada.
Néboas que non se dan ido
mentres que dura o Inverno.
¡Semellan fume saído
das entrañas do inferno!"
Manuel María



Eram máis esboços cá poemas,
sem muita reflexiom.
O único que contava
era a intençom: ti.

Contaba-che no
derradeiro
que como os caminhos
da vida adoitavam ser incertos
aí ía o meu sentir.
Ventos anunciadores do marçal.

Mais nom o debim
despegar moi bem,
o sentir,
porque me fica todinho
na pel,
chapapote ençoufando as praias
e as túas mans
voltando negra a paisagem
de nube estatuada enriba minha.

Há días e días...
e noites...bretemosas!



OUTUBRO CARRETANDO SEUS DÍAS




Outubro vai carretando
seus días de folhas caídas
afalando-lhes aos froitos
e acalando os pendelhos
baleiros. Que se enchem.

Froitos pra comer
ou pra criar comida.

Quanta abundância
nos froitos
e a terra levando tudo
quando a choiva arrastra..

Quanta miséria
no horiçonte
e a caste política levando tudo
quando a choiva arrastra...

Outono que malia os froitos
nos deixa-ches abandoados
tirando umha a umha as folhas
da esprança.
Fai que se vaia forjando
paseninho, algum
dos días que ham de vir,
a primavera.

quarta-feira, outubro 24, 2012

ANIVERSÁRIO NO CASTRO


Era dia pra celebrar
no meio da semana.

Os homes
forxavam com esmero
a mesa posta
chea de viandas.

O Castro, portas
e fiestras abertas.
O muro,
em construçom.

A água que viamos
caer deste lado
dos cristais
era bautiço da futura
renovaçom da pedra.

As vaijelas
tinham comensais
que sentar á mesa.

O padrinho
ponheria cara de
neno inocente ledo
dende o buratinho
que tivesse elixido.

No Castro bulia a vida
de cônjuges em aniversário.



24/10/2012 
Comida na casa do Castro



POEMA A UMHA ARA E A DÚAS NABIAS


Na ara doada
a dificuldade na leitura
fosse talvez intencionada
com a resolta determinaçom
de loubar umha deidade
que soio pertencesse
aos incansábeis curiosos
sonhadores,
descubridores do mundo
sentados no borde da lúa
pra reflexar-se ne-la
e esperexer súa iluminaçom
aos demais.

Lux aeterna após a morte,
vencelhamento
de Navia com a lúa é,
em contra da acuicidade
atribuida a priori.

As águas som das mouras,
e Navia da lúa
lá no castro de Penarrubia,
lá no alto, onde case que esta
tocar-se pode cumha mam,
tornando realidade o sonho
de chegar-lhe.

Sonho de círculo perfeito
também o da mátria liberada,
asomando com A semente,
com a neonata variante Nabia.


Vista do monte de Penarrubia dende unha pena en Adai


segunda-feira, outubro 22, 2012

EM MAM COMÚM


Xanares, reloce em ti
o verde da leira que tes
detrás do balado,
inauguraçom de savia nova.

Os carbalhos que em ti
ficarom
serám com súas ramas
ouvidos
pra música que há de soar
na honra a tudos
os que um día
recolherom a folha da túa carbalheira.

Somos pobo,
temos memória
e queremos futuro
no (ar)riscado da nossa mam.
Em mam comúm, comunidade.

domingo, outubro 21, 2012

NA TERRA ENCANTADA


Colchom brando com o cometido
de partir-me as costas pelos cadrís,
de partir-me a ialma.
Impedir, noutro jeito, o descanso
que precisam meus miolos
ferventes e delirantes.

Chegou o día, 21-O,
e passou a romaria
eiquí e acolá.
Também em Chantada
foi día 21, de feira.

Merquei lá as flores
que hei cortar,
mestura do delírio
com um discurso racional
do que me sorprendo.

Ato cabos que decorrerom
pela ruta do románico,
pelo folióm dos bois.
Aferro-me agora a eles
pra sobreviver os tres,
quatro? vindouros anos.

Habitarei nas águas
dunha moura pra destecer
a lenda,
ficando na terra encantada.

Galiza, ti, oh terra, sempre!

Em voo de pajaro migratório
marcharám uns,
outras quedam (quedaremos?)
com o cravo do encantamento
no bico.

