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quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Bombón de coco que comes a dor:
Os ollos da Gorgona nun conto sonoro,
prólogo que rompe o sono,
solpor monótono onde todo provoca noxo.

Novo morto con bordón de pólvora,
grolo homologado cun oprobio
que non podo romper.

Olor a morto dun pobo que chora complots,
lóbrego mollo que borroso concorre a tocar o sol.
No foso un lobo:
AAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Sede

En tódolos recunchos
sede de amor
proxectándose nun alguén descoñecido

En tódolos recunchos
sede de ti
proxectándose en ti

En tódolos recunchos
sementa o desexo
destinos comuns
entre as mesmas raigañas
da nada.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Dende o inferno

Dende o inferno
sen esperanza
sen futuro
agarro con forza a palabra
e re-existo coma un trono de luz
na máis absurda escuridade

Dende o inferno
maldigo
insulto
revólvome en improperios
asesinando deuses xa pasados

Dende o inferno
fago re-existir a vida
baleira de sustancia

Dende o inferno
moldeo a rabia
coma un alfareiro de baixos fondos

Dende o inferno, si, dende o inferno
chegarei a Deus
re-encantando a vida que me foi roubada

JAMBOS À PRIVATIZAÇOM DO MUNDO

Pairava'um deus no nevoeiro
Por cima dum planeta'informe
Coas cousas todas misturadas
Fazia todo'a mesma massa.
Vontade tivo de falar
Com voz altissonante'e clara
Enquanto dava'à rocha forma
Pra'além da dumha'esfera simples.
Chamou por Ódio'e por Amor
E deu-lhes nascimento'a ambos
(Assim engendra'o deus as cousas,
O Nome cria'a Existência),
E deu-lhes ordens claras a'estes:
“Fazei que se repelam esses
E'aqueles elementos s'amem,
Agide como mais gostedes
E dade vida'à Criaçom”.
Assim s'unírom certos átomos
Enquanto'os outros s'afastárom
Criando-s'água, rocha'e gases
Que dérom consistência'ao ar.
Depois co tempo veu a vida,
Agroma'aos poucos, lentamente,
Amor mais Ódio lá'intervenhem
Fazendo que se desenvolva
Nascendo'assim Evoluçom,
Que dá diversidade'àquela.
A água fria cai à terra,
Inunda'os vales mais profundos
E val-lh'à vida de morada
Um tempo'até qu'está tam cheia
Que sobem peixes parà terra
(Por ordem d'Ódio que lho manda),
Paragem que governam fentos
E bechos miúdos d'oito patas.
Passado'o tempo todo muda
E venhem novas dinastias:
Prosperam uns lagartos grandes
Até qu'un asteróid'enorme
Chamado por Amor à Terra
Dá morte (quando bate nela)
A muitos bechos no planeta,
Depois a'herdança passa'a seres
De muito pelo'e sem escamas
Dos quais alguns se fam mais listos
(Co'engenho'e mais coas ferramentas
Conseguem o que nega'o corpo)
Até crescer em grande número
E dar entrada'em pouco tempo
Ao reino'hodierno dos humanos.
Daquela'o deus ficou pasmado
Ao ver aquilo qu'iniciara,
Deitou-se na'erva que gromara
Sob pés divinos lá fincados.
Nom deu passado nem por sono
Ao vir lá'um homem a berrar:
“Levanta-te daí, mangante,
Aqui'este sítio já tem dono,
S’agora nom te vas embora
Terá de vir por ti'a polícia!”
E foi-s'embora, espantado.
A’um rio próximo chegou-s'a
Beber um grolo d'água fresca...
Também nom puido, pois chegou
Daquela um guarda pra'informar
Da propriedade qu'os seus chefes
Ganharam sobr'aquelas águas.
Zangado'o deus subiu a'um monte
Co fim de respirar ar puro,
Nem isso puido'o desgraçado:
Um gajo co'ar engarrafado
Contou-lh'entom qu'o ar de lá,
Tam limpo'e sem contaminar,
Pagavam-no'a bom preço'abaixo
Nas grandes urbes poluídas;
Propuxo-lhe fazer negócio,
“Ti pós dinheiro e'eu a'ideia”.
Botou a'andar o deus contendo
A raiva'acumulada'ali
E foi buscar a'Amor e'a Ódio
Pra ver quem foi o responsável
Do'invento'aquel' da propriedade
E'rebentar-lh'os dentes todos.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Cileirom "dos tesos cumes"

Hoje vou probar algo novo máis que escrever aqui versos, vou a probar com umha improvisaçom de poesía no que eu chamo "Cileirom dos tesos cumes" lembrando ao "Caurel dos tesos cumes" de Novoneyra. O video foi feito em Cileirom, na ribeira do Cabe em Pantom e mirando para Sober que é o lado que se ve junto com o túnel e a ponte de ferro do trem. Um trem que dentro de pouco polo que se ouve deijará de levar passajeiros em favor do AVE que virá por Ourense, está velha vía que foi empregada por todos os nossos devanceiros para ir as vilas e cidades galegas quedará só para mercancias, ou esso dim. Assi pois deixo-vos com atrevemento esta improvisaçom de cileirom agardando que máis gente se anime a fazer cousas así e, que caralho, se gosta algumha máis podo ponher.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Poesia feminista em Cima de Vila

As mulheres tenhem dereito a serem putas
a foder manhá com João e pasado,
com o da casa d'alá baijo.

Sõu seres não sõu objectos
e podem foder, chupar ou galopar (Podem ser quatrualbas).
podem e devem ser mulheres
devem ejercer coma tal.

