Pesquisar este blog
domingo, maio 30, 2010
-
dende altavoces de altos ministerios
dende comunicados de fumata blanca
Teimaban, no seu veneno, os profetas da perenne verdade
E todo seguía igual que sempre, a pesares de todo :
O amor que duda
A rabia, confusa e muda
O desexo, sen muller concreta
A ansiedade, na corda frouxa da incertidume
Teimaban, no seu veneno, os profetas da perenne verdade
coas súas ideas correctas
os seus pensamentos atinados
os sentimentos funcionais
a súa vida “útil”
Teimaban, no seu veneno, os profetas da perenne verdade
E todo seguía igual que sempre, a pesares de todo :
O seu amor dubidaba
A súa rabia seguía confusa
O seu desexo, sen muller concreta
E a súa ansiedade, na corda frouxa da incertidume
atopou novos nomes para vellas doutrinas.
quarta-feira, maio 26, 2010
NOM SEI QUÊ TÍTULO PÔR...
Camisola do Che Guevara
E’um cinseiro da velha Rússia,
Tedes discos na casa’a montes
Desses músicos alternatas
Que defendem os seus direitos
Com denúncias aos seus ouvintes,
(Que felizes e pós-modernos
Vos sentides hogano’e sempre!)
Vedes “moros”, “sudacas”, “putas”,
Onde nós entendemos “malta”
E sacades cartazes vários
Para mostra de vangardismo
Nesses actos tam bem montados
(Greves, berros, consignas, faixas...)
Camuflados de “gente progre”
Com disfarces de “roupas pobres”
(Quartos bem que custárom, hóstia!).
Umha máxima respeitades
-“Comunista’a los dieciocho”-
Polo tema do coraçom,
Mas se passam os anos moços,
Tem de vir o sentido’adulto.
Ha’estar todo no’armário, junto,
Numha caixa d’ideias raras
Doutro tempo distinto a’este,
Camisolas de muitas cores
E cinseiros ardentes (tantos!)
Colecçom dessas minhas cousas,
Mas do Eu d’hoj’em dia nom:
S’algum dia molesta cá,
Está todo na lista negra
Daquel eu que daquela fum
E do qu’hoje renego’e nego
Para’ardê-lo na Desmemória.
segunda-feira, maio 24, 2010
Tío William
necesito un mercado
Tío William, teño un mercado
necesito unha TV
Tío William, xa teño unha TV!
necesito un inimigo
¡Ey!, Tío William, xa temos un inimigo
¡necesitamosunha guerra!
Moitas gracias, Tío William.
domingo, maio 23, 2010
O tempo e a rabia
Trouxo imaxes e verbas
dun descoñecido
Balbuceos idiotas dun que creía saber todo
sobre o cando, o como e o porqué
Hoxe, si, chamoume o tempo
Díxome : che, compadre, deixate en paz
Empurra as verbas e os ollos cara afora
sinte o sol, o ar, a terra
o lene rumor da xente nas calellas
o corpo da muller desexada e innacesible
Sinte o rumor do río
a pezoña da vaca
pousando no chan
as lonxanas badaladas da igrexa
os queixumes patéticos dos cans vagabundos
Hoxe, si, chamoume o tempo
E os contos de paz e guerra
e a perenne eternidade
da estupidez humana
e o odio macabro
dos perseguidores de linguas
e o eterno retorno
das culturas-trincheira
Hoxe, chamoume o tempo
... e sentín medo ...
porque neste corpo mortal
todavía latexa
A rabia
sábado, maio 22, 2010
Ser.
poética da ausencia de pobo humilde
Eu son a voz das voces
dor sublimada de memoria sen nome
Eu son ti, e ti eres nós
e nós estamos en trance de ser
... de ser amor ..
... de ser terra ...
... de ser movimento ...
... de ser indo ...
... de ser voltando ...
... de ser respeto ...
... de ser paz ..
... de ser universo ...
... de ser infinito ...
E sendo infinito, berrar :
Xustiza
Eu son a poesía das poesías
a rabia sen nome
rabuñando acougo nas pedras
Eu son a voz das voces
!!Ey, Ey, Ey, booos días!!
Nós somos nós, e sendo nós, sumamos
e sumando somos amor
... Somos terra ...
... Somos movimento ...
... Somos indo ...
... Somos voltando ...
... Somos respeto ...
... Somos paz ....
... Somos universo ...
... Somos infinito ...
E sendo infinito, rogamos :
Deixade emigar e morrer tranquilo
a este pobo
domingo, maio 16, 2010
Fábula Antropomorfa da Dupla Escatologia
Um home sentado no banho pensava
Nas cousas mais sérias que tinha no siso.
Dirig’ um negócio, construi edifícios,
A Legalidade consegu’evitá-la
E fai o que quere no Império dos Quartos;
Os quartos nom tenhem nem muita’importáncia,
Mas dam um enorme poder de domínio:
“Aquel ilegal que trabalha pra mim,
A minha parelha cativa na casa,
Os filhos que estam a viver no fogar...
Dependem de mim e faram-no por sempre.”
No seu pensamento sorri levemente
Entanto recorda contente consigo
O modo de tê-los assi, submetidos:
“Se quero qu’estejam ou tristes ou ledos
Será quando deixe que fluam os euros,
Pois eu administro’s recursos que temos”.