E chegará um dia de sol
entre dúas penas
no que topemos o tesouro:
descoberta de que o pobo
o é.



Dende aquel "Chantada, 26 de agosto do 2000", hoje desfago poços e nado gorguelejando pelo río abaixo...Sempre dixen que sou lenta em tudo, mais aos poucos, vou chegando ás desembocaduras!
Ogalhá também o meu país, algúm día...

Galiza, 21 de outubro do 2012.


sábado, outubro 20, 2012

CONTRAGOLPE AOS GOLPES???


Medo, raiba,
carraxe, impotencia (por tramos).
Mau agoiro, desesprança.

Auspicios de corvos que seguiam a bater suas ás
pra emborcar aos demais com os fucinhos no cham.
Coma se lhe baixassem a roldana ao porco
até roçar a pedra ensanguentada.

Nom queria.
Apretava punhos e dentes pra que fosse um mal sonho.
Nom queria de novo.
Espertou de golpe (hoje).

Nom queria saber.
Apretava punhos e dentes pra ver cumprido o efeito Pigmaliom.
Desconhecía de novo.
Só queria durmir de contragolpe (manhá).


N.B.: O efeito Pygmalion é atribuido quando os seres tendem a comportar-se conforme nós esperamos que eles se comportem.
N.B. 2: Contragolpe é o golpe que se antecipa ou destina a anular outro.

terça-feira, outubro 16, 2012

O vento será noso!


Galiza miña
Do abandono
Do ermo
Do silencio
Dos sulagados soños
Que abanean colgados
Dos piñeiros e carballos
Da Parediña e do Batán.
Galiza miña
Na boca dun vello
Que resiste mirando o tren
E dí, regresa!
Galiza, a alternativa
Está no vento teu
Na arado e na roda
Da túa historia.


domingo, outubro 14, 2012

DE CASTANHAS E CASTANHAÇOS I I I

"A castanha no ouriço
quixo reír e estralou,
caíu do castanho embaixo
mira que tumbo levou".

"A folla do castinheiro
cando vai aire o bandea,
tamén o meu corazón-he
(...) se pasea".
Cantigas populares.



Tres anos, tres,
de castanhas e castanhaços!
E a pesares de tudo
seguimos a quitarmo-nos
as castanhas do lume.

Reçava assim a intro
daquel livro-história
e as instantáneas
enchíam folhas de amor e país,
souto imenso
o dos recordos encadernados
nas folhas daquel magusto
forjado ao redor da mágia do lume.

Quatro anos, quatro
de castanhas e castanhaços!

Cinco anos, cinco...

DE CASTANHAS E CASTANHAÇOS I I

“Dende os tempos máis remotos, Galicia foi castañeira. Nas
iadeiras dos outeiros nosos, e nos vales, medraba o castiñeiro ou castiro, coa
sua grande copa románica, coa flor no primeiro verán que chaman recandeo.
(...)
Cando pasou o vareo e caen as primeiras follas secas do castiñeiro, o seu
destino é un destino humán e galego: “caen na terra e podrecen axiña,
mixturándose a ela. Pro os froitos son sabrosos e teñen unha dozura que lles
é mui propia”. Álvaro Cunqueiro.
 



Vém asomando o outono
dos magustos
anegando-me a pel
coma cancro que se estende.
Loita cara o exterminio da raçom.

Medo de que as castanhas
traiam envoltas o sabor da nostalgia
no ouriço,
espinha e tacto na simultaneidade
dum corpo.

Aquel outono fora primavera.
As castanhas vinham em cucurucho,
asadas e já peladas,
dispostas pra saciarmo-nos
da fame dos beijos da doçura.

DE CASTANHAS E CASTANHAÇOS

"Chove nas veigas sin que se oia.
Unha tras outra
cain as follas dando voltas...
Ollando a serra calada
ún agarda
unha cousa queda e lonxana".
Uxío Novoneyra.




Corto linhas
pra desfazer a prosa
das minhas histórias
e inventar-me
que escribo versos.

Refugio verosímil
sem deixar de ser
entanto ilusório.

Só por evitar dizer
que há momentos que
boto de menos.

sábado, outubro 13, 2012

FIGEROM HISTORIA. FAREMOS HISTORIA

"Follas pasamos
destripando cuadernos de efemérides,
de feitos máis tristes que alegres
aos que houbo que lle espetar bandeiras
novas
e esperanzadas pombas de ternura".
Cumpreanos, Lois Diéguez.