As mulheres tenhem dereito
a que as bragas lhe sejam arrincadas
com os dentes ou as linguas.

Podem ponher-se a quatro patas
ou a dúas e meia.

As mulheres som sempre, mulheres.
Os homes som sempre homes.
Os homes som mulheres, as mulheres homes
Nada os diferência excepto o sexo.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Glayan los mozos, retozan los banqueros

Empezar a texer nel mio corazón
les cuerdes ruidosas de los mios silencios
de viello combatente ensin más banderes que les sos idees.
Espertar y esnalar col deséu tuerbu
del pozu fondu de los mios güeyos.
Ser y reconoceme nel fala de los güelos.
Maguar nuestres acortoanes espranzas,
¡mozos y mozes!,
cómen-yles los gochos
como cascada en rigu seco, collacios:
ensin esperanza, ensin novedá...
n'Asturies, na Galiza el cantar de redençon
tamién llegará.

sábado, fevereiro 05, 2011

JAMBOS AOS CRÁNIOS DISSIDENTES E ÀS BALAS DE CAUCHU

Subiu Moisés ao Monte Santo
Pra ter co seu Senhor e deus,
O qual causou um grand’espanto
Ao’antigo povo dos judeus.
Profeta velho nunca morre,
Pois deu chegado’em corpo e’alma
Aos céus da cima da montanha
Cansado mas guardando’a pose.
“Eu som quem som” lhe dixo’o Alto
“Ninguém duvida” diz Moisés,
Seguiu “Aprovaremos hoje
A Nova Lei dos homes livres”
“Qual é’essa Lei que nos prometes?”
“Aquela que liberta’escravos;
Nom vades ter de ser submissos
A rei nengum que vos dirija,
Pois tendes plena Liberdade”
As lágrimas brotárom logo
Dos olhos secos deste home,
Enxuto polos paus levados
Da mam d’antigos opressores:
“Que boa nova nos anúncias,
Senhor do céu, do mar, da terra,
Ao povo’errante do deserto!”
Javé deu passo’a cousas miúdas
Fazendo caso’omisso’ao público:
“Sabei que tendes já direito
A ser judeus, pagans, ateus...
Sem dar origem a castigos,
Podeis comer serpent’ou porco
E nom iredes contra’a Lei.
Permisso tendes pra comprar
Qualquer produto que queirades:
Nom é vetada desd’agora
A liberdade de consumo.
Podeis até’opinar de todo:
Fazede sempre compra crítica”
Rompeu Moisés o seu silêncio
Julgando ser seu deus amigo
-Pensou que fora conquerida
A liberdade da’opressom
Por graça e’obra de Javé-:
“Que grande és, senhor de todo,
Agora já será possível
Falar sem medo’a represálias,
Seremos soberanos todos
Do mando sobr’a cousa pública,
Teremos direcçom daquela
Na nossa própria’Economia,
É pronta já irmans e’irmás
A castra’e doma do Mercado!”
Turbou-s’o rosto do Senhor
E foi pra fora do cenário
Pra dar-lhes parte d’inmediato
Às forças de seguridade
Dos actos radicais dum velho
Qu’atenta contra’a propriedade.
Chegou a bófia logo’ao sítio
E fijo roda’en volta dele
Entom apontam para’o pobre
Abrindo fogo sobr’o alvo...
Ficárom-lh’as ideias claras!

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

A estaca-vara


I.
Era noite, o caminho estava espúreo
Quiçais a noite era limpa e clara,
Geladas ardentes sem pausa a secavam.

II.
Berros fondos chegavam ao silenço
Mas os ouvidos não ouviam nada
Berros fondos a golpes o afogavam.

III.
Era um ser sem ser. Esencia emser.
E ao fim chegou, escuro, com estar estava
Na limpa e clara, dês-cafeinada,
No brilho matinal da madrugada
Na hora dos toupos e a auga.
Estava ali, de pé, já nom sonhava
Com poesia, palavras, ânsia.
Era dono do seu destino,
O patrón da súa barca...
Tinha na súa mão umha estaca
Tinha no peto umha bala 
Tinha inferno, tinha odio.
Mirava mirava mirava...
Já nom tinha, nada.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

V


"¡Juego mi vida!
!Bien poco valía!
¡La llevo perdida
Sin remedio!
Juego mi vida, cambio mi vida
de todos modos...
la llevo perdida."
León de Greiff(1)


Jogo a minha vida
Coma se joga-la não doe-se
E regalo-lhe ao mundo
Umha moeda mais
De latom
no flujo circular da renda.


Vou-na levando, regalandoa,
A preço de saldo
E invento cantigas
De adolescente
Para namorar a umha dama.

Excuso-me, rejeito-me, dês-fago-me
Re-invento-me
No tapete escuro da noite
Que a Cima de Vila ergueita
Reclama.

Jogo a minha vida
Como se joga-la não doe-se
Regalo-lhe ao mundo
Um novo cravo.

Tiro-a póla ribeira lonjana e perta
Que eu não entendo
Que os meus alisados cadrís de coro
Não atendem.

Ponho-a a disposiçom da loba
da sua espada sempre sedenta
e dou-ne sem pedir nada
nem tam sequer um bico de boas noites.

Vou-na dando extranha
vou-na trazendo d'umha leira
"autra"
ela já não é minha,
a minha vida já não é minha.

Jogo a minha vida
Coma se joga-la não doe-se
E regalo-lhe ao mundo
Umha moeda mais
De latom 
no flujo circular da renda.






(1) Recoménda-se encarecidamente a aqueles que nom conhezem a composiçom de León de Greiff a leiam.