Entom o cerebro detém-se cansado,
Exausto de tanto pensar sem parage
Premend’o botom da funçom Standby
Co qu’empeça’a buscar outros temas mais simples
Que tratem de cousas nom tam trascendentes
Até que decide seguir co comum,
Cumha volta àquel divagar qu’habitua
Tam pouco’agradável à gente sensível,
A’Escatologia dos seus excrementos:
“O water recolhe matéria já’inútil
E leva-a pra longe –par’ónde? –pr’ò’Inferno.
As Portas estám nest’assento cerámico,
Logo pra lá nom exíliam malvados
(Som contos de velha qu’enganam a tantos)
Somentes aquilo que já nom tem uso.”
Sem folgos decidem os mesmos miolos
Parar dumha vez o’exercício constante
Co fim d’evitarem as dores que causa
E ficam vazios olhando pr’ò vácuo.
Na casa o home, sentado, descansa,
Aguarda'a que cheguem os seus achegados,
Atento, mirando pr’à porta do banho
Que deixa se pode de vez franqueada
Pr’òuvir s’é possível a gente na’entrada.
Parece-nos todo comum e corrente
Porém hoje sent’algo raro nas tripas:
Um ruido mui miúdo que vai aumentando,
Rilhando-lh’os untos que tem na barriga,
Tornando-o mais débil e fraco das forças;
Até a’estatura lhe vai consumindo,
Cos pés já nom chega ao piso cerámico
Grande mudança padece nas carnes!
As pernas minguando penduram n’altura,
Os braços pequenos s’agitam sem tino;
Sentem-se portas no piso d’abaixo
El grita”Maria” pedindo-lh’auxílio,
A voz mui aguda é quas’inaudível,
Parece-s’aos chios dum rato medroso.
Ninguém s’aproxima pra ver qu’acontece,
Ninguém hai presente no fim deste drama
Enquanto se sume no seu sumidouro.
O home já quase nem vive, nem pensa,
Nem muito lhe resta à sua’existência.
Acaba-s’o conto coa luz apagada,
A porta do quarto ficou franqueada
E nom saberemos co tempo que passe
Quem desta família tirou da cadeia.
Galerna
Chegam nuves de galerna
Sementadas d’electrons
Alumeando naçons
Que sabem qu’estam em guerra.
Pr’òutros ficam mui longínquos
Raios, lôstregos e fogo,
Montes de gent’em acocho
Fugindo do ferro ambíguo.
Cai o sol na noit’escura,
Rompe nos telhados pátrios
Queima-s’a vida nos átrios
Nas almas qu’o fogo fura.
Chega a Prensa d’Ocidente
Pra dizer-vos quê pensar
Já podereis descansar
Os parvos, conformes sempre.
Quando morr’a carne viva
Chegan à cidad’os cans,
Lambem o sangue dos chans
Foçando na pel ferida.
Nom perguntes polas causas,
Se suspeitas qu’é negócio
Tira proveito, meu sócio,
Par’òutros se fai a farsa.
Marcham pr’òutra part’ os ventos
Regalando-nos a vida...
Ham-de voltar outro dia
E nós olvidados lá.
entre verde e mesta espesura
O corpo respira pureza
lonxe de histriónicas xunglas
de cidades miseria
orgasmos de fume
e frenesí urbano
Paraíso perdido e perenne :
voltar e recuperar o desexo
voltar e recuperar a orixe
E logo coller a maleta, coma un idiota
coa rabia nostálxica do exilio imposto
quarta-feira, maio 12, 2010
asomando
“Mais sem tender pontes em demasia longas
Umha ponte a chegar xusto dumha beira autra na que
Se recoñeza a cara dum home.”
Uxio Novoneyra
Umha face se asoma no terceiro folio
Para descobrirmos que os números colherom vida.
ASOMOU, ASOMOU, ASOMOU-SE
A CARA DUM HOME.
E os olhos som estrelas e a fronte leva umha enruga
Como a gassosa recém aberta dumha noite negra.
Apareceu-se, sem pedi-lo, sem sabe-lo, e mira-nos
Coma encerrado numha primavera do Greco,
E mira-nos sem quitar-nos os olhos por enriba de nós,
Implorando clemência, agardando o amor.
Umha cara se asomou...
Que nos recorda ainda quem somos...
E nós di ainda
Que puído ser nosso pai, nosso irmão, nosso filho.
Que poideramos ser NÓS. Longe desta silha.
Vejo umha cara e sinto raiva.
Vejo umha cara cheia de noite á outra beira
E nom sei se ainda som home ou som um monstro:
Se som home por esta triste raiva
Se som monstro por este silenço da noite.
Já nom asoma... A cara dum home.
quinta-feira, maio 06, 2010
Um sonhador compulsivo
O home é estatística.
Macroeconomia misógina.
O individualismo face o narcismo.
Quarenta cuitelos pretos
bailam no campo da festa.
Vacas de jardim às apalpadelas
jogam com o verniz que lhe presta
a cinqüenta bois mansos
arando nos amalhós de cinsentas
alpacas feitas de terra.
Terra telúrica sem horizonte!
Home sem home homentado!
E da zafra das estrelas
saim setenta e sete espadas
que matam à razom
no sonho eterno da nevoa...
Tempus Fugit
para afogares o sonho
das vergonhas próprias,
das mesmas misérias.
Das tragédias novas,
das tragédias velhas,
da vida mesma
da verdade eterna.