Corriam os convulsos 60.
O moço Xan atravessava
da Crunha, a estrada,
na súa cidade amuralhada
paseando grenhas e barba,
em carreira se cadra outras vezes
diante dos que o levarom
ao caldeiro algunha vez
pra desgusto da súa mai,
avoa pra outras
-santas mulheres-.

Corria a mesma data
nas fotos dumha pantalha
em jornada de homenagem,
onde ondeavam ao vento
força e estrelas vermelhas,
casa das ilusions
a que fostes construindo pra nós,
sem mudar ren nós agora hoje,
em ilusória mátria.

Mais nom há melhor cousa
cá caer na conta,
reconhezer a realidade
do mutismo repetitivo
que vimos arrastrando
pra atopar alternativa
e voltar mudar ou anovar
-na fim de ciclo-
o refulgir, outrora, da estrela.

A proclamada casa das ilusions
será entom país-fogar, lume
de estrelas dessa faísca
que vós prendestes e que nós
temos agora, malia a desesperança,
a obriga de custodiar.

Lugo, outubro 2012.
A todos os que contribúen a non deixar morrer a nosa mitoloxía,
cunha chiscadela especial a ese bo e xeneroso que fixo inmortal o noso Pozo Mouro.

quinta-feira, outubro 11, 2012

PORTA DA ESPRANÇA



Sam Froilám, nom me deixes
orfa do teu canto
com o silenço,
das visitas que figerom
máis grande o Domingo das Moças
-sonhada mátria liberada
orgulhosa do seu traje-.

Nom me deixes,
a mim, sempre débil i enferma eu
pelas marés que asulagam
minhas forças umha
e mil vezes crebando-me
costas i olhos, por diante
e por tras.

Prefiro enfermar
com a falta de sono
no espídico delirar da tolémia
que com a soidade
da pedra fría lá
na última porta da esprança
que me fica -inda por agora-
aberta.


Lugo, Domingo das Moças de 2012.

SEM STRICTU SENSU

"Que a info nom cae no baleiro",
a premisa nom me consola.
Que importa que os caracteres
flotem no ar
se eu nom os vejo acendendo
luzes na noite
pra alumar nesta escuridá
que nom se consome?

De pouco me val saber
que alguém há, sem palpa-lo,
se nom reflejo meu olhar noutro,
se nom sinto um ti
que neste hoje e agora
é ausência na longa noite.

quarta-feira, outubro 10, 2012

TEMPO E TERRA

A quem perdeu sua liberdade
sonhando com a do seu povo


Nom posso dar aços
cando eu nom os tenho.
Nem espranças.
Sei que a longa noite
se cerne agora sobre ti
e que baixa-ches os braços
pra deijar de soster
a lousa da força que te mantinha
em activo.

Nom posso dar aços,
mais pensa no albor por ti esperado,
os túneis sempre tenhem saída.
Pensa no teu ti
anterior ao teu agora
e que as voltas en círculo
fechado de pátio sejam ar
que meça teus cabelos.

Inda que soio agora
vejas espirais sem saída,
deija-te voar aos círculos
perfeitos dos arrecastados celtas
que serám em fermoso trisquel
-coma o dos teus brincos prateados-:
paciência, tempo e remédio,
que cumprido fim terám.


domingo, outubro 07, 2012

AMOR PRÓPIO


Eu dixem:
"Sem acordeom nom som nada".
Um outro respostou:
"Di com acordeom som máis
cá sem el.
E sem el, também som".

Havía um cruce de caminhos.
Tambén mares e ríos:
Mondonhedo caminho da Marinha,
Vigo no fío musical
e no sorriso de videoclip portuario.
Oh, Porto sensíbel á beleza!
E de novo ondas do mar amigo,
corda de violín destensada que foi son de seu-.

Havía um cruce de caminhos com aquela outra,
a das riadas e desbordamentos.
A minhota de Orbazai.

Com a reflexiom do silenço posterior
comprendím
que havía outas esferas
-de Kafka ás luzes e sombras do posmodernismo-
ás que eu apenas chegava
rabunhando  com tuda a força.


