Barqueiro,
Ves a min esta noite
Tocas meu coração
Fas trabalhar minha cabeça
Coma quem visita
Musas do olimpo ou
Deuses inmortais na memória colectiva.
Meu barqueiro,
Ti sempre soio
Neste nosso mar
Que é da terra,
Que é o da nossa olhada
Desde o Faro a Corcubiom,
De Cima de Vila deica Viveiro.
Irmão barqueiro, irmão do mar.
Ti sempre remando neste nosso pranto
Sangue do nosso sangue.
Pam do nosso pam.
Meu irmão Barqueiro,
Na tua noite vou na minha
E miro, cruzeiros do sul,
Num velho desterro.
Levarom a consciência
Mas fica ainda, enterra, a raiz da cepa.
Rema barqueirinho, rema,
Que fica ainda neste noite moito mar.
Vai-lhe dando meu amigo, leva-nos,
Nós não veremos dia
Mas nós faremo-lo chegar.