Comprendím também
que existiriam outros
que nom poderiam baixar
ao val da minha tecla
-por singela que fosse-.
inda sendo as máis das vezes em DO
pra música galega.

ESCARCEU ESCARABUCHADO




Dizer a verdade, nom inplica,
ás vezes, ser sinceiro,
igual que a toalha lavada com
lixívia, nom queda, contra do que
se poida esperar, suave.
Só limpa, esso sim.

Há assim verdades ipso fácticas
que nom doerom de primeiras
com o escarceu que nelas poidesse haver
pra convertir-se despois
em tela que seca as bágoas
ao tempo que produz escarabuchas
pela aspereça
que xamais chegará a ser limada.
Toalha limpa passada por lixivia.



sábado, outubro 06, 2012

PRÓXIMA SAÍDA




Suponho que isso de que passaras
a saída
foi impulso dende a planta do pé
á planta circular do coraçom
que pra isso temos veas e arterias
em continua circulaçom
unindo vontades que nos chegam ao riego:
execuçom da acçom.

Nom poderia recriminar-che
rem
porque respeto profundamente
a túa verba
mais tampouco posso evitar
que os meus braços orfos
se sintam desnortados, animal sem dono
falto de carinho,
na busca do debuxo da túa aperta
sanadora.

Gotas estám a caer agora mesmo
empapando o cham festeiro outonal
sem diluir por isso a festa.
A mim só me queda pra resgardar-me
habitar na música ancará
e que seja o fole do acordeom
quem expresse seu ouveo triste
mentras abre e pecha no verso da túa mirada.

sexta-feira, outubro 05, 2012

SONATA EM 4 TEMPOS

I- TI

Os meus passos
caminham longe de ti,
que nunca senti-ches
esta minha pedra
nem eu esse teu faro.
Só sentiamos a calor
do abraço
no mundo que construimos
pra nós sosinhos,
que sem ser real
estava destinado a caer derrubado.

II- O OUTRO TI

Os meus passos
nunca com os teus forom,
ti abelha em busca de polem
pra fazer túa mel em versos,
eu fogar-colmea
disposta ao amor e
com falta de atençom.
Era a cera que levaba
pegada á pel em primavera.

III- EU

Os meus passos
nom som música
nem verso,
como ás vezes quixer,
talvez,
som só alimento que preciso
pra nom perecer no intento
de tentar sobreviver.

IV- ALTER EGO

Os meus passos
serám dança ligeira
em pés de chumbo
pra facer-me dona
dos músculos que me habitam,
esse tam rebelde incluido.

Declararei-me daquela sem pudor
POETARRA proetarra
a favor de ETA:
Evinha ta askatasuna.
Eu mais a liberdade.



AMOR DE CIDADE SEMENTE DE VENCER

  Lugo está vivo. I eu con el.                                                
A pedra da muralha está morna                                       
  e envolve no seu empedrado cinto                                    
trajes tecidos com juncos                                                
  em instantáneas inigualábeis                                             
por parir                                                                             
  pra cenários nos que a criaçom                                         
teatral ten nome de movimento ergueito,                      
 dança clásica primeiro que deconstruimos despois          
pra expressar o realmente importante:                         
 o sentimento.                                                                      

Que seja eterno este S. Froilám                                    
 no que nos queda de outonos                                            
e que as folhas caídas sejam semente                            
 das que virám.                                                                   
Daquela, entom, eu sim, direi:                                      
 Amor de cidade semente de vencer.                               
Lugo, si que te quero!                                                    

quarta-feira, outubro 03, 2012

IRMÁNS AFRICÁNS




A lúa hoxe, chea, que aluma dende o alto
como querendo quitarlle brillo
á pedra da muralla,
parece tamén, por outra banda,
quererme susurrar un tal segredo ao ouvido
con esa cara fachendosa que me pon,
de laranxa na fonte
e limón atrás dela.

Eu respóstolle á suposta petición
cun arqueo de cella e unha mirada tenra,
de sorriso roubado
ao neno tímido que balbucea os primeiros sons,
segura de que ela me entende.

Fica inaugurado con esta nosa conversa
un novo S. Froilán noutro outono máis
e con el todos os ollos brancos de lúa chea
encadrados en galleta de chocolate,
irmáns angolanos ou de onde queira que sexan
co seu eterno sorriso por bandeira,
diamante de alba lúa estea ésta ou non chea.